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Ideias em desenvolvimento

Ideias em desenvolvimento

Inovação e Tecnologia no Tagus Valley de Abrantes

Foi no dia 7 de Novembro de 2003 que o Centro de Incubação de Empresas Tecnológicas abriu portas. É o primeiro edifício do grande e ambicioso projecto que é o TagusValley - Parque da Ciência e Tecnologia do Vale do Tejo, localizado no antigo complexo da Quimigal, em Abrantes. Um projecto desenvolvido pela Câmara de Abrantes em parceria com a Nersant, que pretende desenvolver na região uma estratégia de inovação. É dentro desta estratégia que surge a Incubadora de Empresas, que nos últimos dois meses e meio tem sido a primeira casa de cinco empresas que se encontram em fase de desenvolvimento do plano de negócios. Esta semana vimos dar a conhecer duas delas: a Proqueima e a Tic-Tac.

Luís Lacerda inventou a Tic-TacArtesanato tecnológicoJá passaram uns bons anos desde que o engenheiro Luís Lacerda fabricava os seus brinquedos de madeira, com a ajuda de uma serrinha “tico-tico”. Também já vão longe as tardes quentes em Moçambique, quando brincava com os seus amigos ao Tic-Tac, um jogo tradicional de rua. Ainda assim, e como o próprio faz questão de salientar, é nessas experiências do passado que vamos poder encontrar a verdadeira origem da ideia de negócio “Tic-Tac”. “Imaginar - Construir - Inovar”, enumera Luís Lacerda, “são os três elementos que constituem o lema da Tic-Tac.””O que se pretende é que, já não manualmente mas através de um software específico, se domine o processo de concepção, que permite criar modelos tridimensionais para brinquedos de madeira, ou melhor, para puzzles tridimensionais, representando figuras humanas ou animais ou da paisagem humana ou natural. Esses modelos serão posteriormente produzidos em equipamentos tecnologicamente avançados. Poderíamos designar esta actividade por  artesanato tecnológico”, explica.E é precisamente neste ponto, que o Tecnopolo trouxe excelentes oportunidades ao criador da Tic-Tac. “Já pude tirar partido de uma parceria com a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, que foi um passo fundamental na emergência desta empresa, porque foi através dessa troca de conhecimentos, que pude ter acesso a este software.”, salienta. Luís Lacerda confessa inclusivamente que foi a candidatura ao Centro de Incubação que o levou a antecipar a formalização da sua ideia de negócio, que até então não tinha passado de um exemplo teórico, das suas aulas de Gestão Empresarial, um curso no âmbito da Fordesq.”Chegaram-me às mãos jovens bacharéis e licenciados, mas desempregados, com formação em áreas tão distintas como a arquitectura, a economia, biologia, línguas e literaturas modernas, e outras... As minhas aulas consistiam em ajudá-los a desenvolver um plano de negócios a partir de um produto, este mesmo, os brinquedos de madeira. E então pensei, porque não levar à prática tudo isto?”, explica.Luís Lacerda não tem objectivos últimos, mas já definiu algumas prioridades. “Até ao fim da Primavera queremos definir o modelo de desenvolvimento da empresa, que pode seguir dois percursos. Ou tentamos aceder a capital de risco, a fim de termos uma estrutura completa: concepção, produção e comercialização dos brinquedos. Ou fazemos uma parceria com fabricantes nacionais de brinquedos, de forma a ajustar competências; isto é, o fabricante encarregava-se da produção e nós garantíamos a concepção, gestão de produção e a comercialização”, refere.Para além disso, a intenção da Tic-Tac é exportar a maioria dos brinquedos para países onde existe uma maior tradição nos brinquedos de madeira, tendo sido já identificados três potenciais destinos - França, Reino Unido e Alemanha.Por isso, nesta fase inicial, muito do tempo que Luís Lacerda dedica à empresa destina-se à análise de estudos de mercado, que o deixam confiante. “Para já temos por público alvo, as crianças, rapazes e raparigas, dos 5 aos 9 anos, mas por aquilo que tenho verificado, este é um mercado bem mais amplo, que pode chegar aos adolescentes e até aos adultos.Mas, e diz o próprio citando a sabedoria romana, “devagar que temos pressa. Temos que dominar a ferramenta (leia-se software), porque é nesta forma inovadora de concepção que está a diferença da Tic-Tac. Sem gastarmos um cêntimo, conseguimos produzir modelos, onde podemos simular texturas, restrições dimensionais e outros tantos aspectos. E ao dominarmos a ferramenta de concepção, a criatividade não tem limites, podemos chegar onde quisermos”, diz cheio de entusiasmo.Proqueima inova nas tecnologias da incineraçãoAo serviço do ambiente”A ideia de negócio que está por trás da Proqueima surge da percepção de que existe um vazio na área da construção e montagem de equipamento de incineração, em Portugal. É verdade que já existem representantes de fabricantes estrangeiros que comercializam cá equipamento deste tipo, mas acredito que se houvesse um fabricante nacional poderia ser criada uma maior proximidade com o utilizador, em tudo vantajosa. E mais tudo o que puder ser feito em Portugal representa mais riqueza que entra e menos dinheiro que sai”.Palavras do engenheiro José Manuel Martinho, responsável pela Proqueima e um homem que se autoclassifica de persistente, por vezes até teimoso. Qualidade que, aliás, parece ser imprescindível quando se pretende criar uma empresa numa área tão controversa, quanto tem mostrado ser a incineração.”A maioria das pessoas recusa ter uma incineradora a funcionar junto das suas casas, mas esquece-se que produz lixo todos os dias. É necessário explicar e sensibilizar as pessoas para esta realidade, mas isso leva algum tempo”, comenta José Martinho.Por este motivo, um dos objectivos que a Proqueima pretende cumprir a curto prazo é precisamente a sensibilização junto das empresas, suas futuras clientes,   particularmente nas áreas da suinicultura, indústria agro-alimentar e química.”Temos que perceber que a incineração é uma tecnologia perfeitamente estabelecida em países com políticas ambientais de vanguarda, como os Estados Unidos e vários países da União Europeia. As empresas portuguesas têm que compreender que é preciso olhar para a questão dos resíduos de uma forma ambientalmente actualizada”, explica o ‘pai’ da Proqueima. Ainda que os equipamentos relacionados com o ambiente sejam encarados, de facto, como “alternativos”, por não serem bens de consumo e geradores de “custos e investimentos” suplementares, José Martinho mostra-se confiante: “Esta modernização das empresas na área ambiental pode ser gradual, lenta até, mas eu acredito mais em mudanças deste tipo, do que em mudanças radicais, que não são sustentáveis. Mas temos que trabalhar na sensibilização.”É precisamente nesta fase de arranque de uma empresa, que nem sempre se apresenta fácil, que projectos como o Tecnopolo e o Centro de Incubação em particular, desempenham, para José Martinho, um papel importante.”O Tecnopolo é uma iniciativa óptima. No caso da Proqueima, uma empresa que arranca do zero, numa área de mercado que tem que ser construída  passo a passo, o facto de se poder aceder a infra-estruturas, tais como o espaço para o estabelecimento provisório, e apoio administrativo, é bastante positivo”, realça.Mas para o responsável pela Proqueima, ser parceiro do TagusValley implica corresponder com um bom trabalho. “É preciso fazer projectos inovadores, que possam levar a região para a frente. O tecido industrial está envelhecido e precisa de ser renovado. E há possibilidades de cada um na sua área desenvolver estratégias de inovação”.O contributo da Proqueima, neste sentido, já está bem definido. José Martinho tem nos seus horizontes, não muito longínquos, a criação de uma fábrica de equipamento de incineração de pequeno porte, de instalação local, a fim de resolver a eliminação dos resíduos na fonte.A fábrica será construída no eixo Torres Novas - Abrantes, trazendo por isso uma mais valia evidente para uma região, que, remata José Martinho, “precisa de empresas industriais. O prestígio de uma região mede-se pela capacidade técnica e tecnológica que tem”.E a Proqueima promete vir a dar um bom contributo nesta matéria... e vai fazê-lo no Vale do Tejo.
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