Esses transtornos poderiam no entanto, ter sido evitados caso a Câmara Municipal de Santarém, dona da obra, tivesse enviado o projecto de intervenção na Ribeira para o IPPAR, solicitando a esse organismo um parecer prévio, que é vinculativo. Um passo obrigatório, dado que se tratava de uma empreitada em zona especial de protecção de monumentos classificados, mas que não foi feito alegadamente, por lapso dos serviços. Além disso, era também aconselhável que a autarquia tivesse mandado efectuar sondagens arqueológicas antes do início dos trabalhos, como aconteceu, por exemplo, na intervenção urbanística do Largo do Seminário. Essa medida poderia ter detectado, antecipadamente, a existência de vestígios relevantes e evitaria o desperdício de alguns milhares de contos em tubagem já enterrada, que não vai ter utilidade.A exigência de mudança de traçado do colector pluvial, imposta à Câmara de Santarém pelo IPPAR, faz subir o orçamento de colocação do colector pluvial em 24 mil euros – de 51 mil para 75 mil euros. As obras têm, finalmente, condições de avançar após o executivo camarário ter aprovado, na segunda-feira, o traçado alternativo para o colector pluvial – o de diâmetro mais largo e que provocaria danos irreversíveis no achado arqueológico caso fosse mantido o projecto inicial. Quanto ao colector de esgotos domésticos, manterá o percurso previsto já que o seu diâmetro não coloca em causa a salvaguarda da muralha.Na mesma reunião, a vereação aprovou ainda uma alteração ao projecto de remodelação do Largo do Seminário, igualmente devido à descoberta de achados arqueológicos. Os vestígios de uma cisterna islâmica junto à Igreja da Piedade serão preservados por exigência do IPPAR, o que inviabiliza o prolongamento do túnel, que funcionará como galeria técnica, até essa zona, situada no topo norte da praça.