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Em nome do cifrão

Fiquei perplexo com as declarações que nos últimos tempos têm sido atribuídas ao presidente da Câmara de Tomar e da Associação de Municípios do Médio Tejo sobre a criação da Comunidade Urbana do Médio Tejo (CUMT) e a sua eventual ampliação até à raia, com a integração de concelhos como os de Castelo Branco e Idanha-a-Nova.Diz António Paiva, e ainda não lemos qualquer desmentido, que essa ligação até faria sentido, dando o exemplo da A 23 e do Tejo como factores de coesão. Esses argumentos até poderiam ser válidos noutro contexto, não fosse o caso de não terem servido quando se tratou de falar da junção do distrito de Santarém numa área metropolitana, rejeitada liminarmente por esse e outros autarcas do norte do distrito.António Paiva explica agora nos jornais que os que condenam a fractura do distrito de Santarém e uma eventual ligação do Médio Tejo ao interior “ignoram a realidade”. E que realidade é essa? Diz o presidente da Câmara de Tomar que a vocação do Médio Tejo é completamente distinta da que existe na Lezíria do Tejo, que é mais agrícola e privilegia uma ligação à cintura urbana de Lisboa.Apetece perguntar se as centenas ou mesmo milhares de pessoas que todos os dias apanham o comboio em Tomar ou no Entroncamento para trabalhar na Grande Lisboa não constituem uma efectiva, concreta e não abstracta mas humana ligação à capital? E, já agora, se só há agricultura na lezíria?Diz ainda António Paiva que o Médio Tejo é uma região florestal e com maior dinâmica empresarial. Apetece perguntar que dinâmica empresarial tão distintiva é essa que levou, na última década, ao encerramento de unidades industriais emblemáticas em Torres Novas, Abrantes ou Tomar, de que o penoso processo de falência da papeleira Matrena é apenas um entre vários exemplos. E será que concelhos como Chamusca, Coruche, Rio Maior ou mesmo Santarém são menos florestais que Torres Novas, Abrantes ou Tomar? Basta conhecer um pouco a realidade do distrito de Santarém, e já agora da Beira Interior onde se integra Castelo Branco, para se desmontar ponto por ponto a argumentação exposta. Diga-se claramente que o que se quer é ir buscar mais uns fundos a Bruxelas via Intereg – um programa destinado a investimentos em regiões fronteiriças - e deixemo-nos de conversa fiada.O mais curioso, mas nada estranho, é que os ideólogos desta solução sejam alguns dos que, em 1998, durante a campanha do referendo sobre a regionalização, se bateram arduamente contra a diluição da coesão e identidade do distrito de Santarém numa região que englobasse também a Estremadura. Identidade e coesão que agora mandaram às malvas. Em nome do eterno cifrão e de mais algum poder…Júlio Semedo – Almeirim

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