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A “Tia Anita” das canções

A “Tia Anita” das canções

Ana Rosa Sousa, poetisa e encenadora popular
Em Assentiz toda a gente a conhece por Tia Anita Rosa e é uma pessoa grata da população. Ensaiou folclore sem nunca ter dançado em público porque os pais não deixavam, escreveu marchas e canções adaptando as letras sobre a sua terra a músicas bem conhecidas, foi autora e encenadora de várias peças de teatro e às vezes num instante fazia três ou quatro quadras adaptadas a uma qualquer situação.Também gostava de contar anedotas, “com ou sem pimenta”: “Não as espevitava muito, mas se levasse o dedo à boca queimava”, graceja para acrescentar que sempre gostou de brincar, com muito respeito.Mulher de genica que ficou sozinha com cinco filhos pequenos, o mais novo ainda não tinha dois meses quando o pai decidiu ir para Angola e por lá ficou: “Há uns anos disseram-me aqui na junta que tinha morrido, não sei mais nada ele tinha mais 8 anos do que eu. No início ainda me escrevia depois as cartas foram sendo cada vez mais espaçadas e nunca mais soube nada dele”, conta.Vestida de negro a Tia Anita Rosa vai desfiando a sua história e de vez em quando recita sem esforço um poema que fez para Assentiz: “Um campo de amor, um povo honrado, alegre e trabalhador”.“Os meus pais ensinaram-nos a gostar do trabalho desde muito pequenos. Éramos oito filhos e à medida que podíamos começávamos a trabalhar. O meu pai tinha terras e os campos tinham outra luz. Eu limpava um árvore e deixava mais bonita de que alguns homens”, recorda com a força que sempre a impeliu.Do pai herdou também o jeito para as quadras soltas. “Chamava-se Manuel Lopes Conde e Sousa, fazia versos num instante. Ele era pedreiro fazia plantas paras as casas e foi ele que assentou a primeira pedra da basílica de Fátima”, diz com orgulho.Não foi fácil criar cinco filhos trabalhando no campo e em casa de algumas senhoras: “Os meus nervos tanto me levam a baixo, como me trazem em cima, agora já pouco posso”.Vive com um dos filhos, solteiro e o recebe o apoio domiciliário do centro de dia: “Às vezes ainda faço a comida, mas tenho muitas artroses. Deixei de coser à máquina porque não posso puxar as costuras”. Religiosa “graças a Deus” sem andar sempre na igreja, gosta de ajudar os outros e, mesmo os que estão longe, ligam-lhe de vez em quando para rezar o “responso a Santo António” quando perdem algum objecto. “Tenho muita fé com Santo António ele ajudou-me muito. Nem sei como conseguia fazer tanta coisa para criar os filhos sozinha”, conclui.
A “Tia Anita” das canções

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