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Lauren Ferreira

37 anos, cabeleireira, Vila Franca de Xira

As mulheres são tão capazes ou mais ainda do que os homens. Além de mulheres, somos mães e educadoras e temos outra forma de ver os problemas da nossa sociedade. Já não somos aquelas “coitadinhas”.

As pessoas vêm ao cabeleireiro para acompanhar a moda?As pessoas vêm ao cabeleireiro por necessidade. As mulheres arranjam o cabelo porque trabalham, a profissão delas exige que estejam bem. A minha clientela adere a fazer madeixas e cor não só porque é moda mas porque gosta de estar bem. A mulher de Vila Franca acompanha a moda?Tenho a felicidade de ter uma clientela muito boa, receptiva a coisas novas. A maior percentagem vem uma vez por semana ou uma vez por mês. Em Vila Franca, a mulher não espera pelas alturas de festa ou do Natal para se arranjar.Considera que a mulher está a conquistar áreas na sociedade que em tempos estavam mais inclinadas para os homens?Sem dúvida. Olhando para Vila Franca percebemos isso. As mulheres são tão capazes ou mais ainda do que os homens. Se calhar têm outra sensibilidade e outra maneira de ver as coisas. Além de mulheres, somos mães e educadoras e temos outra forma de ver os problemas da nossa sociedade. Já não somos aquelas “coitadinhas”.Na Justiça, o caso Moderna e o caso Casa Pia podem contribuir para alterar alguma coisa no sistema judicial português?Por enquanto não tem sido uma Justiça muito justa ou muito clara. O caso da Casa Pia foi um escândalo para todos. Tenho medo que isto não venha a ser bem esclarecido e bem resolvido e que mais uma vez as coisas fiquem entre meios como acontece com muita coisa no nosso país. Acredita em tudo o que sai nos meios de comunicação social sobre o desenvolvimento destes casos?Não é dizer muito, mas sim dizer as coisas na altura certa e esclarecer as pessoas que estão cá fora. Nós não conseguimos ficar indiferentes a casos como este da Casa Pia. Como mãe, também me afectou e ficamos desiludidos com a sociedade em que vivemos. Acho que é preciso que a nossa justiça mostre tudo até ao fim. No contacto que tem com público, que lê as revistas cor-de-rosa no cabeleireiro, as pessoas geram uma ideia sobre as pessoas e com situações destas ficam impressionadas?Muitas vezes não os conhecemos pessoalmente, mas eles fazem parte e entram na nossa vida. Por exemplo, nos programas de Carlos Cruz, com a maneira dele falar e de estar na vida, acho que a maior parte das pessoas ficou admirada com o envolvimento dele no caso. Quando falo com as minhas clientes ficamos chocadas e abismadas por ver que não podemos acreditar quase em mais ninguém. O que acha da televisão que temos?É um bocadinho oca. O Big Brother muitas vezes só vai complicar a vida das pessoas e dos familiares e vem embrutecer a sociedade ainda mais. Não temos nada a aprender com aquele programa. Pode ser considerado uma invasão de privacidade?Eu acho que sim. Era incapaz de participar naquele concurso e ficaria muito triste se um dos meus filhos quisesse participar. A pessoa fica com a vida destroçada. Acho que Teresa Guilherme é que é o programa, de resto aquilo não ajuda nada nem ninguém.Ficávamos todos a ganhar se a televisão passasse outro tipo de programa nesse horário?A guerra das audiências faz com tudo aconteça e acho que a maior parte da nossa sociedade ainda está pouco receptiva a programas de cultura geral. Acho que o nosso país é que devia ter a preocupação de não deixar as coisas caírem no ridículo. Em vez de ver televisão é preferível sair à noite? Vale mais sair à noite e ir para fora ou a casa de uns amigos e partilhar algumas coisas boas da vida. Com as novas regras da adopção seria capaz de adoptar uma criança?Tenho dois filhos mas não teria qualquer problema em adoptar uma criança. Não é fácil, porque tudo isso implica outro género de situações.O que acha do sistema de ensino que existe em Portugal?Há sempre corrupção e não acho justo que alguém entrasse sem ter notas necessárias e sem ter trabalhado para isso. Dá para perceber que as coisas não funcionam bem. Temos um país governado à base de cunhas?Prefiro acreditar que temos um Portugal cada vez melhor, que as pessoas têm uma educação melhor e que todos temos de fazer um esforço. Mas infelizmente vive-se muito à base de cunhas.Concorda em não bater palmas e cantar na missa?Acho que já passou o tempo de irmos à missa e ouvir o senhor padre a falar e a dar-nos sono. A Igreja precisa de reformular muita coisa que não está bem e tem de acompanhar a evolução das coisas. Se cantarem na missa as pessoas sentem-se bem, seja em que religião for e onde for.Caso se venham a concretizar as novas medidas, os jovens podem ficar mais afastados da igreja?Acho que pode afastar os jovens, porque para termos a nossa fé não precisamos de estar a chorar, calados e tristes. Acho que a Igreja é para nos sentirmos bem e procurar ajuda nos momentos de tristeza e de alegria. É preciso ter fé?Todos temos de acreditar em alguma coisa e o importante é que as pessoas se sintam bem e felizes. Existe negócio em algumas igrejas fora da católica?Há uma exploração, nalguns casos, dos pontos fracos das pessoas. Mas se as pessoas derem porque estão bem e lhes apetece, tudo bem. Mas se as igrejas exigirem à pessoas um determinado valor do ordenado, isso já não concordo.

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