O lixo como aposta estratégica
Assembleia Municipal de Chamusca aprova suspensão de normas PDM com vista a captar novos investimentos
A Câmara de Chamusca aprovou a suspensão do PDM que lhe vai permitir afectar mil hectares de terreno para instalação de indústrias ligadas ao tratamento e reciclagem de resíduos.
O executivo da Câmara Municipal da Chamusca está interessado em criar um pólo de desenvolvimento económico no concelho baseado no sector da reciclagem de resíduos. Na sexta-feira, 13 de Fevereiro, foi dado mais um passo nesse sentido ao ser aprovada na assembleia municipal uma proposta de suspensão das normas do Plano Director Municipal (PDM), de forma a poder destacar, com a máxima urgência, uma parcela de terreno com cerca de mil hectares que integra a Reserva Agrícola Nacional (REN), para ser usado para esse fim. O terreno que a autarquia chamusquense pretende desafectar da REN situa-se nas imediações dos aterros de resíduos domésticos e de resíduos industriais banais - localizados na freguesia da Carregueira – para onde o executivo pretende atrair empresas de reciclagem e tratamento de lixos e também um dos possíveis aterros de resíduos perigosos, que estão em estudo para ser construídos em Portugal. O presidente da Câmara de Chamusca, Sérgio Carrinho (CDU), garantiu aos membros da assembleia que a criação de um pólo de tratamento e reciclagem do lixo “é uma aposta de carácter estratégico de todo o executivo que a curto prazo pode dar uma importância ao concelho da Chamusca a nível de toda a região”. A medida aprovada de suspender as normas do PDM é legal e serve precisamente para avançar com o destaque dos terrenos, porque existe já uma empresa a necessitar de construir as suas instalações naquela zona. Os vereadores Fernando Pratas, do PS, e João Amaral Neto, da coligação PSD/CDS, garantiram que esta estratégia de aproveitamento das potencialidades das indústrias de reciclagem e ambiente é uma aposta correcta. “É um pólo industrial que só pode vir a crescer e a trazer benefícios para todo o concelho”, referiu o vereador do PSD. Sérgio Carrinho garantiu que o executivo está a fazer um grande esforço para se preparar para esta possibilidade de transformar o concelho no pólo industrial do lixo. Os autarcas já visitaram vários aterros e pólos do género. “Estamos a aprender porque queremos estar preparados para sabermos lidar com esta indústria, que não é melhor nem pior do que as outras”, garantiu o presidente. Curiosamente, a única contestação veio da bancada do PSD. A presidente da Junta de Freguesia da Chamusca, Aurelina Rufino, perguntou se estavam a ser equacionados todos os problemas que daí podiam vir, se tinham sido averiguadas as notícias sobre a poluição da ribeira que recebe as águas do aterro e se é verdade que uma fábrica de Pombal está a colocar o lixo que Leiria não quer no aterro da Chamusca. “Ou só estamos a olhar para os males dos outros e esquecemos os que podem vir para o nosso concelho”, referiu Aurelina Rufino. A resposta veio pronta da parte de Fernando Pratas, que garantiu que não há razão para ter medo de ali se criar um pólo industrial na área dos resíduos e desvalorizou as notícias vindas a lume sobre a poluição da ribeira. “É muito estranha a altura em que essas notícias vieram a lume. Sabemos que a concorrência é muito grande e por isso todos os métodos de luta são possíveis”. E o vereador do PS foi mais longe: “Embora nenhuma queixa tenha chegado à câmara, eu na altura percorri todo o percurso da ribeira e não vi vestígios de qualquer poluição, por isso digo para tirarem daí as conclusões que quiserem. Nós estamos a fazer tudo para que no dia em que se colocar a questão de se avançar ou não para a reciclagem e tratamento do lixo no local, estarmos preparados para os receber”, garantiu o vereador. Sérgio Carrinho secundou as palavras do vereador da oposição, acrescentando que o acompanhamento das descargas no aterro é feito normalmente e que ele serve para receber lixo de todo o país. Referiu ainda que, pelo que é descrito nas fichas de entrada, não foi ali colocado nenhum lixo que não estivesse dentro das normas legais. A presidente da Junta de Freguesia da Chamusca, falando então na qualidade de porta-voz do PSD, avançou com a ideia de se aproveitarem todas estas forças para se criar na Chamusca uma escola superior na área do ambiente.
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