O que sentiu quando viu as imagens dos presos iraquianos a serem torturados por soldados americanos?Para mim não é grande novidade. Isso tanto acontece no Iraque como aconteceu na Guerra do Ultramar e noutras guerras. A diferença é que antes não havia câmaras fotográficas como aconteceu agora. Estive na Guiné e nós capturámos prisioneiros, alguns deles que eram depois interrogados pela PIDE e nós nem sabíamos o que lhes acontecia.Portugal devia mandar regressar os militares da GNR que estão no Iraque?Para mim não devia sequer ter ido nenhum. Depois do 25 de Abril de 1974 disse-se cá em Portugal “nem mais um soldado para o Ultramar” e estas pessoas foram para lá só para ganhar dinheiro. Cada um sabe da sua vida, porque na GNR não se paga muito bem e eles têm de sustentar as famílias, mas aquele dinheiro não lhes paga a vida, porque de um momento para o outro podem ficar lá todos. Acompanhou a novela do casamento real em Espanha?Vi alguma coisa, mas acho que o tempo que as televisões estiveram a dar a Espanha devia ser utilizado para mostrar os bons caminhos à juventude. Quem manda nas televisões dá muita importância às coisas estrangeiras.Costuma dar moedas aos arrumadores?Não. A polícia podia ter outra atitude mais dura para eles não incomodarem as pessoas, mas também já os conhece a todos e sabe que eles vão a tribunal e o juiz manda-os embora. Mas isso não desculpa tudo. O MIRANTE mostrou uma carroça estacionada em cima do passeio, mesmo em frente à esquadra da PSP, e eles não a multaram. Eu, numa semana, fui multado três vezes no Choupal só porque tinha uma roda no passeio que não incomodava ninguém.Está a pensar visitar a Feira da Agricultura?Não. Desde que a Feira do Ribatejo mudou para o sítio onde está agora só lá fui uma vez, apesar de morar em São Domingos. Não acho bem ter de se pagar para entrar, até porque já cobram muito dinheiro aos expositores. Durante 11 anos tive uma tasquinha na feira antiga com um tio meu, na chamada rua do crime, mas acho que a feira antiga e esta não têm nada a ver, nem de longe nem de perto.Quando escolhe uma praia costuma verificar se tem bandeira azul?Como não tenho dinheiro para ir para praias não me preocupo com as bandeiras. O meu único tempo de praia é no Tejo a comer uma sardinhada com os amigos.Dar sangue é dar vida?Para mim é. Sou dador em Benfica do Ribatejo, dou sangue três vezes por ano, mas acho que há algumas coisas que não estão bem. Nós damos para salvar outras vidas, mas se queremos mandar cartas aos sócios dadores a informar da data da recolha ainda temos de pagar os selos, apesar de não termos qualquer receita.Então paga-se para dar sangue?Sim. Ainda por cima quando vêm de Lisboa fazer a recolha trazem umas bolachas de água e sal, umas sandes e uns cafés. Só que estamos no Ribatejo e acabamos sempre por ir comprar umas febras e entremeadas para convivermos um pouco e atrair mais dadores. Por isso acabamos sempre por pagar para dar sangue.A morte assusta-o?Não me assusta nada. Já vi a morte ao pé de mim quando estive na guerra e sei que um dia tenho de morrer. Na minha profissão lido com ela há 17 anos e lembro-me de o padre Silva, de Salvaterra de Magos, me dizer que nós só cá estamos de férias. E é verdade. A morte é uma coisa natural, quando nos toca a nós é mais complicado, mas temos de saber viver com ela.Portugal poderá ganhar o Euro 2004?Penso que pelo menos podemos ir à final porque temos jogadores muito bons. Acredito numa final ibérica, com a Espanha, mas aí já é mais difícil porque muitas vezes os jogos não se ganham só dentro do campo. Num jogo basta um erro ou outro do árbitro para fazer um resultado e Espanha tem muito mais poder que nós.Concorda com os 23 convocados por Scolari?O seleccionador escolheu a equipa que quis. Ele é que está a ser pago para ser treinador e ele é que tem de decidir. Não sei se devia ou não convocar o Vítor Baia, mas para mim, dos três guarda-redes, o Moreira deve ser o titular, apesar da juventude.