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Samora independente

Depois de 24 anos de poder comunista

Os independentes conquistaram Samora Correia. Paulo Português é o novo presidente da junta. O professor foi eleito com uma maioria relativa que o deixa dependente de comunistas e socialistas para formar o executivo e a mesa da assembleia.

Paulo Português é o primeiro presidente da Junta de Freguesia de Samora Correia eleito numa lista independente. O professor de 41 anos venceu a eleição intercalar de domingo e acabou com 24 anos de domínio comunista com sucessivas vitórias das listas apoiadas pelo PCP. O grupo denominado “Samora Agora” alcançou 44,5 por cento dos votos expressos numa eleição marcada por uma abstenção de mais de 72 por cento. Dos 10 313 eleitores inscritos, só 2823 (27,37 por cento) exerceram o seu dever cívico. A CDU, com 35,5 por cento, foi a grande derrotada, apesar de ter caído apenas cinco por cento em relação a 2001. Uma quebra suficiente para perder a presidência da junta. O PS pagou cara a factura das feridas internas. Os socialistas não foram além dos 15,4 por cento, menos 20 por cento do que tinham conseguido nas últimas eleições. Ainda assim socialistas e comunistas podem juntar-se e forçar a inclusão de eleitos seus no executivo e na mesa da assembleia.Num cenário idêntico, PS e PSD integraram o executivo eleito em 1997 e presidido pelo comunista Rogério Pernes. Na hora de festejar e rodeado de amigos e apoiantes, Paulo Português dedicou a vitória à população de Samora Correia, prometeu ser o presidente de todos os samorenses e reafirmou uma promessa: “Vou dar prioridade à resolução do problema das famílias que vivem em contentores na Zona Industrial da Murteira. Será a minha primeira medida. Vou apoiar essas famílias que vivem em condições pouco dignas. Eu prezo muito a dignidade das pessoas e não quero ninguém a viver na minha freguesia desta forma. É inadmissível”, referiu.Disponível para dialogar com socialistas e comunistas, Paulo Português garantiu que vai ocupar o cargo a 100 por cento. “Serei um presidente interventivo e não uma pessoa acomodada”, disse.Com um sorriso nos lábios, Rogério Pernes encarou com naturalidade a derrota, apesar de se mostrar surpreendido. “Não esperava porque a CDU foi muito séria em todo este processo e merecia concluir o seu mandato. Os eleitores premiaram a campanha agressiva que nem sempre usou a verdade”, referiu.Sobre o futuro, Rogério Pernes disse que vai assumir o cargo na assembleia de freguesia e vai dedicar-se mais à família. “Vou ter mais tempo para a minha família e para mim”, conclui. Rogério Pernes tem 62 anos e é enfermeiro aposentado.Entre os socialistas, José António Dias não ficou desiludido com a fraca votação. “O grande derrotado foi a CDU”, disse. O PS é o fiel da balança e pode decidir a constituição do executivo e da mesa da assembleia. O líder dos socialistas no distrito, Paulo Fonseca já manifestou disponibilidade para dialogar com comunistas e independentes, mas a responsável local, Ana Casquinha, sublinhou que o diálogo com Paulo Português estará sempre condicionado pela forma como conduziu a campanha. Feridas difíceis de sarar. Recorde-se que Paulo Português tinha sido eleito pelo PS e fez cair a junta contrariando a vontade da estrutura socialista.A assembleia para a constituição do novo executivo e da mesa da assembleia está agendada para dia 1 de Outubro às 21h00 no Salão Nobre da Junta de Freguesia. Na reunião será ainda conferida a posse aos novos eleitos.

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