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Movimentos pró-concelhos admitem boicotar eleições

Movimentos pró-concelhos admitem boicotar eleições

Encontro Nacional em Samora Correia

Dez movimentos de freguesias que lutam por ser concelho admitiram aconselhar os eleitores a não votarem nas próximas eleições europeias. O encontro nacional foi no sábado em Samora Correia e os movimentos exigiram explicações do Presidente da República.

Dez dos 14 movimentos que lutam pela elevação das suas povoações a concelho decidiram no sábado, 31 de Janeiro, em Samora Correia, unir esforços e desencadear uma série de acções que poderão passar por manifestações e pelo boicote às eleições europeias.Reunidos pela terceira vez desde que no Verão passado renasceu e foi de novo enterrada a esperança de verem as suas pretensões aprovadas na Assembleia da República, cerca de meia centena de representantes dos movimentos de Samora Correia, Amora, Cernache de Bom Jardim, Ericeira, Ermesinde, Esmoriz, Quarteira, Rio Tinto, Sacavém e Tocha decidiram recuperar a associação “Pró Municipalis” e pedir uma audiência ao presidente da República.A decisão de unir esforços e, a partir de agora, concertar posições de força foi consensual, como forma de pressionar os políticos a alterarem a lei-quadro de formação de novos municípios, não “à la carte”, ao sabor de promessas eleitorais, mas tendo em conta uma realidade que, no seu entender, não se coaduna com uma organização administrativa feita há século e meio.Os participantes no encontro decidiram encetar o processo de alteração dos estatutos da “Pró Municipalis” (que incluía apenas cidades), de forma a poder acolher todos os movimentos pró- concelho existentes no país e elaborar uma carta aberta ao presidente da República, pedindo-lhe que ouça as suas razões, já que nenhum passo foi dado desde a sua recomendação para a elaboração de um “livro branco” sobre o assunto.Se não houver uma resposta a esse pedido até ao final de Março, o movimento terá a sua próxima reunião, em Abril, nos jardins frente ao Palácio de Belém, num cenário que incluirá cartazes, bandeiras e milhares de pessoas de todas as freguesias.A possibilidade de promoverem uma manifestação frente à Presidência da República ou da Assembleia da República ficou em aberto, indo igualmente cada movimento analisar a proposta de ser feito um “convite” às populações de todas estas freguesias para que não votem nas eleições para o Parlamento Europeu, que se realizarão em Junho.A adopção de acções com maior visibilidade que atraiam a comunicação social foi apontada como a única forma de conseguirem os seus objectivos, tendo em conta os exemplos de Vizela e Canas de Senhorim.As ausências de Canas de Senhorim e Fátima, apesar das justificações dos seus responsáveis, foram lidas pelos presentes como sinal de que os “retoques” que estarão a ser dados à lei- quadro na Assembleia da República visarão dar cumprimento à aprovação da criação destes concelhos, entretanto vetada pelo Presidente da República. Lixa e Pinhal Novo não compareceram nem justificaram a sua ausência no encontro.Os representantes de Sacavém e Rio Tinto insistiram na hipótese dos movimentos criarem listas de independentes às próximas autárquicas, a exemplo do que já acontece em algumas das freguesias. Por exemplo, em Samora Correia, a junta caiu em protesto contra ao não agendamento dos projectos de lei para a restauração do concelho e uma lista de independentes ganhou as eleições. O presidente Paulo Português esteve presente no encontro ao lado da presidente da assembleia de freguesia, Celeste Simões, também eleita pela lista independente “Samora Agora”. Presidente da Câmara de Benavente surpreendeu participantesGanhão considera legítima a aspiração de Samora“Ninguém de Benavente pode deixar de compreender as razões que motivam os cidadãos de Samora para a sua legítima aspiração de ser concelho. Antes pelo contrário, tem o dever de estar solidário”. O discurso do presidente da Câmara Municipal de Benavente, António José Ganhão (que é também vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses) surpreendeu a maioria dos representantes dos movimentos.Os participantes de Amora, Rio Tinto, Tocha, Esmoriz e Quarteira consideraram que esta é uma excepção e deram conta das dificuldades que têm sentido no relacionamento com os autarcas que dirigem os concelhos onde estão inseridos. “Eu gostava que o presidente da Câmara do Seixal ouvisse este discurso e que o senhor presidente levasse esta mensagem a todos os autarcas do seu partido”, disse Conceição Lousada da Associação para o Progresso de Amora.O edil de Benavente reafirmou a sua convicção na justeza da restauração do concelho de Samora. António Ganhão defendeu uma nova lei quadro para a criação de municípios e uma revisão administrativa do país para “criar um Portugal melhor”. O edil deixou uma palavra de esperança aos movimentos presentes. “O caminho faz-se lutando”, disse.Fátima e Samora Correia são as únicas freguesias que têm pareceres favoráveis à criação dos respectivos concelhos aprovados por unanimidade por todos os órgãos autárquicos, incluindo a câmara e assembleia municipal.
Movimentos pró-concelhos admitem boicotar eleições

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