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Governo gere mal recursos públicos

Governo gere mal recursos públicos

Mira Amaral e Miguel Cadilhe juntos contra a máquina do Estado
Miguel Cadilhe e Mira Amaral, os dois convidados da Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant para o debate “Portugal na cauda da Europa, destino irreversível?”, que se realizou esta terça-feira na Herdade da Baracha, em Benavente, apresentaram soluções para Portugal deixar a última carruagem do comboio europeu. Soluções milagrosas, já que vão exactamente no sentido inverso às medidas tomadas pelo ex-governo de António Guterres e pelo actual executivo de Durão Barroso.O primeiro porque amplificou a conjuntura expansionista que se vivia no final da década de 90, na opinião de Miguel Cadilhe um grave erro. “Mas isso não devia significar que a seguir se faça um erro ainda pior”, referiu o actual presidente da Agência Portuguesa de Investimento (API), adiantando que, quando se adivinhava a crise, o executivo de Durão Barroso começou a fazer uma política retraccionista. “Isso foi como chover no molhado”.E depois o Governo tem uma estratégia económica que, em alguns casos, não se consegue perceber, com o investimento público a não ter a qualidade que se desejava. Foi a má afectação de recursos públicos que levou Portugal a estagnar economicamente.Miguel Cadilhe foi o mais inconformado – “como é que se gastam milhões a comprar submarinos que não nos servem para nada quando estamos a precisar tanto de dinheiro para o combate aos incêndios?”, questionou, afirmando-se chocado, magoado e revoltado com o que chamou de “irracionalidade pública”.E quem diz os submarinos, diz a construção de dez estádios de futebol, exemplo avançado por Mira Amaral. Para o ex-ministro da Indústria e Energia, seis estádios chegavam e sobravam. “Há particularmente dois em que a grande questão é saber o que fazer com eles depois do Euro”.Apesar do Governo fazer crer que o problema do país é a falta de recursos financeiros, os dois gestores acreditam que até houve recursos a mais e que a questão fulcral foi e é a incapacidade e a falta de vontade do poder central em fazer uma boa gestão e organização dos recursos existentes.“Se parte do dinheiro dado pela União Europeia tivesse sido canalizada para modernizar a máquina fiscal, as empresas portuguesas só iriam beneficiar com isso”, afirmou Miguel Cadilhe.O presidente da API disse que realizar a reforma administrativa pública é uma questão de atitude e que, actualmente, a função pública portuguesa trabalha com estado de espírito do tempo de Salazar, em que garantir o emprego é o mais importante. “A qualidade da administração pública existente em Portugal é que nos faz estar na cauda da Europa”. Após duas horas de muita conversa e alguma controvérsia, os dois ex-ministros foram unânimes em afirmar que Portugal só conseguirá manter-se no comboio europeu se fizer uma boa gestão dos seus recursos públicos, apostando na educação da máquina governamental.
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