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Morte na estrada

Espero que estas palavras não choquem os Cidadãos Auto Mobilizados. Ficaria triste se tal sucedesse. As suas iniciativas têm contribuído para salvar vidas e evitar acidentes.Todavia, uma realidade tem de se admitir. Estamos hoje muito melhor do que há uns tempos atrás.É verdade que, como O MIRANTE noticiou, há coisa de dois meses atrás, ocorreu um aparatoso acidente em Benavente. Quatro pessoas ficaram feridas.No entanto, tem-se evoluído muito.Ainda me lembro do Opel Rekord 1700, do ano de 1968, pertencente a meu pai. Dispunha de seis lugares: três atrás e igual número no banco dianteiro corrido. Nem um único cinto de segurança tinha.Mesmo assim, já oferecia maior segurança em relação a modelos anteriores. Anos antes - não só naquela marca como noutras - era moda o capot apresentar por cima da grelha, mesmo no centro, uma estatueta: um avião, uma personagem correndo ou uma seta. Quase sempre algo de pontiagudo, para dar uma imagem de rapidez. Agora imagine-se o que sucedia a um peão colhido pela parte frontal do automóvel. Ficava rasgado. Esses símbolos foram sendo abandonados.Os Mercedes Benz que ainda ostentam a estrela no topo do capot têm uma particularidade. O dispositivo baixa em caso de embate.Há dias em conversa com um médico verifiquei que tínhamos opiniões similares.O meu amigo, no hospital, e eu, no tribunal, chegámos a idêntica impressão.Em matéria de acidentes rodoviários, o número de mortos e feridos graves é relativamente reduzido. Quase sempre são peões, motociclistas ou pessoas que se fazem transportar em viaturas antigas desprovidas de dois meios essenciais: airbag e ABS.Estamos longe da época em que a segurança rodoviária era, de certo modo, assunto tabu para a indústria automóvel. O airbag foi inventado nos anos 70. Mas não despertou grande interesse. Só foi introduzido em 1985.Anteriormente, havia algum receio de que chamar a atenção para estes aspectos poderia afugentar os interessados. Podiam ter medo dos automóveis e considerá-los perigosos. Actualmente, os veículos são imprescindíveis e há imensa divulgação sobre os riscos na estrada. Os condutores querem viaturas que ofereçam segurança.Por outro lado, as estradas são cada vez mais fiáveis. Sobre a matéria, a Engenheira Margarida Cordeiro, da Brisa, proferiu uma interessantíssima palestra em Santarém. O evento foi organizado em 2003, pelo Rotary Club local. Os participantes ficaram a saber tudo o que é realizado para reduzir o número de sinistros e o seu impacto.Por tudo isto, entendo que a punição de quem mata alguém na estrada deve ser actualmente mais severa e exemplar. As desculpas são cada vez menos plausíveis.Certa vez, um indivíduo conduzia um todo o terreno. Perdeu o controlo da viatura e foi embater contra um pequeno utilitário. Três pessoas faleceram.A defesa dele baseou-se nas circunstâncias adversas que eram alheias a ele. No momento do acidente, chovia. O estado da via era muito mau. Há cerca de vinte anos que a estrada não era reparada. O seu veículo era alto e facilmente se perdia o respectivo domínio. Os pneus eram do tipo misto, não indicados especificamente para pisos em mau estado. A viatura não dispunha de controlo de tracção nem de ABS.Mil e um motivos que ele devia pensar comoverem-me.Fui particularmente implacável. Disse-lhe que todas aquelas razões apenas permitiriam concluir uma coisa. Impunha-se que ele conduzisse com a maior das cautelas. Se o grau de segurança era reduzido, exigia-se um cuidado superior.* Juiz(hjfraguas@hotmail.com)

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