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Vila Franca metida num colete de forças

Junta de freguesia participa na renovação urbana

A cidade de Vila Franca está metida num colete de forças que lhe dificulta a respiração. A revitalização da freguesia passa pelo aumento da mobilidade, pela requalificação urbana e pelo aproveitamento das potencialidades naturais e construídas. A força do movimento associativo e das tradições são motivos de orgulho dos vilafranquenses.

A falta de mobilidade, o desordenamento urbanístico e o sub-aproveitamento das potencialidades naturais e construídas são as principais preocupações da freguesia de Vila Franca de Xira. A cidade está metida num colete de forças que lhe dificulta a respiração.Em certos períodos do dia, o atravessamento da Rua Alves Redol não demora menos de meia hora. É sufocante ver as ambulâncias com sinais de emergência sem condições para passar em direcção ao hospital.Quem vive ou trabalha no centro da cidade sente na pele e nos pulmões o ar pesado e poluído que se respira em Vila Franca. “Se estender um lençol branco de manhã, à noite está cinzento”, explica Maria Marques, uma moradora no centro da cidade.A falta de qualidade de vida é a principal preocupação da população. Os vilafranquenses reclamam mais estacionamento. Nos últimos dois anos foram criados 900 lugares, mas passam pela cidade mais de 20 mil carros por dia e a média é de 3,2 carros por cada família residente. “Sem soluções milagrosas”, a autarquia apela ao uso do transporte público enquanto cria novas bolsas de estacionamento, a maioria pago. “Vamos assegurar um lugar por família a menos de 200 metros da residência, mais é impossível”, disse o presidente da junta, José Fidalgo.A requalificação das zonas antigas da cidade é outra reivindicação dos habitantes. Muitos senhorios não têm condições para recuperar os prédios e os programas de reabilitação não os têm atraído. A junta de freguesia quer dar uma mãozinha como entidade reguladora e com a ajuda do arquitecto Miguel Arruda está a preparar um projecto para a requalificação do primeiro quarteirão. Os prédios mantêm a traça original, mas ficam com melhores condições de habitabilidade. A população reclama também mais espaços verdes e vai ter em breve um novo local de lazer no antigo parque 25 de Abril junto do novo quartel dos bombeiros. Depois da abertura da nova sede da junta, a obra é a “menina dos olhos” do presidente da junta e deverá abrir ao público no dia da liberdade. A intervenção é mais vasta e continuará nos meses seguintes.Os vilafranquenses gostariam de ter mais emprego na freguesia para evitar que milhares de pessoas se desloquem todos os dias para Lisboa e para os concelhos vizinhos. As notas positivas de Vila Franca vão para a salvaguarda das tradições e para os movimentos cultural e associativo que mantêm uma dinâmica muito forte. “Estamos em festa todo o ano”, explicou Manuel Vicente, um dos idosos que passa as tardes da Primavera no largo da câmara. O novo parque urbano no Cevadeiro, o museu municipal e a nova sede da junta de freguesia são os mais recentes motivos de orgulho. Os vilafranquenses reclamam urgência na construção do novo hospital, do novo tribunal e da nova esquadra da PSP porque saúde, segurança e justiça também são pontos francos na análise do povo.A nova sede da junta custou mais de 375 mil euros (75 mil contos) e para além da melhoria dos serviços tem um posto de atendimento ao cidadão (Pac), onde pode tratar de assuntos que até aqui só tinham solução em Lisboa. Um posto de acesso gratuito à internet facilita a vida aos fregueses que se entendem com as novas tecnologias.A junta tem uma delegação com Pac a funcionar no Bom Retiro e no Verão vai ter uma delegação semelhante em Povos. No próximo mês haverá serviços móveis em A-dos-Bispos, Loja Nova e Bairro do Paraíso para continuar a aproximação dos cidadãos defendida pela junta de freguesia.Com uma área de 193 km2 e mais de 20 mil habitantes, a freguesia inclui vários lugares rurais com 43 quilómetros de caminhos de terra batida e sem condições. A junta tem tapado os buracos, mas reclama verbas para realizar obras de fundo. Os vilafranquenses gostam de rever a memória da freguesia que lembra que Vila Franca pertenceu ao concelho de Povos (hoje um dos aglomerados da freguesia). A reforma de Passos Manuel em 1836 acabou com centenas de concelhos, incluindo Castanheira, Alhandra e Alverca e criou novos municípios. Vila Franca tinha adquirido uma grande importância e acabou por ser elevada à categoria de município.A chegada do comboio em 1856, a construção da ponte sobre o Tejo em 1951 e a abertura da auto-estrada Lisboa-Vila Franca de Xira em 1962 foram determinantes para o crescimento demográfico e para o desenvolvimento económico da freguesia.No século XIX, Vila Franca transformou-se num centro de desenvolvimento com a riqueza dos solos das lezírias para as culturas e criação de gado bravo, o peixe do Tejo que atraiu os avieiros, a industria, o comércio e os serviços.A “Sevilha Portuguesa” tornou-se famosa pelas suas esperas de toiros e pelas corridas na Palha Blanco, pelo Colete Encarnado (Julho) e pela Feira de Outubro.A vila passou a cidade em 1984, mas mantém o nome e é um dos protagonistas do movimento das Vilas Francas da Europa. Nelson Silva Lopes

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