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Agiómaco Serafim das Neves

Agiómaco Serafim das Neves

Ai Jasus! Abrenúncio! Anda o diabo à solta em Rio Maior! No domingo abriu uma sex-shop a menos de trezentos metros de uma escola. O Presidente da cambra, que até nem sabia de nada, coitado, já prometeu o que prometem todos os políticos apanhados com as calças na mão. Vai estragar o negócio ao homem em menos de três tempos. E percebe-se porquê. Ainda se a sex-shop estivesse a trezentos metros e um centímetro, cumprindo assim as rigorosas medidas estabelecidas por lei… Mas, francamente, a menos de trezentos metros é um escândalo! Uma afronta! Um perversa perversidade de Satanás.Estas merdas dão-me cabo da tola, Serafim. Que puritanismo do carago! Que sacristice do camandro! Que beatice do escafandro! Que hipocrisia do calhamandro! Em vez de educar os putos afasta-se a loja. Esconjura-se o perigo. Espero que não se esqueçam de defumar o edifício e de pôr résteas de alhos à porta, depois da retirada de vibradores, algemas e preservativos com sabores.E já agora, não se esqueçam também, de afastar eventuais pedófilos, exibicionistas sexuais e outros pardais, da tal escola, esses sim, perigosos para a criançada. Para a coisa ficar mais completa a câmara deveria construir num raio de trezentos metros uma redoma de vidro para protecção de inocentes. E uma outra redoma em cada uma das habitações familiares. E à volta das televisões. Das com cabo e das com rabo. Principalmente das com rabo. Ele é cada rabiosque em horário nobre! E tudo ao léu, seja no Big irmão, seja em qualquer outro pastelão. Mais sex-shop que aquilo não pode haver, mas é muito mais fácil caçar votos fornicando a vida de um qualquer totó que abre uma loja para ver se enriquece à pressão, como é norma em Portugal, do que tratando de outros assuntos. E nós bem sabemos que os políticos vão sempre – e quem os pode levar a mal por isso – pelo caminho mais fácil. Estão-se cagando, na expressão feliz do dirigente socialista Ferro Rodrigues.Estão-se cagando eles e estou-me cagando eu para esta merdunça toda. Só quero ver se atrás das sex-shops também fecham estabelecimentos comerciais que vendem bebidas alcoólicas e que estão a menos de trezentos metros das escolas. E outras coisas do género. E que tal criar áreas desérticas à volta dos estabelecimentos de ensino, com um perímetro de trezentos metros? E já agora, porquê trezentos metros? Os cachopos não conseguem andar mais de trezentos metros? A trezentos metros as ótóridades já não conseguem ver nada? Grandes mistérios, Serafim, grandes mistérios!Como o sexo é terapêutico, nada melhor que transitar de imediato para os medicamentos. E isto a propósito de uma gripalhada das antigas que me atacou a estrutura. Como tinha tempo livre pus-me a ler a papeleta que vinha na caixa junto aos comprimidos – a bula, para que não se diga que nesta secção não se escreve português escorreito. A ler, não. A tentar ler. Aquilo são umas letrinhas que nem te conto. Mais enfézaditas que as dos contratos das seguradoras. Com os óculos grossos do meu vizinho consegui ver uns carreirinhos de formigas. Com uma lupa distingui umas letrinhas meio etruscas. Com uns potentes binóculos fui mais além.Calculo, Serafim, que se os papelinhos vêm nas embalagens, se destinem aos compradores. Mas nunca fiando. E é melhor parar por aqui estas landainas antes que receba um pedido de direito de resposta, em letras garrafais, de uma multinacional qualquer.Um bacalhau prazenteiro doManuel Serra d’Aire
Agiómaco Serafim das Neves

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