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Sem soluções e sem estratégia

Comerciantes de Santarém não se entendem sobre a forma de enfrentar o novo centro comercial

A abertura do centro comercial da Imocom está previsto para Outubro próximo e os comerciantes de Santarém ainda não conseguiram entender-se quanto à estratégia a adoptar para enfrentar a concorrência. Na quinta-feira, uma reunião que tinha como objectivo escolher a empresa que efectuaria o estudo de revitalização da zona comercial do centro histórico acabou sem conclusões.

Convocada para convidar os comerciantes a aderir a um projecto que visaria transformar o centro histórico de Santarém num “grande centro comercial a céu aberto”, a reunião acabou por evidenciar sérias divergências entre os dirigentes da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES) e os associados que integravam uma comissão criada pela própria ACES.A comissão, composta por cinco associados e dois elementos da direcção, foi constituída em Março com a missão de encontrar soluções para o comércio tradicional da zona, perante a concorrência que o novo centro comercial trará.Contactadas três empresas, a comissão escolheu, por maioria, um consórcio que se propõe realizar um estudo, em 12 semanas, que aponte caminhos para a revitalização do comércio do centro histórico de Santarém, que os próprios comerciantes reconhecem estar em declínio e de sobrevivência ameaçada pelo grande espaço comercial instalado às suas portas.Contudo, a opção da maioria mereceu a discordância dos elementos da direcção da ACES devido aos valores envolvidos (55.500 euros). Apesar dos argumentos dos restantes elementos da comissão, quanto à qualidade e garantia do projecto escolhido, a direcção da ACES acabou por assumir abertamente na reunião que preferia a proposta mais barata (27.500 euros) apresentada por outra empresa.Esta tomada de posição, numa reunião que contou com a presença de representantes das três empresas que compõem o consórcio que elaborou o projecto escolhido pela comissão, deixou perplexos muitos dos comerciantes presentes.A questão dividiu os participantes na reunião, unânimes na convicção de que “é preciso fazer alguma coisa” e “unir esforços”, mas com alguns deles a defenderem que é preciso pagar agora para recolher frutos mais tarde e outros a alegar as dificuldades que enfrentam para poderem assumir custos tão elevados.Os proponentes reconheceram que a concretização do projecto exige a adesão de pelo menos 150 dos 240 estabelecimentos do centro histórico, tendo comparecido à reunião apenas meia centena de comerciantes, apesar da sensibilização porta a porta desenvolvida pelos elementos da comissão.Os representantes do consórcio seleccionado acabaram por abandonar a sala, evidenciando-se claramente as divergências entre os associados e a direcção da ACES, criticada por alguns dos comerciantes presentes de falta de dinamismo e de iniciativa.O presidente da ACES, Manuel Mendes, chegou a aventar a hipótese da direcção da associação se demitir, mas, no final da reunião, que se prolongou por quase quatro horas, disse à Agência Lusa que é preciso “reflectir” e não agir de “cabeça quente”. Os elementos da comissão que viram cair a sua proposta nessa noite (um grupo de comerciantes notoriamente mais jovens que os elementos da direcção) não esconderam a sua decepção e exortaram os dirigentes da ACES a permanecer e a ter a “coragem” de pôr em prática o projecto que preferem.Na passada segunda-feira, a O MIRANTE, Manuel Mendes declinou a hipótese de abandonar o barco e reafirmou a sua intenção de levar em frente um projecto de revitalização da zona comercial da cidade. Até porque entende que o trabalho já feito pela comissão não deve ser desperdiçado. Mas para isso, diz, é necessária uma maior mobilização dos associados, até porque “os custos desses projectos são elevados” e a associação, como entidade responsável pela sua implementação, só se pode comprometer tendo a certeza da participação dos seus filiados.O projecto apresentado quinta-feira previa a elaboração, até ao final do ano, de um estudo que apontasse caminhos e medidas para a revitalização do comércio no centro histórico de Santarém e formas de organização para a gestão do que se pretendia ser um grande centro comercial a céu aberto.Só depois de concluído o estudo, os comerciantes decidiriam se queriam ou não avançar para a criação de um órgão de gestão deste espaço que permitisse a prestação de serviços inovadores aos clientes e a criação de uma imagem de marca. Para Paulo Moreira, um dos dinamizadores da comissão, esta era a única solução para travar o definhamento do comércio do centro histórico de Santarém.O MIRANTE/Lusa

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