uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Pôr a casa em ordem

Estudo lança pistas para o futuro da Comunidade Urbana do Médio Tejo

O Médio Tejo necessita de um plano global de ordenamento territorial e de apostar na complementaridade, nas mais variadas áreas, entre os seus vários pólos urbanos.

O estudo de viabilidade para a criação da Comunidade Urbana do Médio Tejo adverte que “a presença de um número excessivo de autarquias é susceptível de tornar a estrutura ingovernável devido à sua dimensão inadequada ou pelo comportamento estratégico das autarquias participantes”.Recorde-se que a futura realidade administrativa, que sucederá à associação de municípios com o mesmo nome mas com competências alargadas, deverá ser composta pelos concelhos de Tomar, Abrantes, Torres Novas, Entroncamento, Alcanena, Sardoal, Mação, Barquinha, Constância e Ferreira do Zêzere, todos do distrito de Santarém, e pelo de Vila de Rei, do distrito de Castelo Branco.No mesmo documento - encomendado pela Associação de Municípios do Médio Tejo à Fundação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa - refere-se que “na criação da Comunidade Urbana do Médio Tejo será indispensável conceder uma atenção especial ao aspecto territorial das áreas de cooperação”. Ou seja, ter em conta “a dimensão mais apropriada e, sobretudo, a tão necessária coerência e complementaridade em termos espaciais, económicos, sociais e culturais dentro da área”.Uma clara chamada de atenção aos políticos do norte do distrito, zona onde a complementaridade nem sempre tem funcionado. Basta lembrar o caso do Centro Hospitalar do Médio Tejo, repartido por Abrantes, Tomar e Torres Novas. Serão essas cidades que terão de puxar pelo resto do pelotão, designadamente no que toca à “gestão e dinamização do ensino superior e politécnico”, refere o mesmo estudo, que menciona o Entroncamento como potencial pólo liderante no que toca ao “sistema sub-regional de transportes públicos”.Cooperação e solidariedade entre os diversos concelhos são aliás aspectos muito focados no documento, que destaca algumas áreas onde as parcerias para o desenvolvimento se podem “prever e justificar”. É o caso do ordenamento e gestão dos recursos hídricos - desde um correcto ordenamento das bacias hidrográficas à captação e tratamento de água para consumo – ou o da “captação e valorização do investimento (zonas industriais, parques de ciência e tecnologia, zonas para artefactos e pequenas e médias empresas)”. Programas de rede de comunicações e transportes poderão ser outros projectos a desenvolver pela futura comunidade urbana. Mas, como conclui o documento, até lá ainda há um longo caminho a percorrer. “O Médio Tejo necessita não apenas de um plano global de ordenamento territorial, mas também de programas de ordenamento mais específicos, para áreas limitadas, mais homogéneas, a identificar oportunamente”.Numa caracterização da região, os autores do estudo destacam “três cidades médias com uma boa estrutura socio-económica” – Abrantes, Tomar e Torres Novas – a que ainda se pode associar o Entroncamento. A densidade populacional aproxima-se da média da União Europeia e a estrutura da actividade económica, embora diversificada, apresenta um peso significativo do sector industrial e uma dinâmica crescente do sector dos serviços.Identifica ainda a actividade florestal como predominante no sector primário e refere que o turismo e o lazer estão em fase de consolidação e expansão. “Os transportes e comunicações poderão vir a desempenhar um papel fulcral”, destaca-se ainda.Apesar da visão optimista, o estudo alerta que “a evolução socio-económica revela-se instável – taxa de desemprego apreciável, crescimento populacional desequilibrado”, pois só Ourém e Entroncamento contribuíram para o ligeiro aumento da população na última década. E Ourém já decidiu acoplar-se à área metropolitana de Leiria.Por fim, refere-se que “o problema do Médio Tejo tem residido especialmente no atraso da expansão e consolidação das suas acessibilidades exteriores, na insuficiência das suas ligações interiores, na fragilidade relativa do sector de serviços, na fraca utilização e difusão das novas tecnologias e do nível ainda baixo de qualificação da sua população activa, face às exigências da economia moderna”. Constrangimentos aliás já identificados há muito por dirigentes políticos e empresariais da região.

Mais Notícias

    A carregar...