A saudade invadiu os corações de alguns habitantes de Benavente no reencontro com o cine-teatro da vila. O espaço, criado em 1949, foi remodelado, mas manteve a fachada e as principais características arquitectónicas. No regresso à sala de espectáculos muitos recordaram o primeiro beijo dado à namorada numa cadeira da última fila, as pevides que compravam no bar, ou a primeira actuação no palco que também recebeu estrelas nacionais.A primeira máquina de projecção de filmes em bobines gigantes e as montras que expuseram as novidades do comércio local, nos anos 50, 60 e 70, permanecem. A cerimónia de inauguração do espaço remodelado decorreu na tarde de sábado, 15 de Novembro, com mais de 250 convidados.O secretário de Estado da Administração Local, Miguel Relvas, e o presidente da Câmara Municipal de Benavente, António Ganhão, descerraram a bandeira portuguesa que cobriu a lápide que perpetua o acto inaugural. A obra, que custou 1,6 milhões de euros (320 mil contos), foi financiada pelo III Quadro Comunitário de Apoio em 65 por cento do valor total.O convite ao secretário de Estado foi como que um reconhecimento pelo empenho do governante, quando esteve comprometida pelo anterior Governo uma parte do financiamento que poderia atrasar a conclusão da obra.O presidente da câmara, António Ganhão não poupou elogios ao convidado de honra. “Tem sabido fazer a ponte entre o poder local e o poder central. Tenho apreço pela forma inteligente e colaborante que mantém com os autarcas deste país. Bem haja pela sua forma de estar, bem diferente de muitos governantes que já conheci”, disse António Ganhão.Na troca de “afectos”, o secretário de Estado da Administração Local salientou que estar em Benavente era um momento carregado de afectos pela ligação que tem com o concelho e com o seu edil. Miguel Relvas elogiou António Ganhão pela forma como sabe lutar para conquistar o melhor para o seu concelho.O edil considerou o cine-teatro um espaço multifuncional confortável e seguro e desafiou as associações e os cidadãos do concelho a participarem, activamente, na sua dinamização. António Ganhão elogiou todos os técnicos e funcionários municipais envolvidos na obra e pediu desculpa aos deficientes por não estar ainda implementada a plataforma de acesso, mas garantiu que, em breve, será concretizada para que todos possam usufruir do espaço.Aproveitando a presença de dezenas de autarcas, o secretário de Estado insistiu no discurso da “regionalização” salientando que o novo equipamento deve ter uma programação cultural de abrangência regional e não se poderá resumir apenas à população de Benavente.Miguel Relvas, que é presidente da Assembleia Municipal de Tomar, salientou que a região tem orgulho nos seus autarcas e está no pelotão da frente em matéria de qualidade do poder local. O governante deu como exemplo António Ganhão e Sousa Gomes (presidente da Câmara de Almeirim e da Associação de Municípios da Lezíria do Tejo) e insistiu no reforço das competências das juntas de freguesia porque “estando mais perto das populações podem fazer melhor e mais barato”.A noite de estreia não podia ser melhor, os 452 lugares sentados não chegaram e dezenas de pessoas ficaram privadas de assistir a um magnífico espectáculo com o maestro António Vitorino d’ Almeida e o cantor Carlos Mendes. As “Canções da Broadway” encantaram uma plateia de vários públicos. Quando há espectáculos de qualidade e são bem divulgados, os munícipes aparecem, mesmo que seja noite de futebol na televisão. A primeira parte foi dedicada à jovem benaventense Vânia Duarte que ganhou notabilidade com a sua passagem, pela Operação Triunfo na RTP. A cantora justificou o reconhecimento e a oportunidade concedida e foi premiada com uma mão cheia de ovações.Nelson Silva Lopes