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Emblemático Manuel Serra D’Aire

Portugal é um fogo que arde sem se ver. Um contentamento descontente, um tigre de papel, um ídolo com pés de barro. Acertas na mosca quando falas da questão dos incêndios. Vale-nos que está em elaboração um tal livro branco sobre o assunto, mandado elaborar pelo Governo, que tem o objectivo, provavelmente, de branquear tanta irresponsabilidade, incúria e desleixo ao longo de décadas. Descansem portanto os pinheiros e eucaliptos, bombeiros e proprietários, porque o Governo está atento e além disso temos a funcionar a famosíssima Comissão Especializada de Fogos Florestais. E que venha o tal livro branco, porque a lista negra dos responsáveis já está há muito apurada.Aliás, venha também um livro branco sobre o estado das pontes, dos viadutos, das passagens pedonais. Foi preciso morrer umas dezenas de pessoas em Entre-os-Rios para se descobrir que havia montes de pontes à beira do colapso. Foi preciso ruir uma ponte para peões no IC 19 para se chegar à conclusão que outras estruturas similares representavam perigo para os utentes. É sempre necessário morrer gente para se resolver os problemas. Que maná é este país para os cangalheiros! Mas deixemo-nos de tristezas, que nem sequer ajudam a pagar dívidas. O importante é levar a vida na boa, como dizem os putos de hoje. Um dia destes soube por uma rádio nacional que havia uma confraria da cerveja em Portugal e que ainda por cima tinha sido fundada em Santarém. Já ouviste falar do assunto? Eu também não! E olha que sou um bom frequentador de cervejarias e estabelecimentos similiares da região onde se encontram normalmente os apreciadores dos bons lúpulos e maltes. Mas nunca lá vi tais confrades. Pelo menos fardados. Só se bebem às escondidas, camuflados...Aliás, estou desconfiado que essa confraria é composta por bebedores de cerveja sem álcool e que a tal rádio se esqueceu de referir esse pormenor. A entronização dos últimos confrades foi feita no Palácio da Bolsa, no Porto, talvez para não darem nas vistas. Com confrades como o presidente da câmara da Invicta ou o bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, que até confessou que gostava de beber uma cervejinha ao almoço, mas sem álcool, o que é que um gajo pode esperar? Vê lá se foram para uma qualquer cervejaria manhosa, com chão forrado a casca de tremoços e de amendoins, onde se ouvem sonoros arrotos e as tácticas que hão-de fazer do Benfica campeão ainda neste século. É o vais! Gente fina é outra coisa! Até a cerveja já virou pretexto para associações elitistas, vejam bem... Por este andar, algum dia temos também a confraria do tremoço, da pevide e do amendoim.As ofensivas sobre o povão não cessam, Manel. Outra medida tão castrante como a de obrigar alguém a beber cerveja sem álcool foi a da erradicação do célebre Canal 18, uma instituição nacional que emitia a partir da meia-noite às quintas, sextas e sábados na TV Cabo e que dava um colorido especial à nossa televisão. Num relambório sacrista, lá veio a empresa dizer que não sei quê, não sei quantos, codificados para aqui, descodificados para ali, mais a lei e não sei que mais.Como é que é possível que o Governo não tenha agido em prol do seu eleitorado? E o ministro Paulo Portas, sempre tão expedito a defender os humilhados e ofendidos, calado que nem um rato... Ao menos tivesse-se benzido, mas nem isso. Ninguém viu que aquele programa recreativo e didáctico era um óptimo motor de arranque para quem não tem dinheiro para comprar viagra e que mesmo que se queira descodificar aquela maravilha não se pode. Depois queixem-se que há muitas escolas a fechar por falta de alunos... Um adeus rebarbativo do Serafim das Neves

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