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A noite da sardinha assada

A noite da sardinha assada

Milhares de visitantes estiveram sexta-feira na Azambuja para um dos momentos altos da Feira de Maio

A sardinha assada é rainha por uma noite em Azambuja. Este ano, a câmara ofereceu à população e visitantes seis mil quilos de pescado, regado por seis mil litros de vinho. Nessa noite só passou fome e sede quem quis.

É noite de sexta-feira. Em cada canto da vila de Azambuja há um fogareiro improvisado onde o carvão começa a arder. O aroma da sardinha assada espalha-se rapidamente pelas ruas da vila trajadas a rigor. Homens e mulheres de barrete verde ou lenço vermelho ao pescoço reviram as sardinhas sobre a brasa. Trocam-se gargalhadas e copos de vinho.A noite da sardinha assada é um dos momentos mais aguardados da Feira de Maio, a festa que transforma a rua principal da vila numa arena, onde toiros e campinos desfilam nos cinco dias de festa.Na rua principal a largada continua a animar os populares que desafiam o toiro do alto das tranqueiras. “Em recolhendo o toiro começamos a assar as sardinhas”, diz prontamente João de Sousa Abreu, 80 anos, um morador do Largo de Palmela que ficou encarregue de distribuir sardinhas pelos popularesTodos os anos por altura da festa a Câmara Municipal de Azambuja oferece à população algumas toneladas de pescado, pão e vinho que são distribuídos em cinco pontos da vila. Para a noite de sexta-feira chegaram directamente de Peniche seis mil quilos de sardinha, para acompanhar seis mil litros de vinho, três mil quilos de pão, quatro mil de carvão, 300 quilos de sal e 15 mil copos.Em frente a um balcão de madeira João Abreu espera pela meia noite para começar a tirar das caixas as sardinhas mergulhadas em sal. Os voluntários distribuem pelos populares as sardinhas que cada um vai passando no fogareiro.As mulheres que residem nas ruas, enfeitadas com bandeirinhas, bonecas e mantas que se soltam das janelas, ajudam a distribuir as fatias de pão que acompanham a sardinha. É esse o trabalho que Ana de Jesus, 64 anos, moradora da Rua do Espírito Santo, sente como uma missão comunitária. “É uma tradição com muitos anos e nós estamos cá para ajudar”.Enquanto se distribui o pão pelos visitantes também há tempo para ir petiscando uma sardinha. Ao mesmo tempo os homens vão esvaziando as pipas de 10 litros e enchendo os copos a quem passa.“As sardinhas são servidas à discrição”, assegura Ana de Jesus, que revela que às vezes são mais os que estragam do que aqueles que aproveitam para saborear uma boa sardinha assada. Antigamente eram pedaços de carne de veado que se distribuíam ao povo durante a centenária Feira de Maio, recorda Ana de Jesus. “Não era para todos porque não chegava. Era até acabar”.No centro da vila também há quem prefira assar as sardinhas oferecidas pela autarquia à porta de casa. “O povo é muito e às tantas os assadores são poucos para tanta gente”, explica Cesaltina Morais, 51 anos, que pediu antecipadamente e por carta alguns quilos de pescado à câmara.No interior das dezenas de tertúlias espalhadas pela vila também se faz a festa. Assam-se chouriços, sardinhas e entremea-da entre grupos de amigos que decoram um espaço para conviver durante os dias da feira.Seja na tertúlia, frente à casa ou nos postos de distribuição, o petisco prolonga-se até altas horas da madrugada. Os arraiais com grupos musicais espalhados pela vila animam as hostes até ao romper do dia. Para o ano a festa volta à vila.Ana Santiago
A noite da sardinha assada

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