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Entre o campo e a cidade

Entre o campo e a cidade

Chamusca é freguesia mais urbana do concelho mas mantém muitos traços de ruralidade

A Chamusca é um misto de grande aldeia e de pequena cidade. Actualmente com problemas graves ligados ao desemprego, a freguesia é um óptimo local para fugir ao stress de outras urbes.

A freguesia da Chamusca confunde-se com a própria vila. É uma zona essencialmente urbana, mas que mantém muitos dos traços de ruralidade que caracterizam o concelho, que ainda vai mantendo uma forte ligação à agricultura. Basta percorrer a rua Direita de São Pedro, a artéria principal da freguesia, para nos cruzarmos com tractores e agricultores a caminho dos campos vizinhos.Mas os terrenos já foram chão que deu alimento a grande parte da Chamusca. Não porque agora já não sejam férteis, mas porque são cada vez menos os que fazem vida a cultivar a riqueza das terras banhadas pelo Tejo. As superfícies comerciais, que dominam o comércio, vão abastecer-se a outros locais e nem sempre é fácil escoar o que se produz, pelo menos a um preço razoável.O comércio e a indústria da Chamusca também não vivem dias risonhos. Nos últimos anos várias empresas do concelho e da região, que empregavam muitos chamusquenses, faliram ou estão em dificuldades e a indústria, comércio e serviços existentes não absorvem toda a mão-de-obra da freguesia.Em poucos anos, a Chamusca deixou de ser uma vila em que praticamente não havia desempregados para ser a freguesia que mais desemprego tem no concelho. Dos 3.500 habitantes, mais de 300 estão desempregados. A zona de actividades económicas, uma das apostas políticas dos últimos anos, ainda não se transformou no pólo de oferta de postos de trabalho que se pensava inicialmente. Predominam as pequenas empresas e os trabalhadores com pouca formação profissional. Quem tem maior qualificação acaba por sair para concelhos vizinhos à procura de melhores condições. A câmara é a principal empregadora do concelho. Desemprego à parte, a Chamusca é um óptimo local para se viver. Sobretudo para quem aprecia a tranquilidade do campo, mas não abdica de alguns confortos e prazeres citadinos. A freguesia está bem servida em termos de redes de água, saneamento e energia eléctrica. Há bancos, farmácias, correios, oficinas, bombas de combustível, cabeleireiros, mini e supermercados, cafés, restaurantes, papelarias e centro de saúde, entre outros.Os mais novos têm escola até ao 12º ano e a biblioteca, embora esteja há perto de 20 anos em instalações provisórias, funciona diariamente. O novo edifício está a ser construí-do há vários anos, mas as obras estão suspensas devido a erros no projecto. Já a funcionar está o novíssimo pavilhão desportivo, que promete “revolucionar” a prática desportiva na vila e no concelho.Até aqui, algumas equipas, caso do basquetebol da União Desportiva de Chamusca (UDC), que tem várias formações nos campeonatos nacionais, tinham de jogar em pavilhões de concelhos vizinhos. Em termos desportivos, o futebol sénior da UDC está em vias de subir à I Distrital, um regresso esperado pelos simpatizantes da maior colectividade da freguesia.Na cultura, o maior problema é a ausência de um espaço para cinema e teatro. O velhinho cine-teatro da Misericórdia está em obras e quando reabrir vai suprir esta lacuna. Num concelho com tradições taurinas, a festa brava tem na Praça de Touros e nos forcados Amadores e do Aposento da Chamusca os seus maiores expoentes.A Semana da Ascensão, em Maio, é o grande marco cultural da freguesia e do concelho, reunindo locais e forasteiros numa semana de reencontros, música, convívio, gastronomia e festa brava, com as populares largadas de touros pelas ruas da vila.Vila desde 1561, a Chamusca, preserva no seu interior edifícios de épocas passadas. É o caso da Igreja Matriz, concluída em 1510. Dessa época restam o pórtico, a pedra de armas e o portal lateral, de estilo ma-nuelino. Mais tarde, sofreu várias remodelações, nomeadamente a construção do actual altar-mor, de talha dourada, datado de 1731.A Igreja da Misericórdia, começada a construir em 1622, a Igreja de São Francisco, onde actualmente está instalado o lar de idosos, datada de finais do século XVIII, a Igreja de São Pedro, construída no Século XVII, e as ermidas de Nossa Senhora do Pranto e do Senhor do Bonfim são outras relíquias do património histórico da freguesia.Situada na encruzilhada de vários concelhos, a Chamusca está cada vez mais “perto” dos centros de decisão. Com a A23 a poucos quilómetros e a EN 118 quase totalmente recuperada (falta só a ponte dos Capelos), a freguesia espera que o IC3, que ligará a Lisboa e que já está a chegar a Almeirim, se prolongue até ao concelho, embora com o estatuto de Itinerário Complementar.Os fogos de Agosto passado, que devoraram mato, eucaliptos e destruíram mesmo várias casas, foram provavelmente a maior tragédia de sempre da freguesia. Mas, menos de um ano depois, a solidariedade local e a ajuda de instituições como a Caritas, já proporcionou o realojamento de algumas famílias.
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