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À procura de novos mercados

Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, em Alcanena, comemora décimo aniversário
Internacionalização, diversificação de actividade e procura de novos mercados importadores são as prioridades do Centro Tecnológico da Indústria do Couro. Nas comemorações do seu décimo aniversário falou-se da falta de apoio do Estado, da conjuntura macro-económica desfavorável e da deslocalização de clientes. A conjuntura económica nacional e mundial não tem sido das melhores mas o Centro Tecnológico da Indústria do Couro (CTIC), sedeado em Alcanena, obteve em 2003 os melhores resultados em dez anos de actividade.Um paradoxo explicado pela criatividade da sua equipa que, em tempo de vacas magras, não se limitou a aguardar por dias melhores. À diminuição da procura dos clientes tradicionais, o centro respondeu diversificando a actividade e procurando novos nichos de mercado. Com a deslocalização de compradores para mercados emergentes, decidiu intensificar as relações internacionais com parceiros e apostar em deslocar-se, ele próprio, para países com forte potencial de crescimento no sector dos curtumes.A internacionalização é, aliás, um passo de gigante que está a ser estudado com todo o cuidado. Angola e Brasil são os países alvos mas, como disse Alcino Martinho, director do CTIC, há que fazer primeiro o diagnóstico da fileira do couro.Em Angola o projecto passa pela compra da matéria-prima e pelo apoio à instalação de empresas nacionais. No Brasil, o centro vai dar assistência à instalação de um parque industrial para empresas de curtumes e veria com bons olhos a abertura de fábricas de empresários portugueses do sector nesse parque, uma vez que existem boas perspectivas de negócios.Se a internacionalização é prioridade, a diversificação da actividade é também um factor importante, ainda mais em tempo de crise. Foi por ter ido à procura de novos nichos de mercado que o Centro Tecnológico da Indústria do Couro conseguiu aumentar os proveitos operacionais e obter maior receita.Actualmente, o centro aposta na área da qualidade e certificação de empresas de quase todos os ramos de actividade, desde os curtumes aos motores eléctricos e materiais de construção, passando pelos matadouros, indústria têxtil e agro-alimentar, consultoria de gestão, colchoaria e química ligeira.Outra das apostas fortes do CTIC é o apoio dado na área da segurança, higiene e saúde no trabalho a empresas de outros sectores de actividade. Basta apenas dizer que, neste âmbito, o número total de clientes do centro era de 215 no ano passado. E destes, apenas 95 são empresas do sector dos curtumes.Anualmente o centro faz um total de 12 mil testes – nomeadamente a resíduos sólidos, à água de estações de tratamento e de consumo doméstico. Como disse Alcino Martinho, “há que trabalhar no mercado de modo a rentabilizar a estrutura e o investimento aqui feito”.Porque os apoios nunca são demasiados. E muitas vezes até nem vêm. Segundo Pedro Carvalho, outro responsável da empresa, o CTIC é o único centro tecnológico nacional que não recebe actualmente financiamento para alguns projectos, dado o facto de estar instalado na região de Lisboa e Vale do Tejo.Vasco Aparício, da Associação Portuguesa dos Industriais de Curtumes, foi ainda mais longe ao afirmar que neste momento existem sérios constrangimentos internos ao incentivo da actividade produtiva nacional, porque na máquina do Estado proliferam “teóricos iluminados que nunca geriram uma empresa”.São estes, disse, os responsáveis pelo facto dos sistemas de apoio à indústria serem hoje completamente desajustados das necessidades. E Mira Amaral, ministro da Indústria e Energia do tempo de Cavaco Silva, convidado para as comemorações do décimo aniversário do CTIC, avisou – “desengane-se quem pensa que o Estado irá orientar a estratégia futura de desenvolvimento das empresas”, adiantando ser já muito bom que não lhes criasse entraves.Presente na cerimónia, a secretária de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, não fez mais que a apologia a este Governo. “Foi muito bom o que este Governo fez nos últimos dois anos, mudámos quase tudo no ambiente da economia nacional”, referiu Rosário Ventura, desfiando de seguida um rol de medidas tomadas para, em seu entender, aumentar a produtividade empresarial e atrair investimento.

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