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Um concerto de improviso

Um concerto de improviso

Maratona musical transformou-se em festival devido à desistência de alguns grupos

Estavam anunciadas 24 horas seguidas de música ao vivo, mas a ideia da associação “O Paraíso” teve de ser reformulada à última hora devido à desistência de algumas das bandas que deviam participar na maratona.

Passam poucos minutos das oito da noite. O sol começa a cair e as bandas de garagem soltam os primeiros acordes algures no campo, na freguesia de Vale do Paraíso (Azambuja), ao início da noite de sábado.A ideia da Associação de Desportos e Recreio “O Paraíso” era realizar a primeira maratona musical com bandas de garagem. Seriam vinte e quatro horas seguidas de música do meio dia de sábado até domingo.Tal como foi prometido pela organização o rock ecoou no recinto do campo de jogos durante toda a tarde, mas só com a ajuda de uma aparelhagem instalada na cabine de som. A maratona foi cancelada porque quase metade das bandas desistiu à última hora. O baixista de um dos 16 grupos esperados adoeceu, outra das bandas ganhou um prémio e exigiu um caché à organização e os restantes agrupamentos extinguiram-se dias antes do espectáculo.Apesar de todos os imprevistos a organização não desistiu e avançou com um festival de improviso até às primeiras horas da madrugada. No espaço foram instaladas barraquinhas de comes e bebes, shots e muita cerveja para chamar os poucos que se atreveram a sair de casa. “Festivais há tantos que decidimos fazer alguma coisa nova e lembramo-nos da maratona. O concelho de Azambuja está muito parado ao fim de semana. Aqui na freguesia só temos uma festa anual que se realiza em Dezembro”, explica a organizadora do evento, Dina Patrício, 26 anos.A fraca adesão das bandas não desmotivou os poucos participantes. Tiago Santana, 20 anos, vocalista do grupo anfitrião “Acikuta”, prepara-se para subir ao palco e interpretar alguns dos temas originais do grupo, uma mistura de várias influências que se perde entre o “rock, o funk e new metal”. “É fundamental participar. Há muitas bandas de garagem presas por aí. Vamos aos bares e só passam um tipo de música”, critica.João Boryslav, 23 anos, vocalista dos Excise, uma banda do Cartaxo, estuda piano durante a semana no conservatório e aos fins de semana dá asas a um estilo mais metálico. Apesar das aparentes diferenças o músico acredita que há mais semelhanças do que parece à primeira nota. “A música clássica é a base de tudo. Há sempre traços, fragmentos que se ligam. Se os Metallica tocaram como orquestra tudo é possível”, garante.A música em inglês inspira a maior parte dos que escrevem e compõem para as bandas de garagem. O português ainda não seduziu os jovens músicos. Mas o tema das letras é quase sempre comum – o dia a dia. Seja numa versão mais leve ou puro heavy metal os vocalistas são unânimes em afirmar que a música serve sobretudo para transmitir uma mensagem.A banda vencedora do festival de Vale do Paraíso ganhou o direito a gravar um CD e todos os grupos participantes receberam a gravação do espectáculo em DVD. Os custos do festival saíram mais caros do que o previsto e provavelmente os lucros não darão para cobrir as despesas. Mesmo assim “O Paraíso” não desiste e promete voltar para o ano. Ana Santiago
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