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Paulonia não colhe simpatias

Plantação de árvore que cresce mais rápido que o eucalipto não se coloca no distrito

A paulonia, uma árvore americana que cresce mais rápido que o eucalipto, pode vir a ser introduzida em Portugal. Mas essa possibilidade não entusiasma produtores florestais e fabricantes de pasta de papel da região.

A introdução em Portugal de uma árvore que cresce mais rápido que o eucalipto está a ser estudada pelo Governo. A paulonia ou paulownia, originária da Ásia, dá madeira de qualidade e as suas fibras podem ser usadas na fabricação da pasta de papel. O processo está a ser analisado há cerca de um ano, mas a ideia não colhe o entusiasmo da indústria da região e das associações florestais. Para o director técnico da Silvicaima, empresa do grupo Caima sediado em Constância, actualmente “a árvore mais viável para a produção de pasta é o eucalipto glóbulos”. “É uma árvore excepcional e imbatível e é nela que apostamos porque está bem adaptada às condições do país”, sublinhou António Barreto. Nesse sentido, na Silvicaima, que selecciona as madeiras para a indústria de celulose de papel do Caima, a introdução de novas espécies é uma questão que não se coloca neste momento. Até porque todo o processo de fabrico está adaptado ao eucalipto e todos os métodos estão estudados e ajustados a este tipo de árvore. António Barreto recorda que já houve outras tentativas de introdução de espécies originárias de outros países em território nacional que acabaram por não vingar. “Apareceu há tempos uma planta tipo cana do açúcar da qual também se fazia pasta de papel. Fizeram-se uns ensaios iniciais e não se passou daí”, justifica. “Em Portugal não se pode inventar muito em termos de árvores”, acrescenta Luís Damas, responsável florestal da Associação de Agricultores de Abrantes Constância, Sardoal e Mação (AAACSM). Por isso o técnico não vê grandes vantagens na introdução da paulonia. “O eucalipto existe no país porque tem saída para a indústria, uma vez que dá boa pasta de papel”, sublinhou. Luís Damas considera no entanto que ainda é muito cedo para se pensar na utilização da nova árvore. “Só ao fim de 16 anos ou mais é que pode haver uma ideia sobre o desenvolvimento da espécie. É preciso fazer ensaios e as características que a paulonia evidenciou noutros países pode não resultar em Portugal”, comentou. A possível utilização destas árvores na reflorestação e reordenamento das florestas atingidas pelos incêndios, que devastaram grandes áreas das zonas influência da associação, também não é equacionada. “Não é uma solução para isto tudo e a ser é preciso analisar muito bem todas as situações”, adverte, acrescentando que a espécie até se pode tornar numa grande dor de cabeça. “Podemos estar perante um pau de dois bicos. Ela pode tornar-se uma infestante. Pode haver insectos com apetências para as suas características e ocorrer uma praga”, reforça, adiantando que “as árvores podem ter um crescimento rápido, mas se não tiverem saída para a indústria não servem para nada”. E nesse sentido, partilhando a ideia do director técnico da Silvicaima, Luís Damas dá o exemplo do pinheiro “Pinus Radiata”. “Há uns anos introduziu-se esta espécie em Portugal. Na altura, havia a ideia de que crescia mais rápido que os outros pinheiros. Chegou-se a fazer plantações em Praia do Ribatejo (Vila Nova da Barquinha) e Tramagal (Abrantes), mas veio a comprovar-se que não era viável”. O processo de autorização para a plantação desta árvore exótica no país é o primeiro desde 1999, altura em que foi aprovada uma legislação para controlar a introdução de plantas e animais que não existem em Portugal. O pedido foi feito pela empresa Barros e Filhos, sediada em Monção, e está a ser analisado pelo Instituto para a Conservação da Natureza e pela Direcção Geral das Florestas. Uma empresa espanhola ofereceu a exclusividade da venda de árvores em Portugal à Barros e Filhos. As paulonias são produzidas nos Estados Unidos da América e passam por um período de quarentena no arquipélago espanhol das Canárias. Em Portugal já existem algumas variantes da paulonia, que têm sido usadas como árvores ornamentais. A que se pretende introduzir agora resulta da combinação de duas espécies a paulownia fortunei e a paulownia elongata. Atendendo ao clima português, acredita-se que a árvore possa estar pronta a ser utilizada ao fim de oito anos, enquanto o eucalipto demora dez anos. pode reflorescer oito vezes, enquanto o eucalipto só dá em média três cortes.

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