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Faenas de Inverno

Tempo macambúzio, tristonho quase sempre, tormentoso muitas vezes, de fisionomia deprimente e cariz algo macabro, é o Inverno. E se o tempo, como consta, influencia temperamentos e disposições, era de esperar que a classe política manifestasse nesta altura uma disposição circunspecta, pouco eufórica e expansiva.Contudo, a dita, não pára de nos surpreender! A sua conhecida propensão para o dislate (que é quase um atavismo nacional) é, pelo vistos, à prova de clima e ciclos temporais. As inevitáveis “faenas” não ficaram assim sem dono por falta de candidatos. O que, convenhamos, seria lamentável!1 - Comecemos pela atitude incompreensível dos deputados municipais de Santarém na aceitação tácita, durante os debates travados na Assembleia Municipal, de que a expressão “política partidária” (com que se mimoseiam frequentemente uns aos outros) é sinónimo de política contrária aos interesses colectivos! Sabendo que todos foram eleitos por partidos (de que a maioria é, aliás, militante) como diabo aceitam eles que a instituição a que pertencem seja implicitamente encarada como contrária aos interesses da comunidade que representam!Será que concordam, sub-conscientemente, com isso?!! Neste país já nada me admira!2 - E já agora, referente ao mesmo órgão, merecedor incontestável de uma “faena” com lide completa, foi aquele desabafo do Presidente da Junta de Freguesia da Póvoa de Santarém (recorrendo, concerteza, à sua experiência autárquica), na tentativa desesperada de convencer a oposição a não recear a iniciativa privada a propósito da adesão à Empresa Águas do Ribatejo; “É com aqueles que têm dinheiro, que eu tenho ganho algum!Pois,...... razão têm aqueles que querem tornar monocolores os executivos municipais! Não se esqueçam, já agora, de alargar a medida às respectivas assembleias. Na verdade,... com deputados destes, quem é que precisa de oposições?!3 – Ainda relacionada com a rejeição da adesão à dita Empresa, consta que a Presidente da Junta de Freguesia de Almoster terá afirmado solenemente (e sem se rir, esclareça-se): que a população de Almoster “estava profundamente surpreendida e descontente” com tal decisão.Oh! p’rá população de Almoster (absolutamente alheia a alienantes telenovelas e diletantes jogos da superliga) discutindo intensa e apaixonadamente esta problemática, em tudo o que é tasca, tertúlia, discoteca ou cervejaria! Oh! p’ra ela, equacionando os seus pressupostos socio-económicos com as implicações políticas (a curto e a médio prazo), nas delicadas relações entre o poder autárquico e a iniciativa privada. Oh! p’ra ela!! 4- Durante a recente Feira do Toiro a vereadora da Cultura de Santarém afirmou a dado passo, como argumento final em defesa da festa brava: “a diferença entre taurinos e anti-taurinos, não é uma questão de sensibilidade, mas de conhecimento!”Pois,... e eu diria até mais: a diferença entre taurinos (que raio de nome) e anti-taurinos, não é “apenas” uma questão de sensibilidade, mas de conhecimento!5- Aliás, consta que esta Feira do Touro conseguiu a proeza de agradar a gregos e troianos. Aficcionados, criadores, autarcas e quejandos, regozijaram-se com o êxito retumbante da iniciativa. Durante três dias, quarenta mil pessoas prestaram de diversas formas a merecida homenagem ao touro bravo do Ribatejo, salientando-lhe as inegáveis qualidades económicas, turísticas e... regionalistas. Consta, porém, que entrevistado para uma rádio de grande audiência, o homenageado se ficou por um enigmático múúúúúúúú que, de todo, não pareceu de satisfação!6- Descontente com a gestão rosa à frente da Câmara de Coruche, a CDU faz desta um balanço bastante negativo. A sua maior crítica, contudo, é de, “ao contrário do prometido (o executivo) não ter conseguido pôr Coruche no mapa!”Apre! Que já é mania de dizer mal! Já pensaram, por acaso, mandar fazer um mapa maiorzinho?7- Foi recentemente eleita a nova Comissão Política concelhia do CDS/PP de Santarém. Presidente Manuel Serra, Vice-Presidente Paulo Silva, Secretário José João Rodrigues. Fernando Lucas lidera a Assembleia Geral! Dário Antunes e José Monteiro, secretariam.Comentário acintoso do meu amigo Timóteo cujas contingências da vida tornaram particularmente cínico: mais seis “votinhos” nas próximas eleições! Bem bom!8 – Uma “faenazinha” mais, para ingenuidade do Dr. Renato Campos, confessando-se desiludido como facto da Região de Turismo do Ribatejo (vulgo R.T.R.) ignorar, incompreensivelmente, as potencialidades turísticas do Euro2004!Ora esta, Dr. Renato, você lembra-se de cada coisa! Permita que lhe explique, lenta e pausadamente, a completa inverosimilhança de tal hipótese. Vejamos: o Euro 2004 realiza-se, como sabe, durante os meses de Junho e Julho. Logo em plena época estival! Certo?Ora, como também sabe (e se não sabe, devia saber) isto corresponde na R.T.R. ao denominado P.L.D: período laboral de defeso! Periodo que se prolonga, aliás, desde... digamos, ...Novembro/Dezembro, até meados de... Agosto, pouco mais ou menos!Percebe agora a impossibilidade da coisa?!!9- “Faena” especial com direito a “bandarilhas”, para a afirmação de Miguel Relvas, Secretário de Estado da Administração Local, acerca da divisão (por três cidades) dos serviços da futura Comunidade Urbana do Médio Tejo. Divisão, assinale-se, a que os respectivos arranjos conjunturais de poder obrigaram: “Para mim a sede até podia ser numa roloute!”Pois,... de preferência luxuosa e estacionada em Tomar!10 - Aliás o dito Secretário de Estado (conhecido já como “o coveiro do Ribatejo”), tem apresentado argumentos que nos deixam embasbacados. Mas a “cereja no bolo” é a sua liminar justificação para a existência das duas Comunidades Urbanas do Ribatejo, situação singular no país. Vejam e avaliem: “o que eu sempre disse é que o Tejo é uma barreira real!”E esta hem!!? Que os rios constituem (aliás, hoje cada vez menos) barreiras naturais entre os territórios separados pelas suas margens, ainda vá que não vá! Agora “barreiras reais” entre o jusante e o montante de um rio!É nestas alturas que dou comigo a pensar se o Homem não descenderá mesmo do macaco! Ou melhor, se não está ainda a descender!Enfim, é a classe política que temos! Se calhar, a classe política que merecemos! E se não nos podemos rir com ela (por falta de razões e disposições) vamo-nos, ao menos, rindo dela. Entenda-se isto como um serviço público suplementar (mesmo que involuntário), que a mesma presta à população que a elegeu!

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