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A terra das amendoeiras em flor

A terra das amendoeiras em flor

Assentiz a freguesia com maior número de aldeias no concelho de Torres Novas

Foi a terra das amendoeiras mas o tempo da agricultura de subsistência já lá vai. Assentiz, freguesia do concelho de Torres Novas, tem empresas de alguma dimensão, alimenta o sonho de criar uma zona industrial e, segundo o presidente da junta, ali só não tem emprego quem não quer ou não pode trabalhar. A aldeia tem uma equipa de futebol na II divisão distrital e um campo relvado. O principal problema são as sucatas.

Quando se pergunta ao presidente da junta de freguesia três ou quatro boas razões para visitar Assentiz, José Cavaleiro Conde não hesita: “Boa gente, bom clima, boa harmonia e já agora boa comida”. A estes atractivos junta-se a proximidade da serra, a fórnia de Fungalvaz, a Azulada de Beselga, os cruzeiros e nichos e os moinhos da Pena.No norte do concelho de Torres Novas, Assentiz com mais um vintena de lugares e aldeias, foi conhecida pela terra das amendoeiras. Os campos acidentados pouco davam para cultivar primores. Faziam-se cereais de sequeiro, aproveitavam-se os baixios para as hortas, os milhos contornavam os canteiros, apascentava-se o gado e esperava-se pelas colheitas de verão e as safras da azeitona. E, no início da Primavera as amendoeiras vestiam os campos de branco.Um cenário de agricultura de subsistência que alimentava as famílias, hoje muitos dos campos estão abandonados por falta de rentabilidade. Mas em Assentiz não há desemprego a não ser para os “que não querem trabalhar”, salvo raras excepções, segundo o presidente da junta.Empresas com alguma dimensão, criadas por gente da terra instalaram-se nas várias aldeias da freguesia e há anos que se alimenta a intenção de criar uma zona industrial no norte do concelho. Foi criada uma comissão instaladora, mas há dois anos que o projecto está em águas mornas. Pensou-se em diversas localizações e, recentemente, voltou a apostar-se num terreno perto da Charruada. Além das empresas de materiais de construção civil, carpintarias e oficinas, Assentiz tem por resolver o grave problemas das sucatas que transformaram, principalmente, as povoações de Outeiro Grande e Outeiro Pequeno num mar de latas velhas. A legislação sobre este tipo de actividade não teve aplicação prática e se chegava-se a entrar em vigor iria destruir toda a economia destes povoados.A desertificação é outro dos males das freguesias rurais. Na fronteira com o concelho de Tomar, Assentiz viu muitas das suas aldeias perderem habitantes. Algumas escolas já fecharam e a outras poderá acontecer o mesmo, dado o reduzido, por vezes reduzidíssimo, número de alunos. Duas ou três crianças por estabelecimento de ensino e houve um ano em que apenas uma frequentava um dos jardins de infância da freguesia.O centro escolar projectado para o Outeiro Grande que irá servir as crianças das freguesias do Paço e da Chancelaria será a solução para o problema. No entanto, o edifício ainda não passou do papel e até lá o presidente da junta nem quer ouvir dizer que mais escolas vão fechar na sua autarquia. Segundo Cavaleiro Conde, a junta dá todo o apoio possível às escolas – no total cinco escolas do primeiro ciclo e cinco jardins de infância – situadas em Assentiz, Beselga de Cima, Casais da Igreja, Carvalhal do Pombo, Fungalvaz e Moreiras Grandes.“Fazemos a manutenção, fornecemos os produtos de limpeza e tiramos, gratuitamente todas as fotocópias necessárias às escolas”, esclarece o presidente da junta adiantando que o transporte das crianças dos jardins de infância é integralmente suportado pela junta que possui carrinha própria para o efeito.Associações culturais, recreativas e desportivas existem em quase todas as aldeias desta freguesia, das poucas que tem um campo relvado para a prática de futebol e uma equipa a disputar, este ano a II divisão do campeonato distrital, porque desceu. Mas não é vulgar a equipa de uma aldeia, no caso do Centro Recreativo e Cultural Santo António de Assentiz, jogar lado a lado com equipas das cidades do distrito como o União de Tomar ou o União de Santarém.A junta de freguesia retira algumas verbas do seu orçamento anual de 167 mil euros para subsidiar o Centro Recreativo de Santo António bem como o Centro Recreativo e Musical do Outeiro Pequeno que tem em actividade uma banda filarmónica centenária, foi fundada em 1864, com escola de música. De referir ainda no campo associativo, o empenho do Centro Recreativo e Cultural de Moreiras Grandes que impulsionou e custeou em parte a construção do pavilhão junto à igreja. O equipamento com o qual foi estabelecido um protocolo com a Câmara Municipal de Torres Novas é utilizado pelos alunos e associações da freguesia e também por outras colectividades torrejanas.Sendo uma autarquia envelhecida Assentiz dispõe de um centro de dia na sede da freguesia, com outra extensão em Fungalvaz, ambas pertença da Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas. Estas duas estruturas são frequentadas por cerca de 50 idosos e dão apoio domiciliário a mais de 70 idosos.No entanto, os centros são insuficientes para as necessidades da população e está em curso um projecto, também da Santa Casa para a construção de lar com 30 camas. A nível de saúde, dada a dispersão dos povoados existe postos médicos em Assentiz, Casais da Igreja e Fungalvaz, a aldeia mais distante da sede do concelho no município torrejano: 22 quilómetros.Nesta freguesia com cerca de 36 quilómetros incluem-se Alvorão, um dos povoados mais antigos do concelho, Assentiz, Beselga de Cima, Beselga de Baixo, Carvalhal do Pombo, Casais da Igreja, Casal da Estrada, Casal das Pimenteiras, Charruada, Fungalvaz, Moreiras Grandes, Moreiras Pequenas, Outeiro Grande, Outeiro Pequeno, Vales de Cima e Vales de Baixo.Em todas elas e para dar razão ao presidente da junta se podem provar as migas, os esparregados, muitos deles feitos com plantas do campo, os bolos de cabeça e de amêndoa e o bucho recheado. Turisticamente, as belezas naturais, como a fórnia de Fungalvaz ou a Azulada em Beselga que o presidente da junta quer embelezar continuam por explorar. Tal como os moinhos da Pena que depois de recuperados com dinheiros comunitários correm o risco de voltar a degradar-se.Margarida Trincão
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