Desleixo de vizinho pôs em risco habitação
Recomendação da Protecção Civil da Chamusca ignorada
Numa época em que os fogos têm devorado florestas, consumido vidas e bens, lançando o pânico e o desespero entre as populações e sujeitado o país a uma profunda consternação com a qual me solidarizo profundamente, não poderia deixar de trazer ao conhecimento dos leitores de O MIRANTE, a minha experiência pessoal sobre a causa dos incêndios.O que relato a seguir é apenas um exemplo da falta de respeito, de carácter e de irresponsabilidade de um senhor proprietário que, com a sua negligência pôs em risco a vida e os bens dos seus vizinhos.Em meados do mês de Junho de 2003, solicitei a intervenção do Departamento de Protecção Civil da Câmara Municipal da Chamusca, alertando-o para a existência de mato intenso e grande quantidade de feno na propriedade confinante com a minha e igualmente para o facto de, dos sobreiros ali existentes, caírem grandes quantidades de folhas sobre o telhado de uma das minhas habitações, pondo em perigo a minha propriedade em caso de incêndio.Após deslocação ao local dos senhores Assessor e Coordenador do Departamento de Protecção Civil da Câmara da Chamusca, os mesmos emitiram um parecer, em 24/06, que confirmava a existência de “folhas em grande quantidade em cima do telhado que entopem os algerozes de uma das habitações, provenientes dos sobreiros existentes na propriedade confinante” e “grande quantidade de feno encostado ao muro que, em caso de incêndio, poderá causar danos na referida habitação”. O documento acrescentava que se houvesse limpeza de folhas e feno, a situação seria “em grande parte minorada.”Com base naquele documento, o Departamento de Protecção Civil da Câmara da Chamusca, em 26/06/2003, enviou carta ao sr. dr. José Manuel Castelo Gomes, proprietário da propriedade confinante com a minha, solicitando a melhor atenção para o assunto dado que a época de incêndios que se aproximava, com o “objectivo de evitar qualquer tipo de acidentes.”O facto é que o referido proprietário, dando provas de falta de cidadania e do mais elementar bom senso, ignorou completamente as recomendações e as solicitações do Gabinete de Protecção Civil da Câmara Municipal da Chamusca.Deste modo, no passado dia 02/08/2003, quando o concelho e a vila da Chamusca se viram cercados pelo trágico incêndio, o mesmo, com a facilidade previsível, irrompeu pela propriedade confinante com a minha, lançando o desespero e o pânico entre a minha família e a de uns vizinhos.Quero esclarecer que se os danos provocados na minha propriedade se resumiram apenas a umas telhas partidas e a umas árvores de frutos queimadas, isso se deveu essencialmente à ajuda dos vizinhos e à cedência de uma mangueira das piscinas municipais, aliás o único local onde havia água para combater a investida do fogo.Foi com o coração nas mãos e o desespero feito raiva, próprio de quem vê ameaçada pelo fogo toda uma vida de trabalho, que lutei, juntamente com familiares e algumas outras pessoas, para evitar ficar sem casa e sem bens.Se agora o meu lamento e solidariedade vai apenas para todos aqueles que sofreram e continuam a sofrer com os incêndios, não poderei deixar de afirmar que acho lamentável que existam pessoas como o sr. dr. José Manuel Castelo Gomes que, alheando-se da solicitação do Departamento de Protecção Civil da Câmara Municipal da Chamusca e fazendo alarde de uma profunda ignorância e desrespeito, contrários à mais elementar coexistência social, tenha posto em risco a minha habitação e a de uma outra vizinha.Gostaria através desta carta, agradecer a todos os que me ajudaram na luta contra as chamas. Gostaria igualmente de agradecer aos elementos do Departamento de Protecção Civil da Câmara Municipal da Chamusca, que acorreram prontamente à minha solicitação para verificar a situação e que actuaram em conformidade.Maria Odete Oliveira Santos - Chamusca
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