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Caótico Serafim das Neves

A Junta de Freguesia de Samora Correia já vai no terceiro presidente desde as eleições de Dezembro de 2001. Até que enfim temos uma autarquia onde a rotatividade democrática é uma realidade. Ali não há ninguém agarrado ao poder. Antes pelo contrário, até parece que o poder dá choque ou causa alergia. Era bom que alguns dinossáurios do poder local fossem lá à terra para tratamento. Tratamento de choque, pois claro. E até te digo mais. As comissões parlamentares que andam há anos a debruçar-se sobre a questão da limitação de mandatos deviam passar a trabalhar em Samora Correia. para verem de perto como a coisa funciona. É certo que saindo do conforto dos gabinetes da Assembleia da República alguns deputados teriam receio de se constipar, mas apesar de serem flores de estufa, penso que o mais grave que lhes podia acontecer era um trambolhão de alto lá com ele se se debruçassem demais sobre o problema. Nada de grave, portanto.Esta questão do debruçansso dava pano para mangas, como imaginas. Há uma mania nacional de debruçansso que até arrepia. Toda a gente se debruça sobre alguma coisa. Eu próprio costumo debruçar-me sobre os generosos decotes da Lurdinhas, como sabes. O que não é grave. Dão-me tonturas mas nunca caí porque me agarro. No fundo faço o que vejo fazer aos grandes artistas do debruçansso nacional. Eles também se debruçam, debruçam, debruçam, mas quase nunca caem porque também se agarram. Sou eu agarrado às protuberâncias da nossa amiga e eles ao tacho.Ainda não li o último livro do José Saramago mas sei, porque passei os olhos por uma entrevista que o homem deu, que faz a apologia do voto em branco. Acho que o nosso Nobel da Azinhaga, está a ficar sem ideias. Na altura das primeiras eleições a seguir ao 25 de Abril, também houve um apelo ao voto em branco. Está escrito em alguns livros. Ninguém ligou naquela altura, nem acredito que vá ligar agora. Quem é que se vai dar ao trabalho de ir até à mesa de voto e depois dobrar o papelinho em branco? Um cidadão exemplar, ou vota, ou escreve uma bojarda qualquer no boletim. Pelo menos comigo é assim. A última vez que tal me aconteceu até estava a pensar em votar, mas o meu mais novo, que fez questão de ir comigo, antes que eu tivesse tempo de pôr os óculo, pegou na esferográfica e desenhou um bonito sol, todo sorridente. Não tive outro remédio senão escrever por baixo: “E que tal obrigarem os patrões a levar os empregados à praia um dia por semana nos meses de Verão?”. Depois dobrei o votinho, sorri à presidente da mesa que era uma trintona toda jeitosa e pus-me civicamente na alheta. Serafim, não sei se irei apoiar essa tua proposta de criação de um dia mundial da vaca. Tenho receio que a aprovação de tal medida tenha efeitos nefastos nas nossas vidas. Vais ver que aparecem logo movimentos a defender o fim dos bifes de vaca e a querer impedir que se mexa nas tetas das vacas, seja para tirar leite ou para fins terapêuticos. Sugiro-te que repenses o assunto e me digas qualquer coisa no teu próximo e-mail.Saudações rotativamente democráticas doManuel Serra d’Aire

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