uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

A cerveja e os seus “derivados”

Coleccionadores de artigos cervejeiros reuniram-se no sábado na Fábrica Cintra

A fábrica Cintra acolheu no sábado um encontro inédito de coleccionismo, que reuniu, pela primeira vez em Portugal, cerca de 150 coleccionadores de artigos cervejeiros.

Garrafas, rótulos, latas, livros, bases para copos, copos, painéis publicitários, relógios, “caricas”, entre outras curiosidades, estiveram patentes durante a manhã de sábado nas instalações da fábrica Cintra, em Santarém. O encontro de coleccionadores de artigos que têm a cerveja como fonte de inspiração foi organizado pelo Clube Espanhol de Coleccionismo Cervejeiro (CELCE).A maioria dos coleccionadores chegou de Espanha, até porque é no país vizinho que se encontra a maior organização de coleccionadores de artigos cervejeiros. Angel Gonzalez, de 50 anos, veio de Madrid e é bem o exemplo de atracção por aqueles artigos. É coleccionador desde 1975, época em que visitava países com grande tradição cervejeira, como a Bélgica e a Grã-Bretanha. “Este mundo ficou-me, desde então, impregnado”, confessa. É maioritariamente coleccionador de garrafas. Possui algumas mesmo muito antigas, do período entre 1870 e 1930, com gravações em serigrafia ou em relevo marcadas no vidro. Possui cerca de 300 garrafas espanholas e outras 100 estrangeiras, que se destacam pela fisionomia e constituição em cerâmica, loiça ou vidro. Aí figuram algumas da marca Sagres. A seguir surgiram os “modernos” rótulos nas garrafas.Este coleccionador espanhol não desdenha adquirir outros artigos. Posters de marcas já desaparecidas, bandejas do século XVII e até pequenas estátuas, como o padroeiro da cerveja, Gambrinus.Não é invulgar pagarem-se pequenas fortunas por algumas peças. Algumas miniaturas de vagões de comboios cervejeiros chegam a valer oito mil e dez mil euros. “Num leilão da conhecida casa Christys adquiri um poster de 1,5 metros por 1,3 metros por dois mil euros. Foi a minha maior loucura mas tem retorno, porque as peças valorizam-se bastante”, elucida. A maior colecção portuguesa conhecida, e que também esteve parcialmente representada em Santarém, pertence a Carlos Martins, de 45 anos. Para este lisboeta, delegado da CELCE em Portugal, “bastaram” 17 anos para conseguir reunir cerca de cinco mil copos e canecas de cerveja, além de inúmeros rótulos e milhares de calendários de várias nacionalidades. Autênticas relíquias de arte guardadas com grande estima.Rótulos da garrafas de cerveja dos anos 60 desvendam marcas de que os mais novos nunca ouviram falar, como a Melo Abreu, Pérola, Polar ou Estrela, passando pelas mais conhecidas Sagres e Jansen. Mas a sua preferência vai para os copos. E não tem poucos. Cerca de cinco mil exemplares. “A paixão começou cedo e foi-se apurando. Há pessoas que começam nos calendários e mais tarde mudam para as moedas. É uma questão de disponibilidade a todos os níveis”, sublinhou. Não é para qualquer fim que Carlos Martins se predispõe a investir. “Se tiver que despender 500 euros faço-o preferencialmente em artigos cervejeiros”, admite. Por isso não foi de estranhar ver os 14 copos que já seguiam na sua bagagem. O CELCE foi criado em 1987, em Valência, Espanha, por quatro amigos, coleccionadores de objectos publicitários cervejeiros. A sua principal actividade é a investigação e recolha de informação sobre objectos das antigas empresas cervejeiras, bem como a edição de uma revista e catálogos sobre esta temática.Actualmente, o clube conta com mais de 400 sócios, 22 dos quais portugueses, servindo igualmente de canal de comunicação entre coleccionadores deste tipo de artigos provenientes de todos os países, com destaque para Espanha, Argentina, Uruguai, Bélgica, Luxemburgo, Itália, Áustria, Ucrânia, além de Portugal.

Mais Notícias

    A carregar...