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Discussão azeda

Organização do Festival de Vinhos do Cartaxo criticada na câmara

Um vereador socialista da Câmara do Cartaxo criticou a organização do Festival de Vinhos, acusando-a de promover iniciativas para o jet set. “Nem o Santana Lopes tinha o descaramento de fazer uma coisa destas”, atacou Augusto Parreira.

O programa completo do Festival Nacional de Vinhos do Cartaxo, que se realiza este fim de semana na cidade, só foi conhecido esta terça-feira quer pela câmara quer pela comunicação social. O certame é promovido pela câmara, que cedeu a organização a uma empresa privada a troco de 149 mil euros. Essa e outras situações motivaram fortes críticas durante a reunião do executivo municipal. Na sequência da discussão, o presidente da câmara, Paulo Caldas, admitiu acabar com a iniciativa. O responsável pela coordenação do festival, António Matos, explica que a informação não foi divulgada mais cedo porque “faltava a confirmação do horário das provas” de vinho e azeite. O programa acabou por ser divulgado só terça-feira. A publicidade nos jornais e rádios locais e nacionais e nas televisões arrancou mais cedo, antes de terem sido apresentadas as actividades previstas para o festival. Na última reunião do executivo do Cartaxo, que se realizou segunda-feira, a vereação não tinha ainda conhecimento do programa na totalidade, mas o que já era conhecido motivou uma forte reacção do vereador PS Augusto Parreira, que há uns meses se incompatibilizou politicamente com a maioria socialista. A organização de um jantar dirigido à classe média/alta, especialmente vocacionado para o ‘jet set nacional’, foi o rastilho para a polémica.“Sobrecarregamos a população com taxas elevadas para depois organizar um jantar que é classificado como sendo para a classe média/alta. Acho que é despropositado e vergonhoso. Nem o Santana Lopes tinha o descaramento de fazer uma coisa destas”, criticou Augusto Parreira, depois de devolver ao presidente da câmara, o também socialista Paulo Caldas, o convite para a corrida de touros “Lux”.O vereador considera que o Centro de Apoio à Dinamização Empresarial do Cartaxo (Cadec), que organiza a Expocartaxo, teria todas as condições para organizar o festival. A altura escolhida para a realização do festival também foi criticada. Augusto Parreira salienta que o evento decorre em plena época de vindimas, impossibilitando muitos dos profissionais de comparecer no certame que lhes é dirigido. A escolha contraria também a opinião dada pela Adega Cooperativa do Cartaxo e por algumas quintas do concelho. “Não é a data própria, mas é a única data em que a Expolider está disponível”, acusa.O vice-presidente da câmara, Pedro Ribeiro (PS), reconhece que a data não é a melhor, admitindo que para a próxima edição possa ser alterada. Por outro lado, Augusto Parreira considera que há o risco do festival “matar a festa do vinho” que se realiza no concelho do Cartaxo em Maio. Uma opinião contestada por Pedro Ribeiro que assegura que os dois certames são diferentes. O festival é mais profissional e funciona como forma de promoção do vinho do Cartaxo que “ainda é muito associado ao carrascão”.No ano passado o custo do festival quase atingiu os 250 mil euros. O custo da organização desta segunda edição do evento ronda os 149 mil euros, dos quais cerca de 46 mil euros (nove mil contos), já foram pagos à Expolider como previa o protocolo.O vereador social democrata, Vasco Cunha, considera que o valor pago à empresa para a realização do evento é uma exorbitância. “Tenho dúvidas em relação ao protocolo quando a câmara tem dívidas de curto prazo superiores a 700 mil contos e fornecedores que não recebem em prazos de oito e nove meses”, afirmou, mostrando estranheza pelo facto do pagamento ter sido feito por antecipação.O presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, Paulo Caldas, garante que a terceira parte da verba poderá não ser paga se o protocolo não for cumprido como está estabelecido.O autarca reconhece que a estratégia de marketing seguida pela empresa organizadora do evento não foi a melhor e admite mesmo acabar com o evento caso a segunda edição não tenha sucesso. “No final do festival deve ser feita uma avaliação séria”, afirmou.Paulo Caldas está consciente de que a edição do ano passado não foi um grande sucesso, mas considera que não se deve “baixar os braços à primeira”.

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