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Muitos visitantes e poucos clientes

Artesanato na Feira de Vila Franca de Xira

Quase uma centena de artesãos vindos de todo país mostram o país real em Vila Franca de Xira. Os visitantes são aos milhares, mas os clientes contam-se pelos dedos.

Este ano faltam as tasquinhas do queijo da serra, do presunto e do pão caseiro no Salão do Artesanato na Feira de Outubro, que decorre até domingo em Vila Franca de Xira. A falha tem sido alvo de reclamações da parte do público. O pavilhão do artesanato cheira a couro e a madeira mas falta o aroma a presunto serrano. Esmeralda Tomás ficou decepcionada por não encontrar a banca onde tencionava comprar os petiscos habituais.Ao longo de uma semana, alguns artesãos participantes na Feira de Outubro mostram ao vivo o processo de fabrico dos seus produtos. Desde o campino e o Santo António em barro, cestos de verga, casas em xisto e pedras variadas, piões de madeira e chapéus de couro. Tudo isto se encontra num salão com 92 artesãos incluindo os que confeccionam os doces típicos do Algarve com passas e amêndoa e as compostas da ilha da Madeira.A crise financeira dos portugueses não é motivo de queixa para todos os artesãos. Ana Franco, dedica-se a trabalhar o barro há quatro anos desde que se reformou da função pública. As peças são originais e faz questão de trazer uma figura emblemática da região onde expõe. “ Os campinos e varinos é fazer e vender. Também gosto de estar a trabalhar e contactar com as crianças que perguntam muitas coisas”, refere. A artesã está pela primeira vez em Vila Franca de Xira. A sua candidatura foi aceite e tenciona repetir. As clientes param e observam mas algumas não resistem a comprar. Inclinada na banca para admirar o campino, Esmeralda Tomás é frequentadora assídua da feira. Hoje em dia evita comprar muitas peças porque já não tem espaço em casa para colocar tanta coisa. Já Ilda Tomás lamenta não poder comprar mais coisas por falta de dinheiro.Na visita de O MIRANTE ao artesanato, constatámos que os adultos de hoje voltam aos tempos de criança quando encontram os piões de madeira. Para o neto ou para o filho, os artesãos de Almeirim despertam a vontade de rodar o pião por um euro e meio cada. Mas para a nova geração apareceu o “blaid” de madeira, um peão mais avançado. Uma tentação a que a filha de José António Veiga de Alverca não resistiu. A rapariga experimentou e o pai comprou.Mais adiante, no expositor de Gondomar, António Fernandes concentrava-se nas pequenas caixas decorativas em madeira com embutidos. A perícia do recorte, com o aparo embebido em tinta não deixam dúvidas aos clientes habituais. Assina cada peça que faz e destaca o facto de ter clientes certos que procuram todos os anos as novidades do artista. Há 16 anos a frequentar a Feira de Outubro, o artista trabalha a tempo inteiro no artesanato desde 1972. “ Nem tudo compensa, é como em todas as profissões. Mas não desisto”, afirma. António e a mulher trabalham em conjunto mas com peças distintas. Delfina Ribeiro dedica-se aos adereços, como pulseiras em madeira ou cintos em couro. A visita prometia surpresas. Entre 92 expositores com mostras variadas desde rendas e bordados do Minho ao Algarve e as farpas dos toureiros feitas por um cartaxense, deparámos com a arte de lapidar a pedra de xisto e ardósia vinda de Penafiel. Aloísio Rocha já é um residente na feira. Desde há cinco anos, apresenta as típicas casas de pedra da zona norte de Portugal. Uma peça pode custar entre 175 a 200 euros. “ A melhor feira é em Penafiel, e lá vende-se muito. Estas peças são só para quem pode. A carteira dos portugueses não dá para estas compras”, adianta. A visitante Celeste Silveira de Vila Franca é experiente em visitar o salão de artesanato. Todos os anos passa pela feira de Outubro e garante que o trabalho dos artesão ao vivo dá credibilidade aos artistas.

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