Novos e velhos unidos na cara do touro
Aniversários dos Forcados Amadores e da Praça da Chamusca ficaram bem assinalados
Os trinta anos dos Forcados Amadores da Chamusca foram celebrados sábado numa corrida de touros que reuniu na arena da vila novos e antigos elementos do grupo.
Cerca de meia centena de forcados, alguns deles há 30 anos a pegar touros pelo Grupo de Forcados Amadores da Chamusca, entraram emocionados na velha arena da Praça de Touros da Chamusca para mostrarem aos aficcionados que o grupo está hoje tão forte e unido como estava no dia da estreia, há três décadas.No sábado, dia em que se celebraram os 30 anos do grupo, Severiano Mira, João Botas, Armando Mira, Tuta e Fernando Gomes, mais conhecido pelo “Al Capone”, viveram com mal contida emoção a nostalgia dos anos em que eram eles que iam com valentia para a cara dos touros. Mas se estes, neste dia, não foram para a frente dos touros porque as capacidades físicas o não permitem, a geração que veio a seguir não deixou de representar a “velharia” com dignidade.A corrida correspondeu às expectativas, com um cartel muito bem cuidado, composto por João Moura, talvez sem exagero a maior figura mundial do toureio a cavalo, António Telles, um dos cavaleiros mais clássicos da arte marialva, e Brito Paes, o representante da juventude que emerge em Portugal, acompanhados por um curro de touros da ganadaria Santiago que cumpriu e ajudou a dar emoção à corrida.A corrida serviu também para comemorar o 85º aniversário da Praça de Touros da Chamusca. Construída por iniciativa de um grupo de jovens chamusquenses, foi inaugurada em Julho de 1919 e por ali passaram algumas das maiores figuras mundiais do toureio equestre e apeado, de que Mestre João Branco Núncio e Manuel dos Santos foram expoentes máximos em Portugal.Forcados foram os triunfadoresNa corrida propriamente dita, os triunfadores foram os forcados. Novos e velhos fizeram questão de mostrar que não brincam em serviço e desde o primeiro touro, que foi pegado à primeira pelo “velho” ex-cabo do grupo, José Eduardo Neto Ferreira, até ao final deram festival. Apenas um dos touros lhes deu mais “água pela barba” e só foi pegado à terceira tentativa.O segundo touro foi pegado à primeira, pelo actual cabo do Grupo, Nuno Marques, numa pega em que só faltou mais um pouco de luta do touro para ser excelente. No terceiro touro, a fechar a primeira parte da corrida, brilhou a grande altura o “menos jovem” Nuno Frazão. O touro arrancou célere ao primeiro cite, o forcado aguentou firme e com uma reunião fortíssima aguentou os derrotes fortes que sofreu, até que os ajudas o auxiliaram da melhor forma. Foi quanto a nós a melhor pega da noite, pelo menos a mais emocionante.A abrir a segunda parte, no quarto touro da noite, Nuno Marecos frente ao maior touro em praça, arrancou uma excelente pega. No quinto, surgiram as maiores dificuldades. O “velho” Vítor Rosa teve que sofrer para conseguir pegar à terceira tentativa. A fechar com chave de ouro, o jovem Rui Pedro efectuou uma excelente e emotiva pega de caras. Cavaleiros estiveram em excelente nívelOs cavaleiros estiveram em excelente nível. João Moura não sabe tourear mal e retirou dos dois touros que lhe couberam em sorte tudo o que eles podiam dar. Colocou alguns bons ferros e esteve soberbo nos remates. No final confessou-se satisfeito por voltar à Chamusca, onde nunca actuara como profissional. “Recordo vagamente a minha passagem por esta bonita praça, quando ainda era muito jovem, à procura de ser toureiro a cavalo”.António Telles iniciou a sua faina com arreganho e emoção. Recebeu o primeiro touro abertamente, sem que tivesse passado pelos capotes dos membros da sua quadrilha. E quer num quer noutro dos seus dois touros fez vibrar a assistência. Pode mesmo dizer-se que nesta parte foi o triunfador.Brito Pães esteve esforçado, mostrou a irreverência da sua juventude. Alternou o bom com o menos bom. Cravou dois ou três bons ferros e não deixou mal a nova vaga de cavaleiros que vai aparecendo no panorama da arte de marialva em Portugal.
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