uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Uma época de exageros e estupidez

Uma época de exageros e estupidez

Nem toda a gente gosta de brincar ao Carnaval

A vida são dois dias e o Carnaval são três, diz a sabedoria popular. Mas há quem não veja a quadra que atravessamos com esses olhos e mantenha uma postura mais sisuda, não embarcando em folias nem em exageros.

Enquanto milhares de pessoas se divertem em folias de Carnaval, há outras que não apreciam ou que são assumidamente contra esta época de brincadeiras. Umas por razões que lhes marcaram negativamente a vida, outras porque o feitio e a educação que tiveram não combina com o espírito de chacota que por vezes entra no campo dos excessos.O presidente da Liga para a Protecção da Natureza e director do monumento natural das pegadas de dinossauro da Serra D’Aire é um dos que está literalmente contra o Carnaval. Para José Alho “o Carnaval evidencia o pior que há na estupidez humana”. E explica a frase com o facto de nesta época se “confundir brincadeira com agressividade”. “Todos os anos, há crianças que ficam feridas devido às bombinhas”, exemplificou. “Este lado mais estúpido do Carnaval é que leva a não ligar a esta época. Compreendo o papel desta quadra festiva, mas só o poderia aceitar se as brincadeiras que se fazem não tivessem impactos negativos e agressivos”, reforçou José Alho. Levar com ovos podres na cara ou ficar com a roupa suja de farinha e água não é muito agradável. Mas não é apenas por isso que o comandante dos Bombeiros de Almeirim evita o Carnaval. Nestes dias de festa José Alberto Vitorino evita brincadeiras, foge dos desfiles carnavalescos como o diabo da cruz, porque há mais de 30 anos, quando em muitos lados se faziam brincadeiras, estava a meter três colegas dentro dos caixões. “Na véspera de Carnaval de 1973 estava na Guerra Colonial. A nossa companhia foi rendida por outra e os nossos colegas foram fortemente atacados tendo morrido três soldados. Como era enfermeiro militar tive que os preparar para mandar para Portugal. Por isso nestas alturas lembro-me sempre desse episódio que me marcou a vida”, justificou. Mas, para além disso, José Alberto Vitorino considera que se perdeu o espírito carnavalesco de quando era ainda jovem. O Carnaval trapalhão feito pelos pobres, em que as brincadeiras, em vez de partidas de mau gosto, assentavam na sátira e na crítica social e política. “Hoje as pessoas não aceitam as críticas e transformou-se o Carnaval em algo desvirtuado. É uma cópia do que se faz no Brasil”, comentou. Na classe dos políticos também há quem não aprecie esta quadra. É o caso do presidente da Câmara do Entroncamento. Jaime Ramos que até gosta de ver as crianças mascaradas, mas tudo o que for além disso é demais para o seu carácter. Por isso o autarca nunca foi assistir a nenhum corso de Carnaval. “Há exageros nesta época e isso para além de fazer com que não me interesse por esta época, incomoda-me”, salientou. O presidente do Instituto Politécnico de Santarém, Jorge Justino, também não é pessoa dada a grandes folias, apesar de já ter participado em brincadeiras com os amigos. Mas actualmente esta quadra não lhe diz nada. “É uma questão de rotina da vida. De valores pessoais. Apesar de compreender que há pessoas que precisam desta altura para libertarem as energias e esquecerem as preocupações”, contou.
Uma época de exageros e estupidez

Mais Notícias

    A carregar...