?Palhaço, cala-te palhaço? foi esta frase dirigida por um homem que estava no público que inflamou a última reunião pública da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, no dia 24 de Junho, na Póvoa de Santa Iria. O discurso ?da palhaçada? foi testemunhado por cerca de meia centena de pessoas, entre eleitos, técnicos municipais, munícipes, jornalistas e o empresário responsável pelo projecto do Mouchão da Póvoa que ficou de ?boca aberta? perante tamanha ?peixarada?. O autor não foi um munícipe anónimo, Manuel Fiúza, autarca com mais de 20 anos de ligação ao poder local e ao movimento associativo, é o líder da bancada do PS na Assembleia de Freguesia da Póvoa e no dia 25 de Abril recebeu uma medalha de mérito pelos ?bons serviços prestados?.O vice-presidente Simões Luís (PS), que dirigia a reunião devido a ausência justificada de Maria da Luz Rosinha, ficou estupefacto e nem sequer repreendeu o munícipe.Rui Rei (PSD) reagiu com o mesmo tom do ?agressor?. ?Palhaço és tu...eu peço ao senhor vereador que chame as autoridades e que identifique imediatamente aquele senhor, que é do seu partido?, disse.Manuel Fiúza alimentou o diálogo: ?Sou do partido com muita honra? e Rui Rei continuou: ?O senhor pensa que eu não o conheço, está a brincar comigo...?, disse Antes já Manuel Fiúza se tinha levantado para reforçar que tinha sido ele que tinha chamado palhaço ao vereador.Rui Rei alertou para o facto do munícipe ser militante do PS. ?Os seus camaradas, os seus camaradas vieram aqui para me ofender, mas quero lhe dizer que não me mete medo absolutamente nenhum?, disse Rui Rei.Simões Luís (PS), incrédulo, comentou com ironia: ?Os senhores vereadores estão a dar uma imagem muito interessante daquilo que é viver em democracia e trabalhar para a defesa dos interesses das populações. É impressionante a forma como esta imagem tem estado a passar aqui?, reforçou.A ?palhaçada? começou na sequência num acalorado debate entre os vereadores Rui Rei (PSD) e Ramiro Matos (PS), ambos residentes na cidade da Póvoa, onde o social- democrata acusou o socialista de abuso de poder. ?O senhor estaciona o carro em cima da curva e não tem multas e os outros têm, disse.?Eu não lhe admito isso?, disse Ramiro Matos que se levantou da cadeira onde estava para abandonar a sala. Logo que a discussão começou, o vereador comunista José Neves saiu da sala de cabeça baixa e incomodado com o que estava a presenciar.Rui Rei continuou a atacar Ramiro Matos. ?O senhor sempre viveu à boleia...?. O autarca socialista respondeu: ?Ainda o senhor não era nascido já eu trabalhava?, referiu.O vice ?presidente Simões Luís acusou Rui Rei de fazer jogos florais nas reuniões da câmara e apelou à contenção verbal do autarca antes de lhe cortar a palavra. ?As pessoas estão fartas de réplicas e tréplicas que não interessam nada, eu vou-lhe cortar a palavra?, disse. Rui Rei não aceitou a crítica de ?incontinência verbal?. ? Graças a Deus ainda não cheguei à fase da incontinência, ainda não cheguei a essa fase, lá chegarei com tempo?, retorquiu.A discussão continuou no tom elevado com Rui Rei a insistir junto de Simões Luís no direito de concluir a sua intervenção. O presidente em exercício acabou por dar a palavra ao autarca social-democrata sem que se registassem novos incidentes.O presidente da Junta de Freguesia da Póvoa, que estava acompanhado do presidente da assembleia de freguesia, lamentou a situação com um ar transtornado, mas evitou comentários que pudessem reabrir a discussão. Dias de Almeida (PS) referiu apenas que o papel da oposição é mais fácil que o de quem governa.No público dois munícipes comentavam a situação entre os dentes. ?Isto foi a maior vergonha a que já assisti. Esta gente não se sabe respeitar?, disse um munícipe já com cabelos brancos. Nelson Silva Lopes