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O criador online

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Tiago Pinto passa a maior parte do dia em frente ao computador

Tiago Pinto adora construir coisas no computador. Este criador de páginas de Internet, que teve o seu primeiro contacto com um computador aos 16 anos, já correu meio mundo atrás de um sonho – conseguir provar o seu talento.

Teve o seu primeiro computador aos 16 anos, algo tarde para um jovem dos dias de hoje, mas isso não impediu Tiago Pinto de, nove anos depois, ser o que na gíria informática se chama um verdadeiro nerd (maluquinho) do computador.E o jovem que até aos 17 anos tinha o sonho de ser jornalista de investigação em Portugal, passou a ser um barra da Internet, criando páginas para empresas, bandas de música e “o que apareça e me dê gozo”.Depois de ter colaborado em alguns jornais de Tomar, cidade onde nasceu, apercebeu-se que gostava mais de paginar e fazer maquetagem do que propriamente estar a escrever textos e apanhar “secas monstruosas em reuniões de câmara e assembleias municipais”.Não tirou nenhum curso específico e sempre se considerou um autodidacta. E uma pessoa insatisfeita, sempre à procura do trabalho com gozo, que lhe dissesse alguma coisa. Foi por causa desse espírito que, no 12º ano do curso de humanidades, decidiu desistir por não ser bem aquilo que queria. Mudou de curso, voltando a inscrever-se no 10º ano. E mudou também de cidade. Descreve a ida para o Porto como uma forma de expandir horizontes e aprender novas técnicas dentro da área da Internet. “Trabalhei numa empresa de edição de revistas técnicas”. Um estágio de quatro meses em que, diz, aprendeu mais do que tinha aprendido até então pelo facto de ter convivido com grandes profissionais da área.Findo o estágio, mais uma mudança de cidade, atravessando desta vez parte do Atlântico, precisamente até ao Funchal, “à procura de trabalho e sem quaisquer perspectivas profissionais e com vontade de voltar ao 10º ano, para aquela que ainda é hoje considerada a terceira melhor escola de artes em Portugal, a Escola Secundária Francisco Franco”.Arranjou um emprego “a ganhar muito pouco” mas rapidamente deu “o salto”, entrando para o departamento gráfico do Diário de Notícias da Madeira. A dedicação, o empenho total e o stress de um jornal diário levou-o a chumbar por faltas.Mas não está arrependido de ter seguido o seu sonho. “Tirei uma especialização, se é que se pode chamar assim, numa área onde ainda há muito poucos profissionais, que é a infografia, a transformação de fotos em desenhos”.Foi durante os seis meses que ali passou que ficou realmente convencido que era aquilo que queria fazer no futuro. Voltou para Tomar mas só para recuperar o fôlego. Quando recebeu uma proposta para ir trabalhar novamente para o Porto, a primeira vez como web designer, não pensou duas vezes.Há três anos entrou como criador de páginas de Internet na W Net, uma empresa que a crise se encarregou de fechar as portas. Mas antes disso já Tiago Pinto se tinha transferido para “a melhor empresa portuguesa de multimédia da altura, a Imediata”. Sempre atrás do sonho de ir mais além, aceitou o cargo de director criativo numa empresa da concorrência. Tinha 23 anos, mas apesar de terem desenvolvido alguns projectos importantes, a verdade é que os investidores estrangeiros deixaram de financiar a empresa, levando ao seu encerramento.Tiago Pinto regressou a Tomar, para debaixo das asas dos pais. Ainda sem ter terminado o 12º ano, mas ainda com vontade de regressar à escola. Ninguém pode acusar Tiago de não ser um jovem persistente.Desde Fevereiro de 2001, e depois de uma tentativa falhada de um negócio próprio na área da Internet – “comecei com investimento zero e acabei abaixo de zero, o que prova que sou melhor criador que empresário” – Tiago Pinto tem enviado currículos para tudo quanto é empresa da área, mas as respostas tardam em ser convincentes.Enquanto não arranja trabalho – “não gosto do termo emprego, trabalho dá muito mais a sensação de que se faz algo com as mãos” – o jovem de Tomar vai fazendo coisas soltas.Entre as quais o Tomar Posição, um site que nasceu de um “grito de revolta contra alguns poderes instituídos em Tomar, talvez há demasiado tempo”. O site não é mais que um fórum de discussão política e social, mais política que social, e tem cumprido com os objectivos que o jovem impôs a ele próprio – chegar aos 20 utilizadores em três meses. Hoje são 22 utilizadores devidamente registados, que diariamente vão dizendo o que lhes vai na alma.Mas continua insatisfeito por não ter um trabalho que desafie as suas capacidades, “de ter um superior que me diga preciso deste projecto até ao dia X e eu faço”.Mas não tem estado parado. Como free lancer tem executado alguns projectos para empresas mas preferencialmente para bandas musicais, tendo já ganho alguns prémios internacionais de desenho de páginas. “Os empresários, principalmente os do interior, ainda têm uma mentalidade muito fechada a este nível”.Tiago vive de e para a Internet. Levanta-se e a primeira coisa que faz é ligar o computador. Vai à casa de banho e regressa ao computador. Pára para almoçar (às vezes toma o pequeno almoço, o almoço e o lanche numa só refeição), bebe o café da praxe e volta para o ecrã. E muitas vezes é o seu pai que, pela noite dentro, o lembra que também precisa de dormir. Mas o mundo da Net nunca dorme...Margarida Cabeleira
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