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Professora de duas gerações

Aurelina Rufino passou de vereadora a presidente da junta da Chamusca
Aos 54 anos, casada, mãe de dois filhos adultos e já reformada, Aurelina Rufino tem agora o tempo necessário para se dedicar à sempre desgastante missão de autarca, embora já esteja na política activa há mais de uma década. Foi vereadora eleita pelo PSD na Câmara da Chamusca durante oito anos, mas em Dezembro de 2001 concorreu como cabeça de lista dos social-democratas à Junta de Freguesia da Chamusca e ganhou.Na altura estava a pensar deixar a política mas os colegas de partido convenceram-na a candidatar-se à junta. Diziam que ocupava menos tempo, o que, descobriu depois, não corresponde à verdade. “Quem pensa assim está completamente errado. Ou se fazem as coisas ou não se fazem. E eu não sou capaz de vir aqui só assinar papéis”.Aurelina Rufino é chamusquense de gema. Nasceu na casa onde ainda hoje mora, casou lá e foi também lá que teve os filhos. Fez a escola primária e o ciclo na Chamusca e só saiu para ir tirar o curso do magistério primário em Leiria. Mas não esteve muito tempo fora. Começou a dar aulas na Chamusca, onde ficou três anos, mudando-se depois para a freguesia vizinha da Carregueira, onde deu aulas durante 30 anos. Teve alunos filhos de alunos, o que considera ter sido uma das experiências mais gratificantes da sua carreira.Além de mãe e professora, actividades que ocupam muitas horas, Aurelina teve sempre tempo disponível para outras funções. Escreveu no Jornal da Chamusca e fez um programa da Rádio Bonfim, da Chamusca. Foi abordada várias vezes por todas as forças políticas para fazer parte das listas, mas recusou sempre. Até que começou a pensar que todos temos de dar um contributo para melhorar as coisas. Com os filhos mais crescidos, fez o exame do 12º ano e as aulas de Filosofia desenvolveram-lhe o espírito crítico. O marido e os filhos apoiaram-na e aceitou, finalmente, o convite do PSD para integrar as listas à câmara municipal, sendo logo eleita vereadora.Actualmente está reformada, o que lhe permite passar várias horas por dia na junta. Na prática, é quase um emprego a tempo inteiro. “Como estamos muito próximos das pessoas acabamos por ser uma espécie de confessores. É a reforma que está atrasada, o subsídio de desemprego que não vem, e às vezes um telefonema nosso, mesmo que não resolva o problema, acaba por deixar as pessoas mais tranquilas”, refere a autarca.Como toda a gente a conhece e sabe onde mora, muito do atendimento é feito em casa, por vezes interrompendo o descanso ou o jantar em família. “Quando vêm falar comigo é porque sentem que o problema é grave. E se é grave para elas também tem de ser para mim”, refere. O trabalho na junta tem ajudado a que até agora não tenha sentido o vazio que, por vezes, surge no final da carreira. Aurelina Rufino não faz promessas. Até porque o orçamento da junta não permite assumir grandes voos. São cerca de 65 mil euros, o que, com três funcionários no quadro, dá para fazer muito pouca obra. A ex-professora não gosta do termo “legado” mas tem algumas coisas que gostava de fazer antes de sair da junta. Tem dificuldade em aceitar que haja zonas na freguesia que estejam um pouco abandonadas e, nesse aspecto, o Outeiro do Pranto está-lhe “atravessado”.Gostava de criar uma estrutura que atraísse as pessoas ao local. A ideia passa por construir um edifício com muito vidro e grandes varandas, que tenha internet, um café e uma mini biblioteca que atraia a população, seja para estudo ou lazer, ao mesmo tempo que poderia haver exposições, ou espectáculos musicais. A junta já comprou um terreno que, aliado a um outro espaço contíguo que a câmara tem no local, é o lugar indicado para o projecto.Sobre o futuro, Aurelina Rufino ainda não sabe se se candidatará à junta ou à câmara municipal, ou se ficará em casa a dedicar mais tempo à família, sobretudo a uma menina de seis anos que está a criar.

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