O outro lado dos presidentes de câmara
Percursos de vida, sonhos, passatempos
A maioria dos presidentes de câmara do distrito de Santarém aceitou falar de si aos leitores de O MIRANTE. As entrevistas foram sendo publicadas nas páginas do jornal e estão incluídas no guia autárquico que é distribuído como parte integrante desta edição especial. É o outro lado dos políticos locais contado por eles próprios. Os seus percursos de vida, os seus passatempos, os seus sonhos. Uma forma de aproximar ainda mais os eleitos dos eleitores.
O presidente da Câmara de Abrantes, Nelson Carvalho, frequentou um seminário mas não chegou a padre porque concluiu que lhe faltava vocação. A mesma falta da vocação que levou David Catarino, presidente da Câmara de Ourém, a ser expulso de um outro seminário. Entre o jovem seminarista e Deus insinuou-se a rapariga que viria a ser sua esposa. Foi mais forte o chamamento terreno que o divino.A grande maioria dos eleitores conhece sumariamente os cidadãos que elege. As breves notas biográficas que constam nos panfletos das candidaturas dizem respeito a feitos políticos ou partidários. Raramente fazem menção a percursos profissionais e nunca falam dos percursos de vida dos que aceitam integrar as listas de candidatos. E no entanto ninguém conhece ninguém se não conhecer um pouco da sua vida.Ao decidir editar um guia autárquico cujo principal objectivo era dar visibilidade aos políticos locais, O MIRANTE decidiu também dar a conhecer o lado pessoal dos cidadãos que governam os nossos municípios. A ideia foi bem aceite. A maioria dos contactados aceitou o desafio considerando que a conversa com os jornalistas de O MIRANTE iria ser útil para reforçar a proximidade com os munícipes que todos defendem.Sérgio Carrinho, Presidente da câmara da Chamusca, não tem carta de condução. Porque até aos 20 anos nunca teve dinheiro para comprar um carro; porque quando se casou a mulher tinha carta e carro e isso foi música para o seu lado mais preguiçoso, e porque, como diz a rir, se considera “um nabo”.No vizinho concelho de Constância, quem está à frente do executivo municipal é o electricista António Mendes. Apesar de ter carta de condução, um dos seus passatempos favoritos é andar a pé. Nas férias, geralmente passadas à beira-mar, os passeios transformam-se em autênticas maratonas. Não há ninguém da família que aguente aquela pedalada.Outro autarca que gosta do mar é António José Ganhão, presidente da câmara Municipal de Benavente. Costuma passar as férias no Algarve e está quase sempre a bordo do pequeno barco que possui. Adora pescar e enquanto pesca medita na vida. Costuma mesmo dizer que depois de ver o mar consegue ver melhor.Quem também aceitou falar um pouco de si foi o Secretário de Estado da Administração Local. Miguel Relvas, que prega aos quatro ventos as virtudes do diálogo e que o pratica intensivamente no exercício das suas funções, confessa-se um sectário e fundamentalista quando se trata de questões clubísticas. É do Sporting e só o Sporting lhe interessa. A tal ponto que, nos jornais desportivos, só lê as notícias referentes ao seu clube.Cliente do lado positivo da vida aproveita ao máximo as potencialidades das novas tecnologias. Telemóveis e correio electrónico fazem as suas delícias. Jovial, diz não compreender as pessoas que gostam de complicar o que é simples e considera que isso só contribui para haver demasiada gente deprimida. Na manhã de segunda-feira, no salão nobre dos Paços do Concelho do Entroncamento, aquele membro do Governo, que também é presidente da Assembleia Municipal de Tomar, elogiou o facto de O MIRANTE ter divulgado o outro lado dos autarcas e divertiu-se a citar particularidades de alguns deles. Dos que estavam presentes na cerimónia. Um dos visados pela boa disposição do governante foi o jovem presidente da câmara do Cartaxo. Paulo Caldas confessou na entrevista que concedeu a O MIRANTE que a noite é a sua melhor conselheira e explicou as suas curiosas rotinas. Deita-se por volta da uma da manhã, acorda às três e meia e faz uma pausa no sono até às cinco para reflectir. Depois volta a dormir até às sete e meia. Miguel Relvas deve ter ficado a pensar na quantidade de dossiês que poderia despachar se conseguisse dormir tão pouco.Joaquim Rosa do Céu, presidente da câmara de Alpiarça, viveu, enquanto militar, a cumprir um missão de serviço em Moçambique, uma situação muito pouco confortável. Entre 1973 e 1975 esteve integrado numa secção que tinha como missão recolher os caixões com os militares que morriam, para os enviar para Lisboa. Mais confortável que a de Rosa do Céu foi a tropa de Jaime Ramos, presidente da Câmara do Entroncamento. Sargento enfermeiro em Malange, longe dos combates e do perigo, chegou a encarar a hipótese de ficar por Angola. Acabou por regressar e toda a sua vida profissional foi bancário. E jogador de futebol.Uma das paixões do autarca é viajar. Conhece meio mundo e tem o sonho de conhecer outro meio. Curiosamente foi uma viagem que o afastou da cerimónia de lançamento do guia autárquico editado por O MIRANTE. Estava nos Açores e foi substituído no papel de anfitrião, pelo vice-presidente, Luís Filipe Boavida.
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