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No dia da inauguração, em Novembro de 2001, criaram-se muitas expectativas, mas o TVT continua vazio

Terminal multimodal do Vale do Tejo às moscas

Um elefante branco que já engoliu milhões de euros
Tem site na internet e foi anunciado como uma das estruturas mais importantes para o desenvolvimento da região, com implicações ao nível nacional. Era a porta de entrada para a Europa. Treze anos após o início do processo, o Terminal Multimoldal do Vale do Tejo, construído junto à linha férrea em Riachos, concelho de Torres Novas, resume-se a um edifício branco e uma grande área de 22 hectares. O empreendimento, estimado em 15 milhões de euros, tem capacidade para albergar 7.500 contentores e fazer o transporte diário por comboio de 2.500 toneladas de mercadoria, mas apenas uns solitários contentores ocupam o imenso espaço.O TVT entrou em funcionamento em Outubro de 2001 e foi oficialmente inaugurado em 24 de Novembro do mesmo ano, pelo então secretário de Estado da Administração Marítima e Portuária, José Junqueiro. Na altura, assinaram-se vários protocolos de colaboração com entidades estrangeiras ligadas aos transportes, facto realçado por José Salter Cid, que presidia ao conselho de administração do TVT, como de “primordial importância, porque davam uma força internacional muito grande”. O posto aduaneiro foi inaugurado pouco depois, a 3 de Dezembro, mas até à data pouco ou nada se viu. O TVT, que muitos continuam a perguntar o que é e para que serve, foi anunciado como uma das mais importantes estruturas para o desenvolvimento da região. Tratava-se do primeiro terminal multimodal a ser instalado em Portugal e a funcionar em simultâneo como porto seco. No site da internet diz-se também que está “apetrechado com os mais modernos equipamentos de movimentação e com um sofisticado sistema informático que garantirá elevados índices de rapidez e qualidade de serviços. Esta plataforma logística possibilita o transbordo entre o transporte aéreo, marítimo, rodoviário e ferroviário, albergando ainda uma aldeia de frete com alfândega, notário, bancos, serviços, etc.”Em todo o projecto inicial, abraçado por empresários locais e pela Câmara Municipal de Torres Novas, alguma coisa falhou. Arnaldo Santos, presidente da autarquia aquando do início do processo, considera que foi “o poder político”: “Acreditei no projecto imediatamente, tal como os empresários, o próprio coordenador da CCR que na altura era Salter Cid e as duas maiores forças políticas. Era um projecto com todas as capacidades para a andar e que ainda não ouvi dizer a ninguém que foi um erro estratégico. Quanto a mim o que falhou foi o poder político”.No entanto, o processo não correu bem desde o início. A construção demorou muito mais do que o previsto e a Construtora do Lena, responsável pela obra, acabou por aceitar a participação de 25% no TVT, como forma de pagamento das verbas que lhe eram devidas. Carlos Correia, proprietário da Rianova uma das firmas que fez parte da sociedade inicial, foi o grande impulsionador da obra. Presidiu ao conselho de administração até ser substituído por Salter Cid, mas continuou na administração. Em Fevereiro de 2002, poucos meses após a inauguração da estrutura, Carlos Correia afirmava que a CP estava a “atrofiar” o TVT e manifestou a sua preocupação a Jorge Sampaio, Presidente da República: “A nossa dificuldade é a saída de mercadorias. A CP está a obrigar-nos a fazer um investimento forte, querem que compremos um comboio bloco, com 500 toneladas”. E a O Mirante acrescentou: “Os comboios param todos no Entroncamento, as cargas são aí separadas por vagões para Leixões, Lisboa ou Setúbal. Pedimos a mesma facilidade já que podiam também separar os vagões que vêm de Espanha e encaminhá-los para o TVT. O problema disto é que a CP não pode fazer logística e tracção. O mal deste país é ter uma empresa que aluga vagões e ao mesmo tempo quer fazer o transporte das cargas. Quer ocupar as duas posições e está a sabotar-nos”.Ligado ao TVT devia nascer uma zona de apoio logísticos. A conhecida ZAL que fez o anterior presidente da Câmara Municipal da Golegã, Manuel Madeira, desanexar uma vasta zona do seu município da reserva agrícola nacional. Torres Novas continua a debater-se pela criação da ZAL, mas a área que lhe foi inicialmente destinada continua agrícola. Luís Vasconcellos e Sousa, da Sociedade Agrícola da Quinta da Labruja, é actualmente o presidente do conselho da administração do TVT. Considera que toda a estrutura foi um negócio “antes do tempo”, mas diz que é cedo para anunciar as medidas a tomar para rentabilizar o TVT. Até lá o grande investimento em Riachos que iria transformar toda a região não passa de um elefante branco que já engoliu milhões.
No dia da inauguração, em Novembro de 2001, criaram-se muitas expectativas, mas o TVT continua vazio

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