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Sindicato acusa CTT de prejudicar populações

O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) acusa os CTT de prejudicarem as populações, ao retirar das localidades serviços habitualmente prestados, devido a um protocolo que prevê o funcionamento dos correios nas juntas de freguesia.Em comunicado, o SNTCT critica o protocolo, celebrado na terça-feira entre os CTT - Correios de Portugal e a ANAFRE (Associação Nacional de Freguesias), que prevê a transferência dos serviços de cerca de 400 estações de correios para as sedes das juntas de freguesia. O sindicato considera que o protocolo vai prejudicar as populações e provocar o despedimento de centenas de trabalhadores, mas os CTT desmentem estas afirmações.Em declarações à Lusa, Fernando Ambrioso, da direcção do sindicato, sublinhou que os “grandes prejudicados são as populações, principalmente as que já são mais fragilizadas devido à interioridade e quando o correio é a única ligação ao exterior”. Em causa está, defendeu, “uma perda do direito das populações ao serviço público do correio”.Segundo o sindicato, a transferência dos serviços dos correios para as juntas de freguesia vai retirar a muitas populações o acesso a determinados serviços prestados pelos CTT, obrigando-as a deslocarem- se vários quilómetros para aceder a esses serviços. Esta situação vai obrigar as pessoas a deslocarem-se às capitais de distrito, onde se vão manter as estações dos correios, salientou.“As próprias juntas de freguesia não vão poder prestar certos serviços, como o correio expresso ou os serviços financeiros, por falta de infra-estruturas, quer no plano físico, quer pelo problema da formação dos funcionários e a falta de conhecimento do funcionamento dos serviços”, adiantou Fernando Ambrioso.Mesmo o “comércio e indústria das regiões afectadas sofrerão graves consequências”, já que “uma empresa que utiliza os correios para escoar os produtos não vai ter interesse em instalar-se num sítio onde estes serviços não existem”. Outro problema apontado pelo sindicato é a “diminuição de mais de 800 postos de trabalho e o despedimento de mais de 800 contratados a prazo, a maioria dos quais ocupam postos de trabalho permanentes”. Mesmo os trabalhadores que sejam integrados em outros serviços da empresa “poderão ser colocados em locais muito distantes da zona de residência, uma situação que podem rejeitar e optar por sair dos CTT”, defendeu o dirigente sindical, considerando que esta é “mais uma forma encapotada de mandar trabalhadores embora”.Para os sindicalistas, “seguem-se parcerias com outras empresas para a exploração das estações dos correios, a entrega de muitas carreiras (transporte entre as centrais de tratamento do correio e posterior destino) actualmente efectuadas pelos Transportes Postais dos CTT, entrega da distribuição do correio em várias zonas do país e adjudicação e manutenção do sistema informático dos CTT a empresas privadas”.Todo este processo, adianta o comunicado, visa “emagrecer os CTT de quadros e diminuir os custos de exploração, de forma a tornar a empresa apetecível à entrada de iniciativa privada”, já que, sublinha o sindicato, “está em marcha a privatização dos CTT”. Os trabalhadores prometem alertar as populações em assembleias de freguesia ou outros locais onde haja capacidade para intervir e distribuir comunicados.Miguel Salema Garção, secretário-geral dos CTT, garantiu que “não haverá quaisquer despedimentos dos trabalhadores das estações cujos serviços vão ser transferidos” e salientou que estes serão integrados em estações de correio próximas. Por outro lado, os “contratados a prazo não são despedidos, mas podem não ver os seus contratos renovados, e poderão ser aproveitados pelas juntas de freguesia, porque já têm a experiência”.Os CTT consideram que as populações “não serão prejudicadas”, até porque, salientou o responsável, “os serviços que já existiam nas estações dos correios vão ser transferidos para as juntas de freguesia”.Miguel Salema Garção sublinhou que as estações afectadas são as de menor tráfego e que estão abertas duas ou três horas por dia, em localidades com pequena densidade populacional, pelo que “as populações e os clientes dos CTT serão beneficiados porque terão um horário mais alargado nas juntas de freguesia. “Os CTT garantem que as populações não vão ficar sem serviços dos correios, mesmo nas zonas mais remotas do país”, assegurou.A melhoria do serviço prestado vai, para os CTT, potenciar o surgimento de novas indústrias e comércio nos concelhos e combater a fuga das populações do interior.Quanto à entrega de carreiras e da distribuição a empresas privadas, o responsável garante que “o tratamento e a distribuição do correio será sempre feito pelos CTT”.Os Correios negam ainda que a privatização faça parte do futuro, destacando que estão a “avançar para a rentabilização da rede de lojas e um aumento da qualidade do serviço prestado”.O protocolo faz parte de uma “nova estratégia para a rede de lojas, que pretende assegurar a viabilidade futura da empresa tendo em conta o mercado e a garantia dos postos de trabalho”, acrescentou. O acordo entre os CTT e a ANAFRE deve entrar em vigor no início de 2004, mas já existem actualmente 450 sedes de juntas de freguesia que prestam serviços de correios.Lusa

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