uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Governar com a oposição

PS e CDU no executivo da Junta de Freguesia de Samora

Paulo Português já está a sentir dificuldades na gestão da freguesia de Samora. Na primeira reunião, o novo presidente viu derrotadas algumas propostas.

Não é novidade, mas é uma medida polémica que promete um Inverno de tempestades políticas em Samora Correia. Os cinco eleitos da CDU e os dois do PS foram derrotados nas urnas. Mas uniram-se e colocaram dois eleitos de cada força no executivo presidido pelo independente Paulo Português. O professor de 41 anos, que fez história ao destronar as coligações apoiadas pelo PCP que detinham o poder há 27 anos, vai ter de se entender com Cândido Birrento Gonçalves, Zélia Machado, José António Dias e José Pedro Ferreira (os dois primeiros da CDU e os restantes do PS). A decisão foi aprovada com sete votos dos eleitos da CDU e PS enquanto os seis eleitos da lista independente Samora Agora votaram numa lista composta por Carlos Luís Lopes, Pedro Fonseca, Susana Carlos e Domingos Pepino. Na primeira reunião do novo executivo, que decorreu em privado na segunda-feira, durou sete horas e terminou depois das 04h00 da manhã, Paulo Português convidou Cândido Birrento para tesoureiro e Zélia Machado para secretária, ambos eleitos da CDU. Na assembleia, os socialistas viabilizaram que a mesa da assembleia ficasse na mão dos independentes, mas Paulo Português não os compensou com os lugares de vogais mais bem remunerados. Na assembleia de freguesia de 1 de Outubro, a professora universitária Celeste Simões foi eleita presidente da assembleia numa lista com Carlos Luís Lopes e Susana Carlos, eleitos para secretários. A lista da CDU propunha João Bento para presidente e Ramiro Dias e Manuel Padre Santo para secretários. Entretanto já existem duas baixas na assembleia. Lília Mateus Oliveira e António Lúcio, eleitos do PS, renunciaram aos mandatos e permitiram a entrada de Luís Campelo e Fernando dos Santos.Na estreia como presidente da Junta de Freguesia de Samora Correia, Paulo Português não conseguiu esquecer alguma mágoa em relação à aliança que o obrigará a trabalhar com quatro vogais da oposição. O autarca que venceu as eleições de 21 de Setembro foi bastante crítico em relação ao comportamento dos responsáveis socialistas e perspectivou um futuro curto para o PS em Samora.“É inadmissível. O PS teve uma postura negativa até ao fim. Será o fim do PS em Samora. O PS não tem estratégia, nem pessoas capazes e à altura da freguesia”, disse.Paulo Português faz questão de cumprir o programa da lista vencedora. O autarca anunciou que iria propor que todas as reuniões da junta seriam públicas, mas O MIRANTE apurou que a proposta foi rejeitada pelos vogais da CDU e José Pedro Ferreira (PS) na primeira reunião. Só a reunião da última quinta-feira do mês será aberta ao público “A população irá saber de todas as decisões que aqui forem tomadas. Quero uma gestão aberta e transparente”, disse Paulo Português.O veterano Cândido Gonçalves (CDU) lembrou que a junta é um órgão colegial e todas as decisões terão de ser discutidas por todos. “Espero que consigamos criar, tanto quanto possível, uma equipa homogénea e consensual”, disse. José António Dias, o cabeça de lista do PS, será um dos vogais da junta. Na tomada de posse, o autarca manifestou toda a disposição de colaborar com o restante executivo. “O bem da freguesia será sempre prioritário. Não estamos aqui para dificultar, estamos para trabalhar para Samora”, referiu.A intervenção mais crítica da noite foi do primeiro secretário da mesa da assembleia. Carlos Luís Lopes, um dos eleitos do PS que se demitiu em 15 de Julho e fez cair a junta. O autarca, tinha a expectativa de vir a ser secretário da junta, foi duro na análise da aliança CDU/PS. “Este executivo não traduz a votação. A CDU continua no executivo pela mão do PS”, disse. O autarca lembrou que em 1997 a situação foi semelhante após um acordo PS/PSD e reconheceu que a aliança foi positiva. “Fiz parte desse executivo presidido pelo Rogério Pernes (CDU) e trabalhei muito. Espero que façam o mesmo”, acrescentou.Manuel Padre Santo da CDU sublinhou que não foi a sua coligação que iniciou os processos de coligação pós eleitoral em Samora. Mário Pereira, também da CDU, lembrou que esta é uma situação prevista na lei.Mais de 70 pessoas assistiram à assembleia da tomada de posse dos novos eleitos e muitos não conseguiram lugar na sala. À porta a GNR assegurou a prevenção porque chegou a temer-se que os ânimos pudessem aquecer.

Mais Notícias

    A carregar...