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A maternidade da música

Associação Canto Firme de pedra e cal no panorama cultural de Tomar

No edifício da Associação Canto Firme, de Tomar, respira-se música. Na grande sala de entrada chega o som melódico de um piano. Não se ouvem gritos, nem conversas de café. Respira-se paz. E é assim todos os dias.

Nasceu há 23 anos, através do coro de música da Nabantina, uma das sociedades mais antigas de Tomar. Em 1982 constituiu-se oficialmente como associação de cultura. Duas décadas depois é uma associação incontornável no panorama cultural da região. Chama-se Canto Firme e foi o berço de músicos como Carlos Moisés (vocalista dos Quinta do Bill), Jorge Rivotti ou Paulo Serafim.Começou apenas com meia dúzia de associados, já lá vão mais de duas décadas. Hoje tem mais de um milhar, dos quais 75 por cento com menos de 30 anos de idade. Uma obra cultural exemplar, num quotidiano onde impera o individualismo ditado pelas novas tecnologias.A escola de música é a parte mais visível da Canto Firme e está integrada na rede pública do ensino vocacional artístico. Quem quiser pode aprender piano, órgão, instrumentos de corda com violino, violoncelo, flauta bisel e transversal e muitos outros instrumentos. Ou trabalhar a voz, através das aulas de canto.Duas orquestras juvenis, o coro dos pequenos cantores, dois coros juvenis, dois grupos de flautas, três de música de câmara, uma oficina de teatro e um grupo de animação de rua e malabarismo fazem também parte do repertório da associação. Sem esquecer o coro misto, afinal aquele que há 23 anos atrás deu “à luz” a associação.Vivem pacificamente a relação com o município e, ao contrário de outras associações, não se queixam da falta de apoios. Fazem regularmente vários espectáculos por todo o concelho.O que não implica que não invistam fora de portas. O último trabalho exterior, por altura da Festa dos Tabuleiros, foi feito em parceria com a Comuna- Teatro de Pesquisa e financiado pelo Instituto das Artes e dos Espectáculo.Um trabalho sobre um texto original de Gil Vicente – O Auto da Alma - musicado por António de Sousa e encenado por João Mota que foi apresentado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e também em Coimbra, no Mosteiro de Santa Clara. A música que dá alma ao espectáculo está actualmente a ser gravada para ser editada em CD.A família canto firmeA Canto Firme funciona como uma família. Quem ali nasceu para a música ou para o teatro, volta sempre, mesmo que tenha há muito solto as asas e aprendido a voar para além das fronteiras do concelho.Carlos Moisés, vocalista dos Quinta do Bill, regressa “a casa” com uma frequência quase semanal. Jorge Rivotti, outro “bebé” musical nascido na Canto Firme aparece também algumas vezes, apesar de morar em Lisboa.Mais longe está Paulo Serafim, actual responsável pelo sector cultural da Casa do Inglês, em Silves. As centenas de quilómetros que o distanciam de Tomar são encurtadas com vários telefonemas. Para saber se a “família” ainda continua firme e a cantar.Alguns dos actuais professores da escola de música – com formação superior tirada em Lisboa – aprenderam ali os primeiros acordes de piano, de flauta ou de violoncelo.Apesar das centenas de alunos “aprendizes” da arte e da cultura e de mais de duas dezenas de funcionários contratados, a estrutura da Canto Firme continua assente na carolice dos seus órgãos directivos, que esticam as 24 horas do dia de modo a poder conciliar a sua actividade profissional e as relações familiares com o prazer de contribuir para o desenvolvimento artístico e cultural do concelho e da região.Margarida Cabeleira

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