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Folgazão Manuel Serra D’Aire

Essa dos políticos nacionais ganharem mais do que os seus homólogos espanhóis não é coisa que me admire muito. Como tu bem dizes, se são eles que fixam os seus vencimentos, e atendendo que essa coisa do serviço público é um eufemismo utilizado por muita gente que quer é tacho e reforma madrugadora, surpreendia-me é que fosse ao contrário.Mas olha que muitos deles bem merecem essas compensações. Basta estar atento e ver a sua capacidade de resposta às mais diversas situações. Desempenhos heróicos, capazes de pôr qualquer padeira de Aljubarrota a babar-se inveja. Estou a lembrar-me, por exemplo, da questão dos incêndios florestais. Ainda nalguns locais se fazia o rescaldo e já os nossos governantes se pavoneavam solenemente anunciando a criação de um livro branco sobre o assunto. Presumo que se trate de um livro com resmas de páginas em branco, onde se relata com rigor o que (não) foi feito em Portugal nas últimas décadas para prevenir situações desse tipo. Se for assim, acho que é uma ideia bem esgalhada, digna de figurar nas enciclopédias do burlesco, onde aliás o nome do nosso ministro do Ambiente já figura após trazer os ex-combatentes do Ultramar novamente para a linha de fogo. Como vês, a ti deu-te, na última semana, para falar da actualidade internacional, a mim está-me a dar para o nacional. Mas não me posso esquecer da região, onde, apesar de este ano existir um plano de prevenção de fogos florestais, nunca ardeu tanto em tão pouco tempo. Poderão ser ironias do destino, mas imagina agora tu que não havia o tal plano...Bem esteve o vereador da Protecção Civil de Tomar, que foi passar umas feriazinhas ao estrangeiro, talvez para fugir ao rescaldo dos incêndios. E teve direito a transporte de serviço no jipe da autarquia até ao aeroporto de Lisboa. Para si e para a família, dizem as más línguas. Porque isto dos políticos não é só o que ganham é também as mordomias que têm! Só não contava o autarca era que o jipe, no regresso a Tomar, fosse para a sucata devido a um acidente. Se houvesse um plano de prevenção para essas ocorrências extraordinárias, provavelmente nada disso teria acontecido.Mudando de assunto, deixa-me dizer que já estou farto de ouvir os choradinhos do nosso tecido económico que não se cansa de falar de crise, de protestar com o governo e com os sindicatos, de pedir subsídios ao estado e ajudas a Nossa Senhora, e depois não quer dar ao cabedal para amealhar mais uns cobres.Todos os anos em Agosto é a mesma história. Em algumas cidades do distrito, porta sim, porta não, um gajo depara-se com lojas, cafés e restaurantes fechados com o inevitável papelinho na porta explicando que o pessoal foi de férias. Imagino que esses empresários se limitem a uns banhitos no Tejo, já que o orçamento não deve dar para pagar as portagens para o Algarve e muito menos para embarcar em aventuras tipo Caraíbas ou Brasil, tal é a crise...E o pior é que a maldita crise também já chegou aos Correios, que não é propriamente uma instituição de caridade para quem dela necessita. Agora decidiram fechar à hora do almoço a estação de Santarém. A única da cidade. Se antes já se encontravam ali bichas (perdão, filas) com fartura, agora um gajo para meter um pé lá dentro e enviar uma carta registada tem de se levantar às sete da manhã para marcar lugar. Um espectáculo, é o que te digo. Viva o aperto do cinto! Viva o Portugal de tanga! Viva a tanga que é este país de desgovernados mentais!Saudações estivais do Serafim das Neves

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