Encontrei este poste plantado na Rua Duarte Pacheco Pereira, atrás da Rodoviária em Santarém. Senti curiosidade de ver se estava a ganhar rebentos novos e verifiquei no local que nem sequer está a ser regado, pelo que está completamente seco e visivelmente abandonado. Aí fiquei completamente baralhado, sem saber qual a finalidade do poste ali plantado no passeio. Como a curiosidade foi mais forte do que eu, perguntei na zona a um morador se me sabia explicar a razão de tão estranho arranjo urbanístico. Primeiro disseram-me que o poste estava ali para os canídeos fazerem o seu chichi da praxe, mas como mesmo ao lado está um outro poste, esse de iluminação, mais alto, forte, grosso e vigoroso, portanto bem mais convidativo para os béu-béus, a resposta não me convenceu. Foi quando uma moradora da zona, que ao ver-me a fotografar o referido poste, se dirigiu a mim com ar de quem sabia da coisa. E sabia mesmo! Foi quando me estava a começar a contar a história que um autocarro iniciou a subida lançando daquele escape que mais parece uma manilha, uma nuvem de fumo tão negro que até parecia ter vindo do mais profundo dos infernos e com um barulho do motor que fez disparar o alarme de uma pacata viatura ali estacionada na subida. “Está a vêr? Está a vêr? Ainda bem que o senhor viu!” - exclamou a pobre senhora, quando recuperou do banho de fumo e quando o barulho do autocarro, já no alto da subida, me permitiu ouvi-la. Foi então que a senhora me contou que após inúmeras viagens e cartas enviadas ao departamento de trânsito da C.M.S. com o intuito de se proibir a passagem dos mal cheirosos e barulhentos autocarros naquela artéria, pelo menos durante a noite, foi ali mesmo naquele poste colocado um sinal de trânsito que proibia a sua passagem entre a meia-noite e as seis da manhã. De facto pareceu-me bem, aqueles pobres moradores, na sua maioria a gozar a merecida reforma, terem pelo menos seis horas de descanso por dia. Se o senhor vereador entende que seis horas são suficientes para descansar, é porque são e ponto final. Quem sabe, sabe e isso não se discute. Só que o sinal, ao fim de dois dias de exuberante exibição, ou foi retirado pela Câmara ou foi roubado e já há mais de um mês que as seis horas de descanso nocturno se acabaram por aquelas bandas. Garanto que fiquei solidário com aqueles moradores e agora sou eu que peço à Câmara que pela saúde daqueles votantes volte a colocar ali o tal sinal ou aos donos dos cãezinhos que os obriguem a mijar naquele poste, porque assim sempre teria alguma utilidade. José Rocha - Santarém