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O programador informático

O programador informático

Miguel Santos percorre todos os dias mais de 200 quilómetros

Desde pequeno que Miguel Santos se interessa pelas novas tecnologias. Como nas suas brincadeiras entrava quase sempre um computador não é de estranhar que hoje, com 35 anos, tenha como profissão a programação informática.

Um programador de informática pode, geralmente, trabalhar com qualquer linguagem. Aquela com que Miguel Santos trabalha chama-se sistema AF400, da IBM. A diferença está no facto do AF 400 não ser uma plataforma com ambiente gráfico, isto é, com “rosto”. Os monitores têm o fundo preto e as letras aparecem a verde. Se mesmo assim não chegar tente lembrar-se dos computadores que existem nos balcões dos bancos ou das seguradoras. Todas essas instituições têm uma plataforma AF 400 por detrás.“Sempre tive tendência para a informática”, confessa Miguel. Em pequenino tinha um computador e passava o tempo a brincar com ele, a fazer jogos e a pesquisar. “A seguir veio outro mais potente e por aí fora, até que se chegou à era dos PC’s”.Os jogos sempre foram apenas um complemento, mais para descontrair. O que Miguel gostava, com 16, 17 anos, era de fazer já uns programas pequenos. Era mais de pesquisar, investigar, inventar, como o próprio diz. Quando acabou o 12º Ano, da área de informática, optou por tirar um curso superior na área da informática de gestão. Estava a meio do curso quando lhe surgiu a oportunidade de tirar um curso específico na multinacional IBM (o tal de AF400).“Em termos informáticos, a região de Santarém estava na altura muito fraquinha e por isso não quis perder a oportunidade de ter um curso com a certificação de uma empresa como a IBM, que me poderia abrir portas no futuro”, diz Miguel, que pagou “uma pipa de massa” pelo curso. Mas sem arrependimentos.O curso levou-o para uma área que desconhecia por completo – o AF 400 – que está por detrás de todo o sistema informático da banca e dos seguros. Um sistema que terá, na opinião de Miguel, um fim à vista, ficando gradualmente apenas como repositório de base de dados. “O sistema não vai morrer, morre é o aspecto que actualmente tem”.Antecipando essa situação o programador virou-se para a criação de sites de Internet. Um hobbie que lhe ocupa grande parte do tempo livre, que já de si não é muito se se tiver em conta que Miguel mora em Constância e trabalha em Lisboa.Morar a mais de cem quilómetros do local de residência só é possível graças à flexibilidade de horários. Miguel costuma chegar à empresa por volta das 10h30 da manhã, já depois de ter deixado o filho de oito meses em casa dos avós, em Torres Novas.Ao contrário da grande maioria da população residente fora da capital, o programador não utiliza o comboio como meio de transporte. “Imaginar que tenho de passar pelo menos uma hora dentro de um comboio e mais três quartos de hora dentro do metro é demais para mim”, diz, adiantando que é uma perda de tempo.Miguel gosta de ser ele próprio a marcar o seu ritmo. Enquanto percorre a A23 e a A1 leva o rádio ligado nas notícias e telefona também para as estações que dão informações de trânsito na hora. É por isso que consegue quase sempre “fugir” às filas de trânsito, apanhado caminhos alternativos para chegar a horas à Praça de Espanha. “Tenho colegas meus que moram na periferia e que demoram tanto ou mais do que eu a chegar ao emprego”, garante.Morar em Lisboa está fora de questão, afiança quem já viveu essa experiência. “Prefiro ir e vir todos os dias e ter uma vivenda e um pedaço de terra do que morar num caixote”, refere o programador, que confidencia detestar Lisboa. “Mas não estou sozinho, basta ver as auto-estradas cheias às sextas-feiras”.Miguel tenta fazer o seu trabalho de modo a poder sair antes das 19h00. Mas às vezes tem de ficar até mais tarde para dar apoio a algum cliente final com problemas. Uma questão que fica resolvida por telefone ou pela linha. O caminho de volta faz-se sem problemas e é muitas vezes até relaxante, basta pôr um bom CD que nem se dá pelo tempo passar.Mesmo assim, porque o filho está a crescer, e porque tem de mudar quase todos os anos de automóvel, Miguel equaciona arranjar um emprego na zona de residência, num futuro que não sabe se estará perto. “Ao contrário do que se julga, o mercado da informático da zona está já muito ocupado”. E, como diz, também é difícil suplantar o vencimento que aufere em Lisboa.Depois do jantar, o programador agarra-se novamente ao computador, trabalhando nos sites que lhe vão encomendando. Raramente vê televisão, a não ser os telejornais ou um ou outro filme. “O resto é novelas e mais novelas”. E ainda tem tempo para tratar do jardim e fazer bricolage. “Gosto muito de trabalhar com os mais variados materiais. A sua última invenção é uma base em ferro para uma mesa de jantar”.Margarida Cabeleira
O programador informático

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