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Agarrar o futuro

Luís Carlos Brotas é natural da Erra, Coruche, e joga nos juvenis A do Benfica

Há mais de 20 anos que nenhuma promessa do futebol da região de Coruche ia treinar ao Benfica. Luís Carlos Brotas, natural de Erra, veio quebrar o enguiço e prepara-se para integrar o plantel dos juvenis A dos encarnados. Uma oportunidade que o atleta vai agarrar com unhas e dentes com a perspectiva futura de vir a ser jogador profissional.

Na próxima semana Luís Carlos Brotas vai dar o salto e mudar de vida. O jovem jogador, com apenas aos 16 anos, vai deixar a Escola Secundária de Coruche para viver num quarto alugado em Lisboa, treinar e jogar pelo Benfica e estudar no décimo primeiro ano numa escola daquela zona da capital.Quatro treinos por semana durante a pré-época e cinco durante a temporada de campeonato é o ritmo a que o jogador trabalha. Situação bem diferente da que viveu no amadorismo Coruchense desde os oito anos. “Treina-se muito para o nível que é. Notei muitas diferenças porque se adquire uma preparação física elevada”, descreve, acrescentando que os técnicos lhe dizem que no Benfica só há lugar para os melhores. Luís Carlos é um dos três pontas-de-lança da equipa das águias. Passou um ano a deslocar-se à capital para fazer o treino de quinta-feira, mas o esforço valeu a pena. O pai, Isidro Brotas é que o levava e trazia todas as semanas e nunca perdeu um treino, além de ter realizado alguns jogos particulares com a equipa.“É muito bom o que me está a acontecer já que tenho a esperança de vir a ser profissional de futebol”, refere satisfeito o atleta. As primeiras impressões foram boas e consolidaram-se ao longo de um ano. “Vi jogadores de qualidade e bons colegas e, por isso, integrei-me bem no grupo”, apesar de, algumas vezes, ser “provocado” com o desconhecimento de Coruche pela grande maioria.Apesar de ter encontrado uma realidade com jogadores de um nível a que não estava habituado, confia nas suas capacidades para conquistar um dos lugares de ponta de lança. “Sou um bom ponta de lança a jogar de cabeça e marco bons golos assim. Penso que sou rápido e preciso de trabalhar melhor o jogo com os pés”, descreve. De facto, aos 16 anos, Luís Carlos Brotas já tem 1.81 metros de altura e faz-se valer da estatura no bom jogo “aéreo”.Um afortunado entre várias dezenasDe um conjunto de 60 miúdos Luís Carlos Brotas foi um dos escolhidos. Fez duas “peladinhas” de dez minutos e marcou dois golos na segunda. Mas acabada a primeira já dirigentes do Benfica lhe pediam os contactos do pai e o convidavam para realizar três treinos com a equipa na semana seguinte.Luís Carlos não chegou a treinar nos campos da Luz. Fê-lo nos de equipas dos arredores de Lisboa. “Nem sequer conheço o novo Estádio da Luz”, confessa. Por isso, espera que se conclua rapidamente o centro de estágios do Benfica. Os amigos e conhecidos não reagiram com grandes incentivos e até com pouca curiosidade, numa região onde grassam adeptos das águias e o café enche a ver os jogos dos encarnados na Sport TV. “Não me perguntaram como é que estava a correr e como era aquela realidade”, refere, mas também diz não se preocupar muito com isso. Luís não tem namorada mas o assunto não o leva a dar muitas voltas à cabeça. “Enquanto tiver este tipo de vida com os estudos e o futebol não penso nisso”, refere. Se não conseguir ser jogador profissional tão brilhante como Ronaldo ou Nuno Gomes, jogadores que mais aprecia, pensa em tirar um curso, trabalhar e jogar numa equipa de segunda ou terceira divisão. Quem fala assim...Família apoiaa 100 por centoDentro de casa o entusiasmo é grande, principalmente por parte do pai, Isidro Brotas, e do irmão, Carlos. Mas a dona Luísa não se fica muito atrás. “Fiquei muito satisfeita quando o Benfica manifestou interesse nele e demos-lhe logo todo o apoio para seguir no futebol”, refere a mãe. Um ano de algum sacrifício valeu a pena mas o pai sugere cautelas e moderação nos ânimos. “Quanto maior é o salto, maior pode ser a queda”, adverte, acrescentando que há que viver os momentos passo a passo.Luís Carlos afirma-se mentalmente preparado para a mudança e até tem recebido a lição de moral diária da família. “Todos me dizem para me portar bem, aproveitar a oportunidade e dar importância à escola e ao futebol, esquecendo um pouco a brincadeira”, recorda gracejando.Coração de águiaque não ficou em AlvaladeLuís Carlos Brotas é benfiquista desde pequeno mas foi no Sporting que primeiro foi testar as suas capacidades, dentro de uma leva de três jogadores da região. Aconteceu há cerca de ano e meio. Um treino em Alvalade serviu como única avaliação e até conseguiu um golo numa peladinha entre vários aspirantes. Mas acabou por não ingressar nos escalões jovens dos leões. Seis meses depois foi o pai que teve a iniciativa de o inscrever nos treinos de captação das “águias” anunciados no jornal A Bola. E em boa hora o fez. “Quando se prossegue um objectivo há que arriscar”, refere Isidro Brotas. “O que até foi melhor uma vez que sempre fui benfiquista”, acrescenta Luís Carlos.Como melhor recordação da passagem pelo Coruchense fica um título de Campeão Distrital de Iniciados na época 2000/2001, na qual marcou muitos golos, além da convocação para a Selecção Distrital de Santarém para participar num torneio nos Açores.

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