uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

O gerente dos hambúrgueres

Carlos Mota é gerente do McDonald’s de Santarém

Não são todos os jovens que, aos 25 anos, têm já grandes responsabilidades profissionais. Como Carlos Mota, actual gerente do restaurante McDonald’s de Santarém. Começou por baixo, fez de tudo, mas o seu empenho levou a proprietária do espaço a apostar em alguém que acha que pode sempre fazer melhor.

Foi por acaso que Carlos Mota entrou para o mundo dos hamburgueres. Estava no primeiro ano do curso de técnico de vendas, no Centro de Formação Profissional de Santarém, quando a irmã lhe chamou a atenção para um anúncio da McDonald’s, onde se pediam jovens para trabalharem no restaurante que iria abrir na capital de distrito.“Lembro-me que me inscrevi no último dia, a pensar que um part-time seria interessante”, refere o actual gerente. A 11 de Novembro de 1997 entrou para o universo do fast-food sem ter uma pequena noção do que o esperava.O seu principal objectivo na altura era mesmo a questão financeira. Carlos ambicionava a sua independência monetária e, como andava a tirar a carta, todo o dinheiro era pouco.Ele, que nem sequer era consumidor habitual, viu-se de repente a ter formação sobre o conceito McDonald’s e a ser um dos fundadores do restaurante da cadeia, em Santarém.Trabalhou na cozinha, no balcão, no drive-in. “Aqui os funcionários têm de saber fazer todas as tarefas”. Ao fim de dois anos e um mês foi promovido a coordenador, aquele que informa e ensina os novos colaboradores das funções que têm de desempenhar.“Neste tipo de trabalho as pessoas dão ou não dão”, refere Carlos Mota, adiantando ter vestido rapidamente a camisola e “embebido” o espírito McDonald’s. Fazia sempre bem mas queria sempre fazer ainda melhor.Mesmo que quase não tivesse tempo para descansar. Carlos entrava nas aulas às nove da manhã, saía às 18 horas para entrar no restaurante às 19 horas, até às duas da madrugada. Diz que o mais difícil foi entrar no ritmo e esquecer as “noitadas”, principalmente aos fins de semana. O seu empenho era tanto que lá veio mais uma promoção. Em 1999 passou a ser coordenador de equipa, ficando responsável pela área da cozinha, coordenando os funcionários, a preparação dos alimentos, a limpeza.Quando o convite lhe foi feito começou por recusá-lo, uma vez que tinha de trabalhar por turnos, o que era incompatível com as aulas. E não queria deixar o curso a meio. A franchisada do estabelecimento acabou por abrir uma excepção, pondo Carlos a fazer apenas o turno da noite.Quando acabou o curso, no início de 2000, Carlos Mota ficou num dilema – gostava muito de trabalhar no McDonald’s mas também queria experimentar a área comercial. Afinal tinha estudado três anos para isso.E foi precisamente nessa altura que recebeu o convite para gerir o restaurante, um “salto” na carreira que o assustou mas que em simultâneo lhe trazia novos desafios. E Carlos decidiu apostar todo o seu futuro na cadeia norte-americana de fast-food.Uma função de grande responsabilidade, já que ser gerente implica “pôr a máquina a mexer e rentabilizá-la”. Contratar pessoas, motivar funcionários, ser responsável por todos os procedimentos da cadeia e pelos gerentes de cada área foram funções que passaram a cair em cima dos seus ombros.Mas Carlos Mota não vacilou e apoiou-se em toda a formação que recebeu anteriormente para desempenhar as novas funções. Além disso foi propositadamente a São Paulo ter uma semana intensiva de formação de gerentes na Universidade do Hambúrguer. Apesar de ser gerente e de ter isenção de horário, Carlos Mota continua a passar muitas horas no restaurante, principalmente ao almoço e jantar, alturas de maior enchente. Mas não está de braços cruzados a ver os colegas a trabalhar. “Ainda hoje estive no balcão a atender, na fritura das batatas e nos hambúrgueres”, diz, adiantando que o exemplo tem de ver de cima.“Se quero as pessoas treinadas, motivadas e a produzir tenho também de lhes mostrar como é”. Uma boa gestão de pessoas parece ser mesmo o segredo da cadeia de fast-food.A premiar a gestão de Carlos Mota, a McDonald’s portuguesa acabou por escolhê-lo este ano como um dos dez melhores gerentes da cadeia, a nível nacional. Um prémio que o gerente guarda com carinho, talvez para lembrar que há sete anos atrás não sabia grelhar um hambúrguer.Mesmo com as responsabilidades que tem um trabalho sem horários, o gerente ainda consegue tempo para namorar e ir todos os dias ao ginásio.Margarida Cabeleira

Mais Notícias

    A carregar...