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Santarém a perder influência

Santarém a perder influência

Parque industrial sujeito a críticas de empresários e autarcas

A estratégia Câmara de Santarém em relação ao futuro do parque industrial da cidade não foi poupada por alguns empresários e presidentes de junta de freguesia, na primeira de algumas reuniões a promover pelo Núcleo Nersant de Santarém.

A actual zona industrial de Santarém e a que está prevista para a quinta da Mafarra não satisfazem os empresários do concelho. Se no primeiro caso se constata uma crescente degradação das condições, já em relação ao futuro parque de negócios o problema é a sua área diminuta. A conclusão saiu do encontro promovido pelo Núcleo da Nersant de Santarém que juntou, na passada quinta-feira, 4 de Dezembro, na sede do Desenvolvimento Empresarial e Tecnológico (DET), uma dezena de empresários da região e os presidentes das juntas de freguesia da Romeira, Várzea e Azóia de Baixo. Além dos problemas cada vez maiores que se levantam na zona industrial, acresce a exiguidade dos 17 hectares da quinta da Mafarra para o parque de negócios de Santarém.Um dos elementos mais cáusticos do encontro foi o empresário Carlos Rodrigues, proprietário da empresa G. Rodrigues, com sede na zona industrial. Em seu entender, Santarém é uma cidade condenada ao fracasso, revelando que 16 empresas já abandonaram a zona industrial, algumas das quais trocando-a pela de Almeirim.O empresário sustentou que, em 35 anos, a Câmara de Santarém foi incapaz de adquirir um local para a zona industrial na quinta da Mafarra. “A localização da cidade é a melhor do país, e não é por acaso que a Unicer vai cá investir quase 60 milhões de euros, mas falta capacidade reivindicativa. Um bom exemplo é o Terminal Multimodal do Vale do Tejo (TVT), em Riachos, que é um buraco”, apontou.Uma opinião corroborada pelo empresário Vieira Vacas, que recordou como a autarquia não aceitou pagar 700 mil euros por 32 hectares de terreno na quinta da Mafarra e fê-lo em relação a 3,5 hectares da actual zona por cerca de 375 mil euros.Um responsável da empresa Apolinários, também com sede na zona industrial da cidade, acrescentou ao rol de críticas a falta de ordenamento. “Não há policiamento, estradas e passeios insuficientes, as empresas estão mal sinalizadas, há bloqueio de camiões à entrada dos portões, etc...”, comentou.O presidente da Junta de Freguesia de Azóia de Baixo, Ricardo Gonçalves (PSD), afinou pelo mesmo diapasão nas críticas aos responsáveis da edilidade que, em seu entender, manifestam não ter uma estratégia global para consolidar a zona industrial. O autarca perfilhou da ideia do economista Michael Porter, defendendo que “não seria má ideia apostar em clusters, como o da cerveja, por exemplo”.Já quanto à freguesia da Romeira, o presidente da junta, Luís Batista (PS), salientou que com a revisão do PDM ficará disponível uma “bolsa” de terreno para instalar duas ou três empresas na freguesia. Destacando ainda que o alargamento e arranjo da EN 362 e a construção da variante à Portela das Padeiras são passos fundamentais para a fixação de empresas naquela zona.Em representação da Câmara de Santarém, e na ausência dos esperados vereadores Joaquim Neto e Manuel Afonso, o assessor do presidente Rui Barreiro, Francisco Pereira, acabou por concordar com muitas das opiniões dos presentes, sustentando que urge regularizar a zona industrial. Segundo adiantou, “há condições para, no primeiro semestre de 2004, haver uma zona industrial com condições e empresas regularizadas”.Já quanto à Quinta da Mafarra, manifestou que os terrenos não são os mais adequados morfologicamente para um parque de negócios, mas assinalou que prosseguem as negociações com os proprietários daqueles terrenos.Francisco Pereira culpou ainda a administração pública por nesta se avaliar preferencialmente os passos legais dos processos em vez dos seus resultados. “Podem-se gastar milhões a mais numa obra mas o que importa é verificar o correcto andamento dos processos”, acusou. O exemplo foi complementado com o caso da instalação de uma unidade da Lactogal em Santarém, no qual a empresa vai avançar para um projecto de 75 milhões de euros sem a completa legalização do terreno.Na perspectiva do presidente do Núcleo da Nersant de Santarém, João Lucas, autarquias e autarcas devem aproximar-se das associações empresariais, numa alusão implícita à falta de elementos do executivo camarário naquele encontro. Segundo o próprio, existem em Portugal 608 associações empresariais, “o que só contribui para dispersar e não para unir”. Nesse sentido, sensibilizou os empresários presentes a verem a Nersant como um parceiro válido, apresentando os dados de crescimento daquela associação empresarial de Santarém.
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