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Mouchão divide socialistas

Póvoa de Santa Iria e Vila Franca reclamam a posse administrativa

Vila Franca de Xira não abre mão do mouchão da Póvoa e a luta pela posse da ilha com cinco quilómetros quadrados está a dividir eleitos e populações. O interesse turístico reabriu uma disputa que já dura há dezenas de anos.

Os eleitos da Póvoa de Santa Iria reclamam a posse do mouchão próximo da freguesia. A ilha com cerca de cinco quilómetros quadrados (mais do que os 3,95 quilómetros quadrados da freguesia com 30 mil habitantes) integra a área administrativa de Vila Franca de Xira, pelo menos desde 1805. A disputa reapareceu numa altura em que foi divulgado o interesse do proprietário, um empresário do sector imobiliário de Albergaria dos Doze, em dinamizar o espaço com um projecto de dinamização turística. Apesar dos eleitos da Póvoa considerarem que as razões financeiras não são as mais importantes, a duplicação da área da freguesia pode aumentar a receita proveniente do Fundo de Financiamento das Freguesias.A luta pela posse do mouchão pode acentuar divisões na família socialista, uma vez que ambas as autarquias são geridas pelo PS. A presidente da câmara, a também socialista, Maria da Luz Rosinha não alimenta esta “guerra de capelinhas” e afirmou na última reunião pública do executivo, que mais importante do que posse administrativa é a dinamização dos mouchões existentes no concelho. “Para mim é tudo Vila Franca. Estou preocupada é com o aproveitamento e a dinamização destes recursos”, disse.Tudo começou quando a Assembleia de Freguesia da Póvoa de Santa Iria aprovou por unanimidade uma moção apresentada pelos eleitos do PS. Entretanto foi formada uma comissão de autarcas e personalidades da freguesia que pretende levar a luta até ao fim.“Nós não queremos soluções de gabinete. Queremos debater com a população e com todos os partidos e lutar para que seja corrigida a situação. O mouchão sempre foi da Póvoa, apesar de não estar reconhecido na sua área administrativa”, disse a O MIRANTE, Dias de Almeida, presidente da junta.No documento aprovado pela autarquia e corroborado pelo presidente, os eleitos referem que a integração do mouchão no espaço territorial da freguesia da Póvoa “é um imperativo da lógica e do ordenamento do território”. Os povoenses falam também em razões históricas e dizem que estão fortemente empenhados para a recuperação de um território que lhes pertence, pelo menos, desde o início do século XIX.Opinião bem diferente tem o presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca. José Fidalgo lamenta que não tenham havido contactos oficiais entre as duas freguesias antes do assunto aparecer na praça pública. O presidente encontrou nos arquivos da junta uma petição feita pela Junta de Santa Iria da Azóia (à qual pertencia o lugar da Póvoa) nos anos 30, a reclamar a posse. Os eleitos de Vila Franca não aceitaram os argumentos e a pretensão caiu por terra.José Fidalgo recorda a forte ligação histórica e cultural da população de Vila Franca ao mouchão, argumentos que considera mais fortes que a proximidade geográfica. “A Póvoa quererá também ficar com a lezíria por razões de proximidade?”, ironiza, numa ligação directa do mouchão aos terrenos da lezíria que também estão a ser alvo de um processo de intenções de investimentos turísticos por parte da Companhia das Lezírias. “Há grandes apetites para investimentos”, acrescentou. O autarca teme que a discussão possa prejudicar o processo de desenvolvimento económico previsto para o Mouchão da Póvoa e questiona a oportunidade escolhida pelos eleitos. “Não se dêem tiros nos pés”O responsável pela freguesia de Vila Franca disse estar aberto a conversações com os eleitos da Póvoa. Dias de Almeida sublinhou que mantém “excelentes” relações pessoais com José Fidalgo, mas ”amigos, amigos, negócios à parte”.

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