Seis anos após a sua criação, a Rota do Vinho do Ribatejo (RVR) ainda não conseguiu afirmar-se como produto turístico. Num último fôlego, a Associação da Rota do Vinho do Ribatejo, que reúne os produtores aderentes e a Região de Turismo do Ribatejo, vai juntar-se às outras rotas do país formando uma associação nacional do sector. A ideia é promover este produto turístico como um todo e associá-lo a outras ofertas existentes nas várias regiões do território nacional. A ideia, segundo explicou o dirigente da Região de Turismo do Ribatejo Armindo Pinhão, responsável pela rota do vinho, é promover a imagem do país associando o vinho a outros motivos de interesse turístico do país. “Sem isto as rotas do vinho a nível nacional não se podem desenvolver muito, até porque é um produto turístico com um mercado muito limitado”, sublinhou. Nesta nova estratégia vai também envolver-se a Comissão Vitivinícola Regional Ribatejana, no sentido de se desenvolver a vertente comercial dos vinhos associada à componente turística. O objectivo é, principalmente, rentabilizar a Rota do Vinho do Ribatejo através da venda de vinhos nas adegas. Armindo Pinhão reconheceu que há algumas casas agrícolas, integradas na RVR, que têm conseguido dinamizar os espaços destinados à recepção de turistas e à realização de actividades mas em vertentes que nada têm a ver com o objectivo turístico da rota. “Normalmente, fazem festas e casamentos e não visitas guiadas e actividades ligadas ao vinho como estava inicialmente previsto”, sublinhou. Considerando que tem sido feito um esforço para sensibilizar os operadores turísticos a venderem este produto, Armindo Pinhão admitiu que tem havido pouco interesse. “O mais difícil tem sido convencê-los a vender a Rota do Vinho do Ribatejo”. Com a constituição de uma associação nacional das rotas e a mudança de estratégia de promoção, considera que a situação pode ficar mais facilitada. O fracasso em termos de funcionamento e comercialização da Rota do Vinho do Ribatejo já tinha sido noticiada por O MIRANTE em Fevereiro de 2001. Na altura, a Comissão de Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCRLVT) mandou fazer um estudo sobre a viabilidade da Rota do Vinho do Ribatejo e oito meses depois apresentou as conclusões. Com base em inquéritos aos 32 aderentes da rota e entrevistas a vários operadores e agentes de viagens, concluiu-se que os constrangimentos sentidos pela RVR “devem-se à sua própria incapacidade de se vender como produto turístico apelativo”. O diagnóstico permitiu ainda concluir que a Rota do Vinho do Ribatejo tem meios financeiros escassos e que os operadores sentem dificuldades em marcar visitas, já que muitas adegas estão fechadas ao fim de semana. A sinalização é outra das deficiências detectadas. Muitos diziam também que a rota precisa de elementos adicionais para ser atractiva, já que só o vinho não chega para aliciar os visitantes. A Rota do Vinho do Ribatejo é um produto turístico essencialmente dirigido a grupos, a partir das duas dezenas de pessoas. A Rota está organizada em quatro percursos: “Tesouro Gótico”, que vai de Azambuja à Golegã, passando por Santarém; “Touros e Cavalos” de Samora Correia e Coruche; “Beira Tejo”, que inclui Salvaterra de Magos, Almeirim e Alpiarça; “Tesouro Manuelino – Castelos Templários” que abrange Torres Novas, Tomar, Praia do Ribatejo, Sardoal e Tramagal. Em todas os percursos, podem visitar-se as adegas durante a semana nos horários de funcionamento. Mas se os visitantes pretenderem provas de vinhos, visitas às vinhas, ou almoços têm que fazer marcações prévias. A antecedência vai de um dia aos quinze dias. O mesmo acontece com os fins-de-semana, em que a maior parte das adegas estão fechadas, abrindo somente para receber grupos.