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Chamusca e Abrantes recebem madeira ardida

Ministro da Agricultura inaugurou dois parques para recepção de madeira ardida

A madeira ardida está já a ser recebida nos dois parques de recepção de salvados, inaugurados sexta-feira pelo ministro da Agricultura na Chamusca e em Abrantes.

“Saltar ao caminho” de algumas entidades que aproveitam a tragédia dos incêndios florestais para fazer especulação foi o objectivo da inauguração, na sexta-feira, dia 5, dos primeiros seis parques para recolha de madeira ardida, dois dos quais no distrito de Santarém, um dos mais fustigados pelos fogos deste Verão.Após ter aberto o primeiro parque, na Chamusca – situada em instalações cedidas pela Resitejo – o ministro seguiu para Abrantes, inaugurando o segundo parque do distrito.No terreno de seis hectares cedido pela empresa de celulose Celbi e gerido pela Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação, algumas retroescavadoras retiravam já dos camiões enormes troncos ardidos, empilhando-os no terreno, enquanto a uma centena de metros Sevinate Pinto falava do projecto do Governo para minimizar os estragos causados pelos incêndios aos pequenos produtores florestais.“Contra a especulação” foi a palavra de ordem do ministro. Por isso Sevinate Pinto alertou os pequenos produtores para não irem em cantigas e não venderem a sua madeira ao primeiro comprador que apareça a oferecer um euro acima do pago agora pelo Estado.O custo suportado pelo Ministério da Agricultura envolve o pagamento de uma verba de 25 euros por cada tonelada de madeira de pinho queimada, liquidada em duas tranches – 15 euros iniciais e 10 euros dentro de duas semanas. “Com este valor não estamos a estabelecer nenhum preço de referência, mas de refúgio e de apoio aos produtores”, referiu o ministro, adiantando que aquele montante se situa ligeiramente acima do que os industriais do sector pagariam por este tipo de madeira mas substancialmente abaixo do valor da madeira que pode valer “três a quatro vezes mais” se aproveitada pelas serrações.“Os que nos criticaram por termos tomado esta decisão deveriam empenhar-se mais a informar os agricultores sobre os seus direitos e os valores das suas madeiras”, afirmou Sevinate Pinto, referindo-se às críticas lançadas por algumas associações de agricultores.Para o ministro da Agricultura não faria qualquer sentido e seria mesmo “profundamente injusto” que o Estado pagasse aos produtores cada hectare ardido, uma vez que nesse caso não seriam salvaguardados o destino das madeiras e a sua valorização.O Estado irá recuperar parte da verba agora disponibilizada uma vez que será a Direcção Geral de Florestas – responsável pela montagem dos parques – a vender a madeira aos utilizadores. “Mas o montante nunca será correspondente ao custo da operação”, frisou Sevinate Pinto.A Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo (CCCAM) aparece pela segunda vez como parceiro financeiro do Governo no que respeita aos incêndios. “Oito dias após a catástrofe que assolou o país e 24 horas depois da assinatura do primeiro protocolo, o Crédito Agrícola estava já a pagar às pessoas os animais e haveres perdidos nas chamas”, sublinhou um responsável da CCCAM , adiantando esperar que no caso das madeiras a operação decorra com a mesma celeridade.Uma das razões que levou o Governo a agir rapidamente no apoio aos produtores é a rápida desvalorização da madeira de pinho, árvore que mais ardeu no distrito de Santarém. “No caso do eucalipto e do sobreiro, árvores mais resistentes e de fácil regeneração, terá que se aguardar para ver a resposta destas espécies à tragédia que também as envolveu”.Em resposta ao presidente da Câmara de Abrantes, que afirmou aguardar com expectativa a estratégia do governo para o relançamento das operações de reflorestação, Sevinate Pinto apoiou-se nas recentes declarações de Durão Barroso sobre o assunto. “O primeiro-ministro já disse que a reforma estrutural para a floresta vai ser apresentada brevemente e irá ter componentes políticas, económicas e sociais”.“Temos que encarar a floresta com maior optimismo e maior emergência, porque tudo o que se faz na floresta custa dinheiro”, afirmou o ministro, adiantando que tem que se privilegiar o bem público. Neste caso a floresta é o bem público, embora muitas vezes gerido por privados.

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