Um homem de convicções
Francisco Morgado é presidente da Junta de Alcoentre e trabalha no estabelecimento prisional da terra
Radicou-se em Alcoentre em 1977. Nasceu em Moçambique há 50 anos e casou com uma angolana. Francisco Morgado, conhecido por todos como “Toni”, segue no terceiro mandato como presidente da Junta de Freguesia de Alcoentre. Actividade política que conjuga com a de encarregado geral do sistema eléctrico do Estabelecimento Prisional de Alcoentre.
Tem formação como montador-electricista desde 1972. O seu dia-a-dia é um risco constante. Seja por lidar com a energia eléctrica, mas também porque trabalha com reclusos.Trabalhar num estabelecimento prisional é igual, a diferença está em lidar com pessoas que estão privadas de alguns dos seus direitos. Mas tenta relacionar-se com todos e desdramatiza o trabalho numa prisão. “Lá dentro, como cá fora, há os bons e os maus”.Entra todos os dias às 08h30 e sai às 17h30. A partir dali vive intensamente os problemas da freguesia. Tanto que a esposa já lhe disse que só faltava levar a cama para a sede da junta. Por isso, reconhece que a família sai prejudicada. Tem dois filhos, de 24 e sete anos, e mora numa casa de função pertencente ao estabelecimento prisional.Francisco Morgado está no terceiro mandato como presidente da Junta de Alcoentre. Contingências da política levaram-no a assumir uma candidatura à junta. Problemas que não quer esmiuçar e a pressão da comissão política concelhia do PS foram o motivo. Antes só tinha pertencido à assembleia de freguesia. Sempre eleito pelo PS, confessa-se militante de causas na verdadeira acepção da palavra. É o militante número 27.674 do Partido Socialista desde 1993 e sócio do Sporting. “Uma doença que já foi pior”, confessa. Os tempos livres praticamente não existem. “Já não vou ver um jogo de futebol há cinco anos e nem conheço o novo estádio. Fiz muitas voltas a Portugal à conta do Sporting com um grupinho da terra”, recorda. Outro vício é o tabaco. Os cigarros são puxados com frequência, especialmente em reuniões de trabalho. Chega quase aos dois maços por dia. Todas as sextas-feiras não dispensa o convívio com um grupo de amigos reunidos à volta da mesa num restaurante da freguesia. É a altura para esquecer os aborrecimentos e pôr à frente a diversão. “Fico é danado quando há assembleias municipais marcadas para a mesma hora”, acrescenta. Quase todos o tratam por tu. Francisco Morgado é de trato fácil e bem disposto. Ser presidente de junta tem sido uma experiência agradável, “especialmente a tentar ajudar as pessoas e resolver os seus problemas”. Agora pensa sobretudo em reformar-se. Já completou o tempo de serviço mas, para sair, há condições a cumprir. “Os funcionários dos estabelecimentos prisionais têm um acréscimo do tempo de serviço em 20 por cento. Percentagem que é paga por quem quiser sair. Esteve quase para ser mas pediram-me muito para ficar”, recorda. E assim continua.
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