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Foi o vinho que lhe deu alma

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Fazendas de Almeirim é constituída por gente oriunda

Fazendas de Almeirim é a freguesia rural mais próxima da sede de concelho, por isso tem já alguns traços urbanos. O problema é que a localidade cresceu desordenadamente.

Já foi conhecida pela terra do vinho a martelo. Mas a freguesia de Fazendas de Almeirim, concelho de Almeirim, conseguiu limpar essa imagem com o esforço e dedicação de muitos produtores. Ao longo dos 56 quilómetros quadrados de área há extensos vinhedos bem cuidados, que dão, sobretudo, um vinho branco encorpado. Em tempos que já lá vão havia centenas de adegas particulares. Hoje já são muito poucos os que fazem vinho em casa. A agricultura é, por isso, a ocupação principal de grande parte dos oito mil habitantes espalhados pela sede de freguesia e pelas localidades de Paço dos Negros e Marianos. Pessoas hospitaleiras e simples que descendem de uma mistura de gentes de várias zonas do país. Para o presidente da junta de freguesia, Manuel Bastos Martins, “mais de metade da população tem as suas raízes em pessoas de pontos distantes do território nacional”. Gente que vinham para a zona de Fazendas trabalhar nas vindimas e acabava por se fixar na vila, situada a quatro quilómetros de Almeirim, sede de concelho. É natural por isso encontrar-se muita gente com apelidos iguais aos nomes de várias localidades portuguesas. É que com o passar do tempo muitos foram adoptando o nome da terra de onde tinham as suas raízes. Aliada à vitivinicultura estão algumas tradições como a matança do porco que, no entanto, está a ficar em desuso. Dizia-se antigamente que “o porco era o governo da casa”. Era a carne que alimentava a família o ano inteiro. A matança era uma festa de família, onde se comia e bebia durante todo o dia enquanto se “desmanchava” o animal, que, cortado em febras ou em lascas de toucinho, era colocado em salgadeiras para ficar conservado. Normalmente a matança do porco era feita no Inverno. Primeiro, porque o tempo frio conservava melhor a carne. Em segundo, porque nessa altura já havia água-pé e vinho novo. Aliava-se o útil ao agradável. O principal problema da freguesia passa pelas dezenas de arruamentos em terra batida. Apesar de, nos últimos anos, ter havido um esforço para alcatroar muitas das estradas, estima-se que cerca de metade esteja a precisar de ser arranjada. Uma situação que se deve ao crescimento desordenado da freguesia. Durante muitos anos construiu-se em todo o lado sem uma planificação urbana, o que fez aparecer pequenos aglomerados residenciais dispersos. Só nos últimos anos se começou a ter atenção ao ordenamento. Apesar disso, a freguesia está dotada quase a cem por cento de saneamento básico e de água canalizada. Falta apenas uma ou outra casa mais isolada. A segurança é outro factor de preocupação para a população e para a junta de freguesia, que tem vindo a bater-se pela instalação de um posto da GNR na vila. Segundo Manuel Bastos Martins, o posto de Almeirim tem um reduzido número de efectivos e o policiamento da freguesia fica para segundo plano. Houve uma altura em que havia assaltos quase todas as semanas. Os alvos principais eram o posto médico e as escolas.A nível da educação, a freguesia está bem servida. Tem uma escola do segundo e terceiro ciclos, quatro escolas primárias e dois jardins de infância, um deles privado. Na área desportiva conta com um pavilhão desportivo e um campo de futebol relvado, para além de dois campos pelados que vão ter relva sintética. Em Paço dos Negros também há um campo de futebol. Nos últimos tempos também houve um interesse pelo motocross e surgiram duas pistas onde se fazem provas nacionais. Mas há outros sectores onde a freguesia é deficitária, como no que respeita ao apoio à terceira idade. Só há um centro de dia. Faz falta um lar, apesar de haver um na freguesia, mas é privado e não se dirige às pessoas com mais fracos recursos. O posto dos correios também não está ao nível do desenvolvimento da freguesia que, nos últimos dez anos, teve um grande crescimento urbanístico. Os correios só funcionam da parte da tarde, com apenas um funcionário, o que faz com que muita gente tenha que se dirigir a Almeirim. Tem-se assistido também ao êxodo das pessoas de Almeirim e arredores para a freguesia. O que se compreendo pelo facto dos terrenos para construção serem mais baratos. Mas também porque a freguesia, apesar das suas características rurais, está a dois passos do progresso. Encontra-se num eixo a poucos quilómetros do IC10 e da futura Auto-Estrada 13. Apesar de haver inúmeros restaurantes há quem defenda que faz falta pelo menos um restaurante mais típico onde se possam comer petiscos característicos da zona. De resto há talhos, lojas de roupa, supermercados. Mas muita gente continua a preferir fazer compras nas duas grandes superfícies de Almeirim. Nos próximos anos também vai ser inevitável construir uma zona de actividades económicas para melhorar a imagem da vila, a qualidade de vida das pessoas e arrumar as zonas populacionais. É que existem inúmeras oficinas, serralharias e outras empresas instaladas no meio de casas de habitação, provocando ruídos, cheiros e muitos inconvenientes. Por tudo, isto Fazendas de Almeirim é uma freguesia tipicamente rural, já com alguns traços de vida urbana potenciados pelo desenvolvimento dos últimos anos. Mas para que a freguesia ganhe uma imagem mais ordenada vão ser precisos muitos anos e um grande esforço na correcção de erros do passado.
Foi o vinho que lhe deu alma

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